domingo, 28 de agosto de 2011

Oposição sem saída

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos


Tem hora que a oposição parece mesmo num beco sem saída, embora isso seja próprio das toupeiras, "o mais estúpido dos animais", como diria o falecido João Saldanha. Qual é o dilema da oposição? A falta de uma agenda nova para o país.

Mais social-liberal do que desenvolvimentista, a agenda da coalizão PSDB-DEM-PPS foi abduzida pelo governo Lula com a adoção do "mais do mesmo" (câmbio flutuante, superavit fiscal e meta de inflação) e a "focalização" dos gastos sociais nas camadas mais pobres da população (programas de transferência de renda).

A oposição empunha a bandeira da ética, que galvaniza a classe média. Mas isso não é suficiente para reverter a correlação de forças desfavorável no Congresso, nem desfazer o sentimento do povão de que a vida melhorou. Além disso, o chamado "ganho demográfico" (aumento da população economicamente ativa em relação às crianças e aos idosos) é uma premissa de que as novas gerações poderão ter mais oportunidades na próximas décadas.


O beco
E onde estaria a saída? O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso reuniu a nata dos economistas tucanos — os mesmos do Plano Real — na quinta-feira para discutir como desatar o nó dos juros altos e, assim, resolver o problema cambial. É a chave do novo ciclo de crescimento sustentável. Em meio a preocupações com a crise mundial e diante das críticas aos gastos do governo, a contribuição mais inovadora foi a do ex-presidente do Banco Central Pérsio Arida (foto). Segundo ele, a causa dos juros altos são a remuneração do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e a existência do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). Para baixar os juros, bastaria o governo deixar cada trabalhador administrar essa grana por conta própria.

Bom senso

FHC não demonstrou entusiasmo pela ideia de Arida. Segundo o ex-presidente da República, as mudanças propostas pelos formuladores do PSDB ainda carecem de viabilidade política, porque o governo está "alinhavado" social e empresarialmente. "Há acertos lícitos (BNDES) e ilícitos (corrupção) no atual arranjo. A economia cresce e há uma base sólida de cumplicidade. A conjuntura não é favorável a mudanças", disse Fernando Henrique. Ainda bem que os ex-governadores de Minas Aécio Neves e de São Paulo José Serra, presidenciáveis tucanos, não estavam na reunião. Só faltava agora terem que desfazer um boato de que os tucanos querem o fim do FGTS.

Correios
O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), não poupa elogios ao relatório do deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP) sobre a medida provisória que deu autonomia aos Correios. Depois de aprovada pela Câmara, a mudança deve ser referendada pelo Senado. Empresa pública, os Correios poderão constituir subsidiárias e ter participação acionária em firmas dentro da atividade da ECT. Também poderá atuar no exterior e nos segmentos de serviços postais eletrônicos, financeiros e de logística integrada.

Alegria
O deputado mineiro Fábio Ramalho (foto) não esconde a satisfação com o namoro do PV e a base aliada. Foi um dos artífices de aproximação da bancada na Câmara com o governo Dilma Rousseff.
"No encontro com a presidente Dilma, nós ficamos de apresentar uma agenda positiva", explica. Entre as reivindicações de Fabinho, estão as verbas para o Metrô de Belo Horizonte e a duplicação da Rodovia da Morte, a BR-381, que liga a capital mineira a Governador Valadares.
 
Cegonha
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, inaugurou ontem o primeiro centro de parto normal da Rede Cegonha em Salvador (BA). Deverá realizar de 120 a 150 partos por mês, quando estiver em plena capacidade. A pasta investiu R$ 1,095 milhão. O custo mensal será de R$ 80 mil

Apoio
Belo Horizonte deve ser a única capital em que PT e PSDB podem caminhar juntos nas eleições municipais do ano que vem. O PSDB mineiro não pretende pressionar o prefeito da capital, Márcio Lacerda (PSB), para escolher se optará por uma aliança com petistas ou tucanos. Os tucanos querem evitar desgaste com o PSB, de olho em 2014.

Cana leve/ Delegados da Polícia Federal têm relatado que passaram a enfrentar dificuldades para fazer pedidos de prisões preventivas desde que o Congresso aprovou mudanças na legislação penal.
As regras, que incluíram novos requisitos para as prisões preventivas, estão valendo desde maio.

Gestão/ Eficiência, sustentabilidade, regulação e competitividade vão pautar o 9º Congresso Internacional Brasil Competitivo, em 30 de agosto, em Brasília, cujo foco será a gestão pública. São estrelas do evento o professor de Comunicação da Universidade de Stanford James S. Fishkin e a diretora de Política de Investimento da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), Delia Rodrigo.

Passaportes// A regularização da emissão de passaportes pela Polícia Federal está prevista para janeiro de 2012. Até lá, os usuários que quiserem viajar para o exterior e não estiverem com o documento de estrangeiro em dia terão que esperar até três meses para conseguir a autorização. A partir de janeiro, o prazo será de até uma semana.

Publicada sábado, 27 de agosto de 2011, no Correio Braziliense

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