quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Tudo dominado

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos

O governo contabiliza 54 dos 81 votos no Senado a favor da proposta de salário mínimo de R$ 545, entre os quais os dos senadores Paulo Paim (PT-RS) e Pedro Simon (PMDB-RS), o que sepulta as esperanças da oposição de uma divisão na base governista. Até o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), jogou a toalha depois de um encontro com o senador petista. ´Não vamos estressar nossas relações com os senadores`, justificou o desolado líder sindical.

Principais partidos de oposição, o PSDB e o DEM perderam a perspectiva de articulação política contra o governo na Casa, a ponto de cada um defender a sua própria proposta de salário mínimo. Os tucanos não abrem mão dos R$ 600 e os demistas insistem nos R$ 560 que eram defendidos pelas centrais sindicais. O ex-presidente Itamar Franco (PPS-MG) vai lutar contra o dispositivo do projeto de lei que permite ao governo atualizar os valores do piso por decreto, seguindo proposta do presidente do seu partido, deputado Roberto Freire (PPS-SP).

Porém, o fato novo não é a vitória anunciada do governo, mas a inédita facilidade com que formou uma maioria de dois terços no Senado. A Casa era um bastião da oposição pelo poder de embargo que tinha em relação aos projetos estratégicos do Planalto. Foi no Senado, por exemplo, que a recriação da CPMF, o imposto do cheque, caiu por terra. Não por acaso, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se empenhou tanto na eleição de aliados. Conseguiu impedir a reeleição de grandes caciques da oposição, como os senadores Arthur Virgílio (PSDB-AM), Tasso Jereissati (PSDB-CE), Marco Maciel (DEM-PE) e Heráclito Fortes (DEM-PI). A presidente Dilma Rousseff colhe os frutos dessa estratégia.

Cenoura

O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), tem na ponta da língua o discurso do governo para aprovar o piso salarial hoje no Senado. Segundo o senador, em decorrência do critério de reajuste previsto no projeto do Executivo que será votado pelo Senado, é possível prever um salário mínimo de R$ 616 para o próximo ano e, em 2015, de R$ 820.

Tarifas

O vice-líder do PPS na Câmara, deputado federal Arnaldo Jardim (SP) critica os aumentos nas contas de luz previstos para este ano acima da inflação. Segundo ele, são consequência do acordo de revisão da tarifa de energia excedente de Itaipu que o Brasil compra do Paraguai e do acionamento recorde de usinas termelétricas no ano passado. Segundo especialistas, o reajuste médio de energia para os consumidores brasileiros em 2011 deverá ficar entre 9% e 11%, contra a meta de inflação do governo, fixada em 4,5%. Este ano, já houve aumentos no Espírito Santo e na Paraíba. Em abril, será a vez de Minas.

Sem essa

O ministro de Relações Institucionais, Luiz Sérgio, descartou ontem a recriação da CPMF defendida por alguns governadores do Nordeste em reunião com a presidente Dilma Rousseff. O governo admite a crise de financiamento da saúde, mas a prioridade no momento é rever os mecanismos de repasse de recursos para estados e municípios, que estão fora do controle da União porque são transferidos fundo a fundo, isto é, sem necessidade de convênios.

Da vez

O ministro do Esporte, Orlando Silva (PCdoB) virou a bola da vez para a oposição. Ontem, o líder do DEM na Câmara, ACM Neto (BA), entrou com uma representação no Tribunal de Contas da União (TCU) e na Procuradoria-Geral da República ( PGR) contra o ministro por causa da ONG Bola pra Frente e do programa Segundo Tempo.

Culatra

A oposição usou o argumento adotado pelo governo contra o aumento do salário mínimo como justificativa para obstruir a votação da medida provisória que cria a Autoridade Pública Olímpica. De acordo com os líderes da oposição, o arrocho financeiro também deve ser adotado em relação à criação de novos cargos no Executivo.

Frente

O deputado Antonio Brito (PTB-BA), depois de intenso corpo a corpo com os colegas, conseguiu a instalação da Frente Parlamentar Mista das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos. Obteve apoio de 200 congressistas, entre senadores e deputados, e do ministro da Saúde, Alexandre Padilha. Satisfeito, Brito conta que até o palhaço Tiririca (PR-SP) e o lutador Popó (PRB-BA) aderiram à frente

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