sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Dedos cruzados

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos


Ao contrário do que ocorreu no primeiro turno, desta vez a cúpula da campanha de Dilma Rousseff (PT) não pretende baixar a guarda em função das pesquisas favoráveis na véspera da eleição. No momento, a situação é muito mais confortável do que a da primeira semana do segundo turno, quando tracking do marqueteiro João Santana, mantido a sete chaves, chegou a registrar apenas cinco pontos de diferença em relação a José Serra (PSDB). Agora, as pesquisas apontam uma vantagem de 11 a 15 pontos para a petista, o quem seria mais do que o suficiente para começar a comemoração antecipada.

Do outro lado do campo de batalha, os comandantes da campanha tucana tentam manter o ânimo da tropa. Há dois tipos de desmobilização que podem tirar Serra da disputa pela Presidência da República antes do dia de votação: o desânimo de militantes e de aliados derrotados nos estados e a dispersão dos eleitores por causa do feriadão de Finados. Ambos podem ser ampliados pelo resultado das pesquisas de opinião que estão sendo divulgadas diariamente.

Tendo por base as pesquisas oficiais, o favoritismo de Dilma é inequívoco. As variáveis principais da disputa eleitoral - situação da economia, indicadores sociais, alianças políticas, mobilização social - trabalham a seu favor. A oposição, porém, venceu as eleições em estados muito importantes das regiões Sul e Sudeste - São Paulo, Minas e Paraná, principalmente -, e disputa o segundo turno em unidades da Federação do Nordeste, do Norte e do Centro-Oeste, como Alagoas, Pará e Goiás, respectivamente, com boas chances de vitória. Pode ser que a eleição já esteja decidida, mas cautela e caldo de galinha não fazem mal a ninguém. Para os petistas, Serra não está morto na eleição, ainda mais porque o grande confronto com Dilma, para os eleitores indecisos, será o debate de hoje na tevê.

Pesquisas

A cúpula tucana faz um esforço enorme para convencer os militantes de que a eleição está em aberto. Argumenta que as pesquisas GPP - instituto de Campinas que trabalha para o PSDB - acertaram mais do que as demais no primeiro turno e apontariam uma diferença de apenas cinco pontos entre Dilma e Serra. A margem de erro das pesquisas dos demais institutos no primeiro turno chegou a 10%. A eleição do tucano Aloysio Nunes Ferreira ao Senado, como o mais votado no país, e a própria vitória de Serra em São Paulo, não foram captadas nem na véspera da eleição pelas demais pesquisas.

Burrice

Há um zunzunzum na Câmara dos Deputados de que a fusão do DEM com o PMDB estaria sendo negociada entre o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e o presidente do PMDB, Michel Temer, vice de Dilma Rousseff. O ex-prefeito carioca Cesar Maia (DEM) fulminou a tese: "Se Serra vencer, a fusão, criando o maior partido na Câmara, poderia até ser prática. Mas nada que um bloco DEM-PSDB, com base programática e de sustentação dogoverno, não pudesse resolver. Mas se a Dilma vencer, a fusão seria uma burrice".

Paternidade

Estrela em ascensão do projeto de Dilma Rousseff, o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP) repeliu as acusações do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes de que teria feito uma emenda ao projeto da Lei da Ficha Limpa para favorecer Agnelo Queiroz (PT) na disputa pelo Governo do Distrito Federal. Segundo Mendes, a lei alcançaria outros candidatos, inclusive alguns petistas. Cardozo é cotado para ministro da Justiça, caso Dilma vença as eleições, e também para a vaga do ex-ministro Eros Grau no STF.

Ministeriável

Excelente gestor público, o governador Paulo Hartung, do PMDB capixaba, é considerado um de seus ministeriáveis pela cúpula do PMDB, qualquer que seja o resultado da eleição. O ex-tucano, foi líder de José Serra na Câmara, com quem mantém boa relações. Na eleição, porém, marchou com Dilma Rousseff e viabilizou a eleição de Renato Casagrande (PSB), que venceu a disputa pelo governo do Espírito Santo no primeiro turno.

Paixões

A TV Globo promove hoje, às 22h, após a novela Passione, o momento mais eletrizante do segundo turno das eleições: o debate entre os candidatos à Presidência da República, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). Mediador do encontro, desta vez o jornalista William Bonner não fará perguntas. Será um confronto histórico.

Resultado

As estimativas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para o próximo domingo é que a divulgação dos resultados seja mais rápida do que na primeira etapa. De acordo com técnicos da Corte, 90% das urnas já terão sido apuradas por volta das 20h30. O TSE estima que Dilma Rousseff ou José Serra poderão iniciar a festa ou amargar a derrota já a partir das 21h.

Mais ciência

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências (ABC) encaminharam carta aos candidatos a presidente da República solicitando apoio para que a revisão do Código Florestal Brasileiro seja feita com base em parâmetros científicos. Assinada pelos presidentes Marco Antônio Raupp, da SBPC, e Jacob Palis, da ABC, o documento afirma que a comunidade científica brasileira deseja contribuir com "informações confiáveis que embasem a modernização do Código Florestal brasileiro". Há muita política e pouca ciência no projeto.

Máquina

Militantes do PT usam a máquina do governo federal no limite da irresponsabilidade para fazer campanha. A ponto de o Serviço do Patrimônio da União (SPU), órgão do Ministério do Planejamento, ter distribuído uma mensagem pelo correio eletrônico corporativo a todos os funcionários do órgão, comparando indicadores dos governos FHC e Lula, supostamente publicados pelo jornal britânico The Economist, com a seguinte conclamação: "Acorda Brasil, PSDB outra vez, não!".

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