sábado, 13 de novembro de 2010

Não tem jeito

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos


O PSDB emergiu das urnas como um partido robusto, de caráter nacional e nomes de projeção para liderar a oposição em 2014. Além disso, dispõe de dois aliados que demonstraram lealdade no duro embate da sucessão do presidente Luís Inácio Lula da Silva: o DEM e o PPS. Com eles, os tucanos podem construir uma alternativa de poder à reeleição da presidente eleita, Dilma Rousseff, certo? Não, errado.

O PSDB caminha para um ajuste interno de contas e um novo impasse em relação ao seu futuro. O candidato tucano José Serra (PSDB) foi derrotado pela segunda vez, mas não desistiu de concorrer novamente à Presidência da República. E não será surpresa se for o candidato a prefeito de São Paulo, cargo que já ocupou por dois anos e utilizou como trampolim para disputar o Palácio dos Bandeirantes. Não abre mão, espontaneamente, de uma revanche com Dilma.

O senador Aécio Neves é a bola da vez no PSDB para concorrer à Presidência da República, mas outra vez a fila não anda. Foi o maior vitorioso entre os tucanos ¿ conseguiu reeleger Antônio Anastasia (PSDB) como governador de Minas Gerais e ainda conta com o apoio do ex-presidente Itamar Franco (PPS-MG), mas não tem força para assumir o comando do Senado. Já enfrenta uma oposição organizada entre os tucanos paulistas que o responsabilizam pela vitória de Dilma em Minas.

O fiador

O governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin, será o cacique mais poderoso do PSDB na máquina partidária em 2014. Se quiser concorrer novamente à Presidência da República, dificilmente haverá alguém com mais poder político do que ele na legenda, como ocorreu em 2006. Está nas suas mãos a unidade da legenda e ou a divisão do partido. Se resolver apoiar a candidatura de Aécio Neves, Serra terá que aceitá-la. Mas também pode apoiar o nome de Serra ou se lançar candidato.

Desistiu

O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), desistiu de um velho projeto: a formação de um novo partido que servisse de tábua de salvação para os políticos de oposição que quisessem aderir ao governo. Espécie de linha auxiliar do PT, serviria de contrapeso para a legenda enfrentar o PMDB. Motivo: como os governistas conseguiram eleger mais de 350 deputados, estimular o adesismo seria aumentar a disputa por cargos no novo governo.

Como sempre

Partiu do senador Aloizio Mercadante (PT-SP), que está deixando o Senado, a proposta de rodízio na Presidência da Casa entre o PT e o PMDB. Velho desafeto do presidente do Senado, senador José Sarney (PMDB-AP), o petista deixa uma bomba de efeito retardado no colo dos colegas da bancada do PMDB, que pode perder a disputa se os tucanos novamente se unirem ao PT.

Furada

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Braga de Andrade, assumiu mesmo a liderança do movimento contra a aprovação do novo imposto do cheque. Por meio de carta, pediu ao presidente da Câmara dos Deputados e vice-presidente da República eleito, Michel Temer (PMDB-SP), que impeça a tramitação da ¿ injustificável proposta de oneração tributária¿ que recria a CPMF.

O arisco

Entre os aliados do PSDB, o mais arisco é o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, que está de mala e cuia para trocar a legenda pelo PMDB. Seu acordo com o vice-presidente da República eleito, Michel Temer, foi praticamente fechado. A fusão do DEM com o PMDB ¿ rejeitada por cariocas e baianos ¿ estaria sendo articulada por Kassab com apoio de outros caciques da legenda. Porém não passa de cortina de fumaça para a baldeação.

Terra boa

O ministro da Justiça, Luiz Paulo Barreto, revelou ontem que o Brasil acolhe refugiados de 76 nacionalidades diferentes. Atribui o fato ao caráter acolhedor dos brasileiros. ¿Todos aqueles que aqui chegam ¿ sejam palestinos, judeus, muçulmanos ¿ têm a liberdade de continuar a exercer seus cultos religiosos sem medo de serem perseguidos¿, destaca. Hoje, vivem no Brasil 4.311 refugiados

Despedida/ Na semana que vem, está prevista mais uma reunião de Conselho Político do governo federal. Talvez, essa seja a última realizada no governo de Luiz Inácio Lula da Silva.

Esperança/ O deputado José Genoino (PT-SP) deve assumir o mandato, mesmo com a liberação do palhaço Tiririca (PR-SP) para tomar posse na Câmara a partir do ano que vem. É forte o lobby para que um dos deputados paulistas do PT vire ministro de Estado.

Espaço/ Partidos nanicos terão que se esforçar para conseguir gabinetes extras de representação partidária na Casa. A Câmara destina 20 salas para os representantes dos partidos e lideranças. Reivindicam o mesmo direto ao aparato do PTdoB, que elegeu três deputados; do PHS, do PRP e do PRTB, com dois deputados; e do PSL, com um parlamentar.

Orçamento

O relatório preliminar do Orçamento da União de 2011 deve ser apresentado ainda hoje. O governo quer votar o projeto na próxima semana. Se deixar para o próximo ano, terá que negociar com parlamentares vitoriosos e não com os derrotados.

Coluna Brasília/DF do Correio Braziliense em 12 de novembro de 2010

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