quinta-feira, 7 de julho de 2011

No caldeirão

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos


Defenestrado do Ministério dos Transportes mais rápido do que imaginava, o ministro Alfredo Nascimento (PR-AM) pulou da frigideira para cair num caldeirão: a oposição pede a sua cabeça no Senado, onde o caso deve ser examinado pelo Conselho de Ética e Decoro Parlamentar.

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O ministro não resistiu à denúncia de suposto enriquecimento ilícito de seu filho, por meio de contratos com empresas fornecedoras do Ministério dos Transportes. Quando foi ao encontro da presidente Dilma Rousseff ontem, já sabia que era a hora de pegar o boné. Sua saída havia sido comunicada previamente ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), que conversou com Dilma logo após uma solenidade no Palácio do Planalto.

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Embora o governo tenha maioria no Senado, não será fácil para Nascimento evitar o processo de cassação. A representação será apresentada pela oposição, mas o ambiente na Casa é muito volátil. Senadores governistas, como Eduardo Braga (PMDB-AM) e Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), não escondiam a satisfação com a queda de Nascimento em conversas no cafezinho do Senado.

Maldade

O senador João Pedro, do PT-AM, suplente de Alfredo Nascimento, estava sinceramente desolado ontem no plenário da Casa com a notícia de demissão do ministro dos Transportes. Passou ainda mais constrangimento porque senadores da oposição faziam intriga na base, espalhando que o PT apoiaria a cassação do parlamentar em apuros para manter o petista na bancada. Com a volta de Nascimento ao Senado, Pedro deixará de exercer o mandato.

Treino

Pouco antes de ser comunicado de que deixaria o Ministério dos Transportes, Alfredo Nascimento ainda acreditava numa possível reviravolta no caso. Ele chegou a marcar um treino de gerenciamento de crise e relacionamento com a mídia para explicar o inexplicável.

Aliado

Para o presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (foto), de Rondônia, a crise política envolvendo o Ministério dos Transportes está encerrada. Segundo ele, o governo está fora da linha de tiro e Nascimento terá condições de se explicar no Senado.

Muy amigo

O ex-governador do Amazonas Eduardo Braga, do PMDB, adversário político de Alfredo Nascimento, ironizava o comportamento do senador Walter Pinheiro (PT-BA) na tribuna da Casa. "Você começou defendendo o governo e acabou pedindo a cabeça de Nascimento, a ponto de o Demostenes (Torres, do DEM-GO), que começou criticando, ter que defendê-lo."

TV paga//

O governo quer votar antes do recesso o Projeto de Lei da Câmara nº 116, de 2010, que regulamenta e unifica a legislação de televisão por assinatura em todo o país. Tramita em regime de urgência no Senado.

Bastidores

Está praticamente pronto o livro A presidente, do jornalista Ricardo Amaral, com revelações sobre a campanha à Presidência da República de Dilma Rousseff e sua trajetória de vida. Mostra, por exemplo, que a então candidata impediu uma manobra no Paraná para tirar a petista Gleisi Hoffmann da disputa pelo Senado, reservando-lhe a vice de Osmar Dias. Dilma fracassou, porém, ao tentar remover a candidatura de Ângela Amin (PP) para eleger Ideli Salvatti (PT) governadora de Santa Catarina. Hoje, Gleisi e Ideli são ministras poderosas no seu governo.

Lusitana/ O Ministério da Justiça fechou uma parceria com a Universidade de Lisboa para desenvolvimento de pesquisas sobre segurança pública. A monitoração eletrônica como alternativa à prisão é um dos assuntos principais. O tema entrou em pauta com a vigência de novas medidas cautelares. Em alguns casos, os juízes poderão determinar que os condenados sejam monitorados em vez de serem presos.

Segredo/ Presidente das Cortes Gerais da Espanha, o deputado espanhol José Bono Martinez, em encontro com o presidente do Senado, José Sarney, revelou grande interesse na política de alianças do governo Dilma. Para ele, uma coalizão de governo integrada por 17 partidos é fato surpreendente.

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