quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Sinais exteriores

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos


Na primeira entrevista que deu aos telejornais, a presidente eleita Dilma Rousseff fez questão de sinalizar que pretende melhorar as relações econômicas com os Estados Unidos e reavaliar o comércio com a China, os dois protagonistas do que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, chamou de "guerra cambial". Não chega a ser uma mudança na política externa brasileira, mas é um sinal de que o ciclo do chanceler Celso Amorim está próximo do fim.

A ênfase com que Dilma relatou sua conversa com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, não deixa de ser alvissareira. Desde a 2ª Guerra Mundial, nunca houve uma oportunidade como a atual para negociar novos acordos comerciais com os Estados Unidos, que já foi o principal destino de nossas exportações e não é mais. Além disso, as relações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com seu colega norte-americano estão estremecidas desde o episódio do acordo com o Irã, que desgastou o Brasil no Ocidente.

Uma das grandes dificuldades enfrentadas por Dilma durante a campanha eleitoral foi o problema cambial, que prejudica o setor industrial. A outra face da valorização do real em relação ao dólar é a desvalorização artificial da moeda chinesa, o yuan. A consequência imediata é a perda de competitividade dos produtos brasileiros frente aos chineses no nosso mercado interno. Dilma pretende enfrentar esse problema no começo de seu governo.

Agastados

Não convidem para a mesma mesa de jantar a secretária de Estado dos Estados, Unidos, Hillary Clinton, e o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim. Os dois só conversam por mera formalidade e falam mal um do outro nos eventos internacionais. A torcida no Itamaraty para que o novo chanceler brasileiro seja o secretário-geral do Itamaraty, embaixador Antônio de Aguiar Patriota, não é pequena. Ele foi embaixador em Washington.

Paciência

O embaixador da China no Brasil, Qiu Xiaoqi, minimiza as críticas aos padrões das relações comerciais do seu país com o Brasil. Argumenta que o governo chinês executa uma reforma monetária com o objetivo de valorizar gradativamente o yuan e que os desequilíbrios cambiais da economia mundial são provocados pela crise econômica de alguns países. Não os cita, mas está falando dos Estados Unidos e da Comunidade Europeia. Segundo ele, a parceria comercial entre o Brasil e a China enfrenta problemas normais nas relações de troca entre dois países em desenvolvimento e que podem ser superado pelas vias do diálogo e da negociação.

Diplomação

O Tribunal Superior Eleitoral programa a diplomação de Dilma Rousseff como presidente da República para 15 de dezembro. Na sessão, o presidente da Corte, ministro Ricardo Lewandowski, entregará a Dilma o diploma com o mandato eleitoral de quatro anos. A Procuradoria-Geral Eleitoral terá prazo de 180 dias para questionar as doações de Dilma Rousseff. O presidente Lula deve comparecer à diplomação.

Papagaio

Muita gente estranhou a presença do ator José de Abreu ao lado de Dilma Rousseff na primeira entrevista que concedeu após as eleições. O que pouca gente sabe é que o artista é amigo da presidente eleita desde os tempos da clandestinidade - reza a lenda que transportava o dinheiro da Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares). Abreu participou ativamente da campanha de Dilma na internet. Funcionário da TV Globo desde a década de 1970, tem liberdade para estar em eventos políticos quando não faz parte do elenco denovelas.

Agenda

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reúne hoje a coordenação de governo para discutir a agenda pós-eleição. Na pauta estão os projetos que precisam de aprovação no Congresso, como a conclusão da votação das emendas do novo marco regulatório do petróleo, e algumas decisões polêmicas que ficaram para o fim do mandato: a anistia do ex-terrorista italiano Cesare Battisti, a compra de novos caças para a Força Aérea Brasileira e a nomeação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) que ocupará a vaga de Eros Grau.

Mínimo

As centrais sindicais vão cobrar sua contribuição à vitória de Dilma Rousseff: querem 12,9% de aumento do salário mínimo. O relator do Orçamento para 2011, senador Gim Argello (PTB-DF), projeta um mínimo de R$ 575,80, ou seja, um aumento real de 7%. O previsto pelo governo era R$ 538,15. A equipe econômica veta a reivindicação dos sindicalistas.

Leão

O relatório de receitas do Orçamento da União, que pode ser votado hoje na Câmara, prevê um aumento de R$ 17,68 bilhões naarrecadação durante o primeiro ano do governo Dilma Rousseff. As receitas poderão ultrapassar R$ 967,63 bilhões

Estabanado / Coordenador do programa de governo de José Serra, Xico Graziano - protagonista da primeira crise pós-eleitoral do PSDB, ao responsabilizar no Twitter o senador eleito Aécio Neves (PSDB-MG) pela derrota do tucano nas eleições presidenciais -, sempre foi um macaco em casa de louça na luta interna da legenda. No governo Fernando Henrique Cardoso, de quem foi secretário particular, foi um dos responsáveis pela crise que afastou do governo seu porta-voz, o embaixador Sérgio Amaral.

Moderno / O comandante do Exército, general Enzo Peri, lança hoje um novo portal na internet, com jogos e até acesso para crianças. Também terá Twitter, Facebook e YouTube, além de notícias em tempo real.

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