domingo, 3 de abril de 2011

Uma lição ao mercado

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos

De nada adiantou ao presidente da Vale, Roger Agnelli, o vazamento da informação de que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, havia pedido a sua cabeça ao chefão do grupo Bradesco, Lázaro Brandão, duas semanas atrás. Em 15 dias, seu prestígio foi volatilizado e as ações da empresa despencaram. O forte lobby que desencadeou para manter o cargo virou um case de como não proceder nesses casos.

Também fracassaram as articulações para emplacar o novo presidente da Vale em meio à polêmica entre “estatizantes” e “privatistas”. Mantega teria preferência por Tito Botelho Martins, diretor de Operações de Metais Básicos da empresa. O senador Delcídio do Amaral (PT-MS) chegou a apostar no nome do ex-presidente do Santander Fábio Barbosa. O empresário Jorge Gerdau não escondeu a preferência por Antônio Maciel Neto, presidente da Suzano. O próprio Agnelli teria indicado José Carlos Martins, diretor de Marketing e Vendas da empresa, para o seu lugar.

Até que o Conselho de Administração da Vale agiu como qualquer empresa de seu porte. Comunicou à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) que a escolha do sucessor de Roger Agnelli será feita a partir de uma lista tríplice elaborada por um head hunter, consultor especializado em seleção de executivos. O processo de escolha será conduzido por Ricardo Flores, presidente da Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil (os principais acionistas), de comum acordo com Bradespar, Mtsui, BNDESpar e Opportunity. Ele é o presidente do conselho.

Taxação

O governo está mesmo disposto a aumentar a taxa do minério de ferro, apesar do desmentido do Ministério da Fazenda de sexta-feira. Mas não será agora. Dependerá da aprovação do novo marco regulatório dos minérios, em elaboração no Ministério de Minas e Energia. A ideia é aumentar as alícotas dos royalties para a exportação de minério bruto e reduzir, de acordo com o valor agregado, as do produto industrializado. A desoneração do aço é outra história. O Brasil importa trilhos de trem e chapas de aço para navios porque, durante muito tempo, não construiu ferrovias nem navios. Sucateou a siderurgia nacional nessas áreas.

Exportação

Em março, o minério de ferro foi o principal item da balança comercial do Brasil. Dos US$ 19,2 bilhões exportados no mês passado, respondeu por US$ 2,9 bilhões

Liderança

Principal aliada do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) nas articulações para aprovação do Código Florestal, a senadora Kátia Abreu (foto), DEM-TO, presidente da Confederação Brasileira da Agricultura e da Pecuária, está mobilizando em todo o país 20 mil produtores rurais para uma manifestação em Brasília. Será terça-feira, na Esplanada dos Ministérios. Eles defenderão a votação, no Congresso, da proposta que atualiza o Código Florestal brasileiro.

É a crise

Yoshiaki Nakano, guru dos tucanos paulistas em matéria de economia — é diretor da Fundação Getulio Vargas e foi secretário de Fazenda do governo Mário Covas —, está defendendo uma mudança no sistema de metas de inflação, tendo em vista o ambiente internacional inflacionário causado pela evolução dos preços das commodities. Hoje, o Brasil é um dos países que menos se afastou do centro de meta, em 4,5%, ao contrário da Inglaterra, por exemplo.

Hermanos

O governo quer aprovar a qualquer custo o projeto que prevê o aumento do repasse de dinheiro para o governo do Paraguai por conta do consumo da energia excedente da usina de Itaipu, pertencente aos dois países. Além dos 50% da energia a que o Brasil tem direito, o governo brasileiro compra por R$ 120 milhões cerca dos 45% produzidos pela parte paraguaia da hidrelétrica. O projeto prevê o aumento do repasse para R$ 360 milhões. O Paraguai deve ser o próximo destino da presidente Dilma Rousseff na América do Sul e ela não quer se encontrar com o presidente Fernando Lugo com as mãos abanando.

Voto secreto/O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Ricardo Lewandowski, vai a Maceió, na próxima sexta-feira, para acompanhar o início do recadastramento dos eleitores de Alagoas. As próximas eleições no estado serão feitas por meio das urnas biométricas.

Convergência/O único tema de consenso entre governo e oposição na Câmara é a alteração do texto que aumenta de três para cinco e de cinco para oito o número de více-líderes da minoria e do governo, respectivamente, na Casa. PSDB e DEM, que se revezavam nas indicações dos postos da minoria, não conseguem se acertar para decidir a qual partido caberá definir as indicações.

Sangue novo/Dos 15 integrantes do Conselho Nacional de Justiça, 12 terminarão o mandato a partir de julho. Apesar de existir a possibilidade de renovação do mandato, a maioria não será reconduzida. Dois representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), porém, poderão permanecer: Jefferson Kravchychyn e Jorge Hélio.



Sem saída// O ex-governador José Serra está sendo empurrado para a disputa da Prefeitura de São Paulo por gregos e baianos. Continua batendo o pé e dizendo que não aceita, mas a pressão só aumenta. Do governador tucano Geraldo Alckmin ao presidente da Câmara Municipal, José Police Neto (PSDB). Eis a chamada pressão irresistível.

 

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