terça-feira, 7 de junho de 2011

Manter a posição ou recuar em ordem?

Caso queira o governo pôr um ponto final na crise provocada pelo enriquecimento rápido do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, a deixa para isso é a decisão de arquivar o pedido de investigação da oposição tomada pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Funcionaria como uma espécie de cobertura para sua saída do governo, numa operação de retirada em ordem.

Ocorre que essa oportunidade está sendo desprezada por influência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que deseja manter Palocci no cargo. Argumenta que a PGR livrou o ministro das suspeitas de tráfico de influência e de enriquecimento ilícito. Bastaria, portanto, não abaixar a guarda no Congresso e sepultar as tentativas da oposição de convocar Palocci ou mesmo de instalar uma comissão parlamentar de inquérito.

É factível. A oposição está muito enfraquecida. Os veículos de comunicação que investem na apuração do caso têm menos importância. Com a sua reeleição em 2006, o ex-presidente Lula descobriu a “irrelevância da mídia”. Porém, o governo Dilma será melhor com isso? A imagem da presidente da República será a mesma de antes da crise? A decisão de permanecer na Casa Civil encerra a devassa nos negócios de Palocci quando era deputado federal? O tempo dirá.

Mas, por trás do caso Palocci, surge o espectro da volta do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao poder em 2014. O ex-presidente da República se movimenta como quem não quer deixar o primeiro plano da política e deseja voltar ao Palácio do Planalto. Ao mesmo tempo, a presidente Dilma Rousseff demonstra que não pretende abrir mão dos conselhos de Lula. A lealdade também é um traço de seu caráter.

E o PMDB? Seus caciques acompanham o caso com a manha dos profissionais da política. Nos bastidores, se divertem com os humoristas que gozam as agruras da presidente Dilma e seu ministro; nas declarações políticas, defendem a permanência da Palocci, cujo destino hoje está nas mãos dos aliados. O governo é refém do PMDB ao manter Palocci nas sua atual posição. Para domar a crise e garantir a estabilidade do governo, hoje, é melhor assim ;mas ao longo do tempo pode virar uma chantagem sem fim.

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