quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Faltou combinar

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos

O ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento (PR-AM) reassumiu o mandato de senador disposto a se defender das acusações de irregularidades e jogar a responsabilidade sobre o estouro de R$ 20 bilhões no orçamento da pasta nas costas de seu sucessor. O atual ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, seria o responsável pela elevação do custo das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) de R$ 50 bilhões para R$ 70 bilhões.


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Nascimento demonstrou grande ressentimento em relação à forma como a presidente Dilma Rousseff conduziu a crise, queixou-se de que foi tratado como lixo, assim como o partido que preside, bem como seus sete senadores e 40 deputados. Na defensiva, por causa das denúncias que pesam contra ele e seu filho, o senador do Amazonas pôs gasolina na fogueira do escândalo do Ministério dos Transportes ao insinuar que Passos anabolizou os custos das obras durante a campanha eleitoral.

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Os bastidores da crise relatados por Nascimento ao Senado serviram ainda para consolidar a versão de que o "fogo amigo" que provocou o incêndio partiu do próprio Planalto. E de que o modus operandi da presidente Dilma Rousseff na relação com os aliados foge ao padrão estabelecido durante o governo Lula e na própria campanha eleitoral. O resultado foi o que parecia impossível: a oposição chegou a conseguir as assinaturas para instalar a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Ministério dos Transportes, mas o governo tenta reverter o jogo.

Pede pra sair//

Das 26 assinaturas que subscrevem a CPI dos Transportes, 10 são do PSDB, quatro do DEM, quatro do PMDB, dois do PDT, duas do PSol, duas do PP e uma do PMN, além da senadora Kátia Abreu (sem partido). O governo faz corpo a corpo para evitar novas assinaturas.


Até tu, pai!

O governo colocou em prática uma operação de guerra para remover a assinatura do senador João Durval (foto), do PDT-BA, do requerimento da CPI dos Transportes. A carta na manga foi a interferência do filho, o deputado Sérgio Carneiro (PT-BA), que foi surpreendido pela atitude do pai. O petista é um dos candidatos à vaga do ex-ministro Ubiratan Aguiar no Tribunal de Contas da União (TCU).

Haraquiri

Foi muito forte a pressão de parlamentares do PR para que o ex-ministro dos Transportes e senador Alfredo Nascimento (PR-AM) também assinasse requerimento de instauração de CPI após discurso na tribuna do Senado. A avaliação é que houve uma mobilização bem pequena de senadores governistas no plenário da Casa para evitar ataques da oposição ao ex-ministro. Quando discursava no Senado, Nascimento foi instado a subscrever a CPI pelo líder do PSDB, senador Alvaro Dias (PR).

E agora, Passos?

A Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado, presidida pela senadora tucana Lúcia Vânia, de Goiás, deve aprovar amanhã requerimento apresentado pelo senador e líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), convidando o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, para que explique os indícios de irregularidades envolvendo o período em que ele substituiu o ex-ministro Alfredo Nascimento. A ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, tenta evitar o convite.

Deixa conosco

Ao contrário do Palácio do Planalto, líderes governistas do Senado não veem como o pior dos mundos a instauração de uma CPI para investigar irregularidades cometidas no Ministério dos Transportes. Na avaliação de um deles, a ampla maioria da base deve blindar o governo e impedir que a comissão se transforme em palanque eleitoral. Ao mesmo tempo, isso pode resultar em mais atenção dos ministros aos senadores governistas.

Subsídios

Sinal amarelo entre os empresários que comemoraram ontem o pacote de renúncia fiscal anunciado pelo governo. Há um temor forte de que a concorrência internacional interprete a medida como concessão de subsídios e recorra à Organização Mundial do Comércio (OMC) contra os benefícios. Até 2012, a renúncia fiscal pode chegar a R$ 25 bilhões

Abatido/ O ministro da Defesa, Nelson Jobim, estava no maior baixo-astral ontem durante lançamento do programa Brasil Maior. O ministro falou mais do que devia e agora contabiliza o prejuízo. O petista José Genoíno, seu assessor especial, trabalha para que ele permaneça na pasta. Jobim pode ter um encontro com a presidente Dilma Rousseff ainda hoje.

Segurança/ O Ministério da Justiça criou uma secretaria extraordinária só para cuidar dos grandes eventos internacionais que serão realizados no Brasil, nos próximos anos: a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável (Rio 20); a Copa das Confederações; e a Copa do Mundo de 2014. Terá diretorias de operações, de inteligência, de logística e de projetos especiais.

Patrimônio/ O Ministério Público Federal entrou ontem com uma ação civil pública pedindo a paralisação imediata das obras de reforma da marquise do Maracanã, no Rio de Janeiro. A ação solicita ainda a reconstrução da marquise antiga, que está sendo demolida.

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