Cada macaco no seu galho

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos

A trombada entre o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, tem um candidato a marisco: o secretário executivo Nelson Barbosa, braço direito de Mantega, que andou cotado para ocupar o posto do chefe na transição de governo.

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Essa disputa só não virou uma crise federal porque a presidente Dilma Rousseff, escolada pela experiência com a luta interna na gestão Lula, afastou Palocci de todas as reuniões com a equipe econômica. E ligou o sinal de alerta em relação ao conflito, prestigiando Mantega. O ministro da Fazenda anda muito sensível e desconfiado até da sombra, que dirá de Barbosa.

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Nos bastidores do PT, é voz corrente que Palocci trabalha para que Nelson Barbosa assuma o comando do Ministério da Fazenda. Acossado, o atual chefe da pasta decidiu reforçar os contatos com petistas da Câmara e do Senado. O secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, trabalha para apaziguar o ambiente. Quer evitar o mesmo desfecho da disputa entre Palocci, então ministro da Fazenda, e o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu no governo Lula. Ambos foram defenestrados.

Com folga//

 Relator do novo Código Florestal, o deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) anda rindo à toa pelos corredores da Câmara. Dá como certa a aprovação de seu substitutivo, por ampla maioria. O projeto é bombardeado pelos ambientalistas, porque reduz as áreas de proteção e anistia os crimes ambientais.

Reeleição

Na Comissão de Reforma Política da Câmara, o deputado José Antônio Reguffe, do PDT-DF, resolveu marcar posição a favor da renovação. Além de sugerir o fim da reeleição para cargos no Executivo, Reguffe pretende limitar a prática no Legislativo, restringindo a reeleição a apenas um mandato. Segundo o deputado, a medida facilitaria o acesso da população à vida política.

Lucro

Quem pensa que o governador da Bahia, o petista Jaques Wagner, saiu no prejuízo com a nomeação do ex-deputado Geddel Vieira Lima (PMDB) para uma diretoria da Caixa Econômica Federal está enganado. O novo presidente da CEF, Jorge Hereda, é baiano, petista e amicíssimo do governador.

Autocrítica

Circula entre militares um informe dando conta de que os comandantes do Exército no Sudeste e no Nordeste se manifestarão publicamente em defesa do golpe de 31 de março 1964. Aproveitarão também para criticar a Comissão da Verdade. Não se conformam com a exclusão da data do calendário oficial das Forças Armadas, nem com a instalação da comissão. O problema é que ninguém faz autocrítica: nem comandantes militares que apoiaram a tortura e a eliminação física como método de repressão, nem os integrantes do governo que cometeram o equívoco político de partir para a luta armada contra o regime ditatorial.

Luta de classe

Dos 21 projetos em tramitação no Congresso listados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) na chamada Pauta Mínima — tidos pela entidade como de alta prioridade, pelo grande impacto no ambiente de negócios, positivo ou negativo —, 16 têm a aprovação da entidade. É o caso, por exemplo, da proposta que reformula a atuação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Dos cinco que não agradam, um é prioridade máxima: a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que reduz a jornada de trabalho. A agenda será lançada na terça-feira.

Campanha

Petistas da Câmara não desistiram de defender em público a candidatura do ex-deputado José Genoino para ministro do Tribunal de Contas da União (TCU). Nem que seja só pró-forma, consideram que tal deferência pode ajudar a lustrar a imagem do companheiro, que é réu no processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF). Benquisto entre os comandantes militares, apesar de ser um ex-guerrilheiro do Araguaia, Genoino é assessor especial do ministro da Defesa, Nelson Jobim.

Violência

De acordo com o censo da Secretaria de Direitos Humanos (SDH), cerca de 70% das crianças e adolescentes que dormem na rua sofrem violências dentro de casa. Além disso, 30,4% usam drogas ou álcool

Pedintes/ De tanto ser abordado nos corredores do Congresso por pedintes, o senador Itamar Franco (PPS-MG) resolveu propor a criação de um serviço de assistência social na Casa voltado para o atendimento de “pessoas humildes solicitando recursos” e seu encaminhamento aos órgãos de assistência do governo federal, de estados e municípios. Hoje, esse serviço está voltado exclusivamente para os funcionários do Congresso.

Menores/ O promotor de Justiça da Infância e Juventude do Piauí, Ruszel Lima Verde Cavalcante, pediu ao Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (Unodc) no Brasil uma investigação a respeito da denúncia de maus-tratos contra os 60 adolescentes do Centro Educacional Masculino (CEM) de Teresina, que teriam sofrido “torturas, castigo e prisões em solitárias” nas dependências da instituição.