Bancada da bala

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos

O país está perplexo com a trágica chacina de crianças numa escola de Realengo, no Rio de Janeiro, assassinadas por um atirador suicida. Um ato de violência à americana, que ainda não tem explicação precisa, exceto a de que não foi obra de um xiita muçulmano. Aluna da escola, a menina Jade Ramos descreveu em detalhes a forma como o atirador executou 11 crianças.


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A presidente Dilma Rousseff, emocionada, registrou o ineditismo do crime no Brasil e estudava comparecer ao velório das vítimas. O governador Sérgio Cabral (PMDB) e o prefeito carioca Eduardo Paes (PMDB) compareceram ao local tão logo o fato ocorreu e trabalham para esclarecer o episódio. E o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, anunciou a retomada da campanha do desarmamento.

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A bancada da bala, porém, mergulhou. Liderada pelo ex-deputado Alberto Fraga (DEM-DF), venceu o plebiscito do desarmamento por 59.109.265 votos (63%) contra 33.333.045 a favor da proibição total (36,06%). É duvidoso afirmar que, se o resultado fosse outro, o jovem enlouquecido não teria cometido o crime. Certamente, porém, não teria a mesma facilidade para dispor dos dois revólveres e da farta munição que utilizou para cometê-lo. É fato que a falta de controle sobre o porte de armas responde em grande parte pelos elevados índices de homicídios do país.

Não funciona

Segundo o ex-deputado Raul Jungman (foto), do PPS-PE, que coordenou a campanha do desarmamento, há 15 milhões de armas em poder de particulares sem o devido registro. Apenas 2 milhões de armas de pequeno porte estão nas mãos de agentes públicos. “O Sistema Nacional de Controle de Armas (Sinarm), sob responsabilidade da Polícia Federal, não funciona a contento. E não há ninguém preso por porte ilegal de arma no país”, afirma.

Referendo

O ex-governador de Minas Aécio Neves (PSDB) defendeu ontem a realização de um referendo para aprovar uma eventual reforma do sistema eleitoral, com fim do voto proporcional e a adoção do voto em lista fechada. A mudança foi aprovada na Comissão da Reforma Política do Senado. “Houve uma maioria muito consistente na comissão compreendendo que, se nós formos alterar o sistema eleitoral do voto proporcional para eleição para a Câmara em lista fechada, portanto listas construídas pelos partidos, seria necessário que a população desse seu veredicto”, argumenta.

Hipertensão

O Ministério da Saúde e a indústria de alimentos fecharam acordo para reduzir o teor de sódio em 16 categorias de alimentos processados, como massas instantâneas, pães e bisnagas. A ideia é estimular o brasileiro a ingerir menos sal. O consumo excessivo eleva a incidência de hipertensão e problemas cardíacos. O brasileiro consome, em média, 9,6 gramas de sal por dia, quase duas vezes mais que o recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Terror

O senador Demostenes Torres pediu à Abin e à Polícia Federal um estudo detalhado sobre a legislação brasileira e o terrorismo. Na avaliação do senador, o Brasil corre o risco de comprometer a segurança de delegações estrangeiras caso não haja mudanças na lei para agilizar o combate a práticas terroristas. Ele deve apresentar em no máximo dois meses uma proposta de lei específica.

Caiu / Perdeu o cargo o diretor geral do Departamento Nacional de Pesquisa Mineral, Miguel Nery (PT). Ele saiu derrotado da queda de braço com o PMDB, que indicou para seu lugar o superintendente do órgão em Minas, Sérgio Dámaso.

Fantasmas/ A diretoria de pessoal do Senado publicou uma lista convocando seis servidores da Casa que estão sumidos ou em lugares não sabidos para efetuarem recadastramento. Caso não compareçam até amanhã, terão os salários e benefícios cortados Shirlei Faria Pinto,Vando Pereira de Santana, Humberto Ferreira de Oliveira, Jacy Ribeiro de Carvalho, Mihael Rosa Ferreira e Odair Cordeiro Pimenta Carvalho.

Juridiquês/ O Conselho Nacional de Justiça criou um curso específico para ajudar jornalistas que cobrem o Judiciário a compreenderem melhor a linguagem dos tribunais. Inicialmente, há 40 vagas, mas o CNJ teve que dobrar o número de cadeiras e já conta com uma lista de espera de 90 interessados.

Repouso//


Presidente do PT, José Eduardo Dutra (SE) prorrogou sua licença para tratamento de saúde até 25 de abril. Segundo o secretário-geral do partido, Eloi Pietá, Dutra quer se poupar para a reunião do Diretório Nacional, marcada para os dias 29 e 30 deste mês. Coordenador da campanha da presidente Dilma Rousseff, ele caiu em depressão após a formação do ministério.