sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Jogo de xadrez

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos

Reclusa na Granja do Torto, a presidente eleita, Dilma Rousseff, começa a impor o seu estilo na montagem do governo. Depois de anunciar a equipe econômica, começa a mover as peças do PT e do PMDB no tabuleiro político. Vaza os nomes e espera a reação dos aliados, da oposição e da mídia. A equipe será mesmo de continuidade, mas ela adverte os interlocutores que não representará o nono ano governo Lula. Será o primeiro do governo Dilma. Quem passar do período probatório, terá direito a mais três.

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Para acalmar o PMDB, vazou que anunciará hoje dois nomes da legenda para a Esplanada. O do senador Edison Lobão (MA), na pasta de Minas e Energia, o que resolveria o problema do presidente do Senado, José Sarney (AP), e do líder do PMDB, Renan Calheiros (AL); e o de Wagner Rossi (SP), na Agricultura, solução que agrada ao vice-presidente eleito, Michel Temer, e à ala ruralista da legenda. Os demais ficarão para depois.

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No Palácio do Planalto, que será um reduto petista, Dilma deve confirmar o nome de Antônio Palocci como chefe da Casa Civil e o do secretário-geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho. Ambos são indicações do presidente Lula. Talvez, anuncie também que Alexandre Padilha ficará nas Relações Institucionais.  Nesse caso, a escolha é mais de Dilma.

Dançou?

A surpresa será uma reviravolta no Ministério da Justiça. O petista José Eduardo Cardozo, um dos coordenadores da campanha de Dilma, era um nome certo para o cargo, mas sua nomeação corre risco de ir para o beleléu. Não contaria com a simpatia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e não teria o apoio incondicional do ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos. Além do mais, já tem muito paulista na equipe. Dilma precisa de um ministro da Justiça com mais trânsito nos tribunais superiores e não necessariamente de um constitucionalista. Cardozo poderia ocupar outro posto estratégico.


Curinga

É muito provável a confirmação de Paulo Bernardo (foto) para as Comunicações. Dilma quer no posto alguém de confiança, que profissionalize a gestão dos Correios — a maior dor de cabeça para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pois deu origem à crise do mensalão. Ex-deputado com amplo trânsito entre os colegas, Bernardo é um negociador firme e habilidoso. É de tudo o que a pasta precisa no momento.

Mergulhou

O ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel (foto) deve mesmo ser indicado para o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, completando a equipe econômica. Mas não será agora. Dilma não quer marola e despachou o velho amigo para Belo Horizonte. Pimentel passou a semana em Brasília — na maior discrição.

Sabe tudo

O homem mais informado da República é o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci. É o único da equipe de transição que conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com a presidente eleita, Dilma Rousseff. Conquistou a posição não apenas pelo apoio de Lula, mas porque deu conta de todas as tarefas que recebeu.

Auditoria

O Tribunal de Contas da União (TCU) realizará uma auditoria na compra de ações do Banco Panamericano pela Caixa Econômica Federal. A operação custou R$ 739,2 milhões

Fiel

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, ontem, em Brasília, de uma apresentação da Fundação Getulio Vargas (FGV) sobre o estado econômico do futebol no Brasil, ao lado do ministro do Esporte, Orlando Silva. Ao ver os resultados, disparou: “Olha, o que o Palmeiras e o São Paulo fizeram com o Corinthians no campeonato foi uma vergonha!”. Antes, durante entrevista a rádios comunitárias, disse que acredita em milagres e que o Corinthians será campeão brasileiro.

Vovô

O presidente da OAB do Rio de Janeiro, Wadih Damous, promoveu recentemente um ato contra um juiz do Trabalho na calçada em frente ao prédio do TRT carioca. Mais de 300 advogados acompanharam o desagravo em favor da advogada Priscila Porto Lima. Alvo do protesto, o juiz José Saba Filho, titular da 73ª Vara do Trabalho, mandou afixar na porta do seu gabinete o seguinte cartaz: “Não posso comparecer hoje ao meu local de trabalho porque nasceu o meu neto”.

Fácil

Não foi preciso fazer muito esforço para aprovar as alterações nas regras de exploração do petróleo na Câmara dos Deputados. Bastou criar um grande bloco de deputados de estados não produtores, governistas ou não, e isolar os parlamentares capixabas e cariocas.

Recado

As lideranças na Câmara esperam um veto presidencial às mudanças nas regras de distribuição de royalties de exploração do petróleo aprovadas pelo Congresso. Mas deram um recado claro para o governo: qualquer proposta que exclua estados que hoje não são beneficiados será rejeitada.

Insatisfeitos

Parlamentares andam criticando a atuação do presidente em exercício da Casa, deputado Marco Maia (PT-RS), na condução das votações em plenário. Maia é um dos quatro pré-candidatos do PT pela disputa da Presidência da Câmara no biênio 2011-2012.

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