sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Bala de prata

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos

Dilma Rousseff (PT), ontem, disparou sua bala de prata. Não foi nenhum dossiê aloprado contra a filha de José Serra nem declarações de renda do alto tucanato. Foi o último depoimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para as inserções da campanha na TV, no qual ele conclama os eleitores a não acreditar nas críticas e nas acusações feitas contra a petista pela oposição:

"Eu estou vendo acontecer com a Dilma o que aconteceu comigo no passado, quando pessoas saíram do submundo da política mentindo a meu respeito. Dizendo que eu iria fechar as igrejas e mudar a cor da bandeira. Ganhei as eleições e o que aconteceu? Mais liberdade religiosa, mais respeito à vida, mais democracia, mais comida na mesa, melhor salário. Isso foi o que eu fiz pelo Brasil, e é isso que Dilma vai continuar fazendo", disse Lula, ao pedir voto para a candidata oficial.

Engana-se, porém, quem pensa que Dilma disparou contra o tucano José Serra. Atirou em Marina Silva (PV), cujo crescimento nas pesquisas, graças aos votos evangélicos,ameaça levar a eleição para o segundo turno. A pesquisa Datafolha divulgada ontem mostra Dilma com 47% das intenções de voto, Serra com 28% e Marina Silva (PV) com 14%. Plínio de Arruda Sampaio e os demais candidatos somam 2%. Resultado: uma diferença de três pontos. Tudo na margem de erro de dois pontos para mais ou para menos.

Valeu

Se tem uma coisa da qual o presidente Lula não se arrepende nessa eleição é o seu apoio à reeleição do senador Marcelo Crivella, do PRB, no Rio de Janeiro, contra a vontade do governador Sérgio Cabral (PMDB), um aliado de primeira hora. Essa é a ponte com a Igreja Universal do Reino de Deus, que mobiliza pastores e fiéis em socorro a Dilma Rousseff (PT) para conter a sangria de votos da petista no mundo evangélico. Marina Silva (PV), que polemiza com Dilma sobre a questão do aborto, é crente da Assembleia de Deus e subtrai votos da petista, mas o líder de sua igreja, Manoel Ferreira, também apoia a petista.

Faxina

O deputado distrital Chico Leite (foto), do PT-DF, quer promover uma limpeza ética no futuro Governo do Distrito Federal (GDF). Defende a aplicação da Lei da Ficha limpa para o preenchimento dos cargos comissionados do GDF. Caso o petista Agnelo Queiroz seja eleito governador, pretende criar um órgão encarregado de fazer a faxina nos cargos comissionados, desde os mais baixos escalões até oscargos de chefia. Quem tiver ficha suja ficará fora do governo.

Depois

Estados em que é praticamente certo que haverá segundo turno: Amapá, entre Lucas Barreto (PTB) e Jorge Amanajás (PSDB); Piauí, entre Wilson Martins (PSB) e João Vicente Claudino (PTB); Rondônia, entre João Cahulla (PPS) e Expedido Júnior (PSDB); Roraima, entre Neudo campos (PP) e José Anchieta (PPS); Santa Catarina, entre Raimundo Colombo (DEM) e Angela Amin (PP).

Chapão

A coligação de Agnelo Queiroz (PT) pretende eleger de cinco a seis dos oito deputados federais do Distrito Federal. A disputa é feroz entre os cabeças de chapa: José Antônio Reguffe (PDT), Geraldo Magela (PT), Augusto Carvalho (PPS), Paulo Tadeu (PT), Érica Kokay (PT) e Roberto Policarpo (PT). Alguém pode sobrar.

Inflação

O Banco Central divulgou, ontem, que a taxa de inflação deste ano deve cair de 5,4% para 5%. No ano que vem, a meta é ter uma inflação de 4,6%.

Reservas

Dos 34 ministérios e secretarias da Presidência do governo Lula - é isso mesmo, são 34 ministros-, apenas 11 estão sendo chefiados por políticos. Os outros são ocupados por ministros interinos, que ficaram no cargo depois que os titulares foram tocar as respectivas campanhas nos estados. O chefe de gabinete Gilberto Carvalho; a coordenadora do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), Miriam Belchior; o ministro da Fazenda, Guido Mantega; o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo; e o ministro da Comunicação, Franklin Martins, tocam o barco.

Encrencas

A Polícia Federal (PF) mobilizou 60% do efetivo para atuar durante as eleições deste ano. A maior parte desse efetivo vai para cinco estados que já têm um histórico conturbado durante as votações: Pará, Amazonas, Alagoas, Rio Grande do Norte e Distrito Federal. Além do efetivo nos estados, a PF enviará mais 175 policias para tentar evitar maiores problemas nessas regiões.

Caminhada / Marina Silva faz caminhada, hoje, no centro de São Paulo, com concentração às 11h no Viaduto do Chá. A petista avalia que pode crescer no principal colégio eleitoral do país tirando votos de Dilma e de Serra para chegar ao segundo turno.

Ponte aérea / Dilma pretende votar em Porto Alegre e acompanhar a apuração em companhia do presidente Lula no Palácio do Alvorada. A dúvida é se dá uma esticada a São Paulo para acompanhar a votação percorrendo seções eleitorais.

Fim de papo / Serra despediu-se do horário eleitoral ao lado da família e com a Bíblia nas mãos, num esforço de se apresentar como um homem comum, capaz de realizar grandes coisas para o país. Foi pura água com açúcar numa campanha que na internet ainda é pau puro.

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