domingo, 19 de dezembro de 2010

A roupa íntima

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos

O fundador do WikiLeaks, o australiano Julian Assange, foi solto pela Justiça britânica e disse que acelerará a divulgação de documentos diplomáticos secretos dos Estados Unidos, na maior lavação de roupa suja da política internacional. Alega que as tentativas de extraditá-lo à Suécia por acusações de crimes sexuais fazem parte de uma campanha de difamação e que há rumores de que será indiciado nos Estados Unidos, mas ninguém o impedirá de continuar vazando os 250 mil documentos em poder do WikiLeaks.

A divulgação de documentos secretos é uma prática protegida pela liberdade de imprensa nas democracias ocidentais, sobretudo nos Estados Unidos. Agora está em xeque. Até o advento do WikiLeaks, o caso mais famoso era o escândalo do Watergate, em 1972, protagonizado pelo jornalista Bob Woordward no Washington Post. Derrubou o então presidente norte-americano, Richard Nixon, dois anos depois. Àquela época não havia rede mundial de computadores e seria impensável o vazamento de tantos documentos por um ´garganta profunda`.

O xis do problema para os Estados Unidos é a revelação de comunicações secretas que dificultam suas relações com e entre as demais nações. Essa bomba pôs na defensiva e abalou a credibilidade da política externa norte-americana, complicando ainda mais a vida do presidente Barack Obama. Seus diplomatas foram vítimas da ´teoria da roupa íntima`, que nada mais é do que a adoção na internet de uma linguagem coloquial contaminada pelo ambiente doméstico dos navegantes. Ou seja, foram pegos de ceroulas e expostos ao ridículo, num strip-tease diplomático.

Transgressão

A forte reação da Casa Branca levou a que o PayPal, a Visa, o MasterCard e o banco suíço do WikiLeaks fechassem as contas do site. A Amazon o removeu de seus servidores, mas as pressões e os ataques dos serviços de inteligência contra a rede fracassaram. Mais bem sucedidas foram as represálias do Anonymous, uma popular rede hacker, que coordenou ataques contra as empresas e instituições que tentaram tirar da rede o WikiLeaks.

Maratona

No Brasil, como em todo o mundo, diplomatas norte-americanos gastam boa parte de seu tempo tentando neutralizar a repercussão do caso, que atribuem aos meios de comunicação de massa tradicionais. Há 3 mil documentos referentes ao Brasil. Durante algumas semanas ainda ficaremos sabendo de histórias constrangedoras envolvendo autoridades e personalidades brasileiras, como o ministro da Defesa, Nelson Jobim, e o cardeal arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer.

Direitos

Para muitos, o que está em jogo não é a segurança de Estado, é o direito de o cidadãosaber o que os seus governantes tramam em segredo. De um lado, o poder de espionar e controlar a sociedade; de outro, a transparência das ações governamentais e o direito à informação.

Conspiração

Pode haver mais coisas entre os satélites de comunicação e a terra do que aquilo que se lê na rede. Até agora, os vazamentos não alcançam o governo de George W. Bush e grandes empresas do complexo militar-industrial. Porém, qualquer que seja a sua motivação do vazamento, o WikiLeaks revelou uma face oculta da política mundial na qual nem sempre os Estados Unidos são os vilões.

Campanha

O atual presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), já deu início às conversas com a oposição para tentar se manter no cargo no próximo biênio. Maia considera natural o surgimento de outra candidatura, mas deseja evitar uma rebelião do baixo clero.

Renovação

A Associação Nacional do Ministério Público de Contas (Ampcon) enviou nota ao presidente da República pedindo a nomeação de um novo procurador-geral do Ministério Público no TCU. O atual, Lucas Furtado, está no cargo há 11 anos e seu mandato terminou em novembro.

Procuradora

Cresce a cotação para que uma mulher assuma a Procuradoria-Geral da República, no caso, a vice-procuradora-geral, Déborah Duprat. O mandato do procurador-geral Roberto Gurgel acaba em julho de 2011.

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