quarta-feira, 2 de março de 2011

O vácuo paulistano

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos

A morte do ex-governador Orestes Quércia, que comandava com mão de ferro o PMDB paulista, gerou um vácuo de liderança na legenda, que está em busca de um novo líder. O vice-presidente Michel Temer; o ministro da Agricultura, Wagner Rossi; e o prefeito de Araraquara, Marcelo Barbieri, não têm pegada eleitoral para estancar o esvaziamento da sigla. O maior problema do PMDB é a caveira de burro enterrada na capital paulista, onde o partido não tem um candidato competitivo para a sucessão do prefeito Gilberto Kassab (DEM), no ano que vem.


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Vem daí a ideia de atrair o prefeito para o PMDB, na perspectiva de uma aliança com o PT. Kassab apoiaria um candidato petista para sua sucessão e, em troca, poderia encabeçar a disputa pelo governo de São Paulo em 2014 como candidato do PMDB. O balão foi inflado por Michel Temer, mas acabou esvaziado pela senadora Marta Suplicy (PT-SP), que fez uma advertência ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), cacique governista: “Kassab não faz nada sem combinar com José Serra”. Seria uma espécie de cavalo de Troia tucano.

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Temer recuou do propósito de entregar o controle regional do PMDB a Kassab. Por essa razão, o prefeito de São Paulo foi para os braços do PSB, cujo projeto nacional é capitaneado pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos, presidente da sigla. O vácuo deixado por Qúercia, porém, continua. O PMDB tem muito tempo de televisão e não definiu candidato à Prefeitura de São Paulo. Isso é bom para o PT.

Candidatos

Ao contrário do que acontece com o PMDB, o que não falta ao PT é “candidato a candidato” à Prefeitura de São Paulo. O ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, é um concorrente natural, mas não unifica o partido por enquanto. Recém-eleita senadora, Marta Suplicy prefere não entrar na briga pelo cargo. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva patrocinou a permanência do titular da Educação, Fernando Haddad, com a expectativa de que o ministro se viabilize na disputa. Porém, quem corre por fora com chances de ser ungido candidato a prefeito pelo PT é o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.

Sem conversa

A ex-prefeita de São Paulo Luiza Erundina e o deputado Gabriel Chalita, que ameaçam deixar o PSB se for confirmado o ingresso na legenda de Gilberto Kassab, até hoje não pediram uma conversa sobre o assunto com o governador de Pernambuco e presidente da sigla, Eduardo Campos, que patrocina a baldeação. Na cúpula do PSB, o entendimento é de que o partido não pode encarar a filiação de Kassab com preconceito.

Pós-Lula

A visita da presidente Dilma Rousseff ao programa de Ana Maria Braga, na TV Globo, que foi ao ar ontem, foi muito mais do que a largada das comemorações do Dia da Mulher, em 8 de março. Representou um reposicionamento do governo em relação aos grandes meios de comunicação.

Termômetro

O relator do projeto de reforma política na Câmara, deputado Henrique Fontana (PT-RS), passará as próximas semanas atuando como uma espécie de ouvidor dos colegas. Antes de apresentar prováveis linhas da reforma, Fontana pretende ouvir o máximo de sugestões dos parlamentares para identificar os temas de consenso na Casa. Ele quer evitar que rachas internos impeçam o funcionamento da comissão que examina a proposta.

Dengue

O Ministério da Saúde liberou R$ 4,5 milhões para o tratamento de vítimas da dengue no Amazonas. Desse total, Manaus receberá R$ 1,7 milhão. De janeiro a 25 de fevereiro, a Secretaria de Saúde do estado registrou 13.092 notificações (casos suspeitos e confirmados). A capital responde por 8.812

Cambalacho

Um dispositivo que prevê a possibilidade de se prorrogar os contratos de concessão das empresas comerciais e de serviços que funcionam nos aeroportos até o fim dos Jogos Paraolímpicos de 2016 foi incluído de última hora na MP que cria a Autoridade Pública Olímpica (APO), aprovada ontem pelo Senado. O artigo corre o risco de ser vetado pela presidente Dilma Rousseff, que hoje bate o martelo sobre a nomeação do ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles (foto) para a chefia da APO.

Bronca

O senador governista Walter Pinheiro (PT-BA) se queixou ontem da forma como os projetos chegam ao Senado em regime de urgência. No debate que antecedeu a aprovação da medida provisória que autorizou a Embrapa a abrir escritórios no exterior, Pinheiro questionou a falta de tempo para discutir e até sugerir melhorias nas matérias em pauta. Sarney endossou: “Esse sistema tem tornado o Senado apenas homologador de medida provisórias”.

Direito/O senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) protocolou uma proposta de emenda à Constituição (PEC) para garantir o acesso à internet como um direito social. A Carta considera os seguintes direitos sociais: educação, saúde, alimentação, trabalho, moradia, lazer, segurança, previdência social, proteção à maternidade e à infância e assistência aos desamparados.

Paisana/Após a OAB do Rio de Janeiro, por ato do presidente Wadih Damous, abolir o uso de terno para os advogados durante as atividades profissionais em órgãos da Justiça, agora foi a vez de a OAB de Pernambuco desobrigar os bacharéis do estado a trajarem paletó e gravata durante o trabalho. Cabe aos conselhos seccionais da OAB estabelecer os critérios para a indumentária dos advogados no exercício profissional.

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