terça-feira, 14 de setembro de 2010

Fora do baralho

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos

O favoritismo de Dilma Rousseff (PT), que gera exacerbada expectativa de poder na base governista, instalou uma bolsa de apostas sobre o futuro da política econômica e a natureza política do novo governo. Ela gravita em torno do papel que o ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci vier a ocupar no Executivo caso a petista vença as eleições. Sua presença no governo Dilma é vista como garantia de que haverá respeito aos contratos, ao livre mercado e à liberdade de imprensa. Isso significa que voltará ao Ministério da Fazenda? Longe disso.

No segundo governo Lula, a política econômica foi balizada pela queda de braço entre o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, mas o primeiro levou vantagem a partir da crise mundial. Artífice do programa Minha casa, minha vida, menina dos olhos da política anticíclica defendida por Dilma, Mantega é visto quase como "imexível" na Esplanada. O único nome que o ameaçou de fato foi o do ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, hoje um ás de espadas fora do baralho de ministeriáveis.

Em contrapartida, Palocci é um coringa no jogo de poder. Interlocutor do grande empresariado junto à campanha de Dilma, o lobby para que ocupe o lugar da ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, é poderoso. Colaboradora de Dilma, a ministra acaba de ser expelida do baralho como uma dama de paus. Caiu em desgraça por causa das denúncias contra o seu filho Israel, acusado de usar o prestígio e a proteção da mãe para intermediar negócios com o governo.

Agenda

Palocci é visto como a garantia de que Dilma não meteria os pés pelas mãos ao encaminhar sua agenda ao Congresso, que tende a reforçar o papel do Estado em setores estratégicos da economia. Assuntos em pauta: renovação das concessões do setor elétrico, o novo marco regulatório para o setor de mineração e de fertilizantes, reestruturação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), das agências reguladoras e implantação do chamado cadastro positivo.

Moeda

O governo estuda um plano de contingência para impedir que o real caia para R$ 1,70 frente ao dólar. Uma delas será o uso do Fundo Soberano para comprar a moeda norte-americana. Por ora, o Banco Central continuará a intervir para evitar que o real caia para abaixo do patamar estabelecido. A prova de fogo será durante o plano de capitalização da Petrobras, que começou ontem e tem previsão de atrair uma enxurrada de dólares a partir de quinta-feira.

Imposto

O governo estuda a restruturação dos mecanismos de cobrança do Imposto Territorial Rural (ITR) na proposta de reforma tributária. O total arrecadado de ITR em todo o território nacional é de apenas R$ 420 milhões. Para se ter uma comparação, o total arrecadado de IPTU apenas no município de São Paulo é R$ 4 bilhões

Pelo gongo

Salvos pelo gongo, candidatos impugnados pela Justiça Eleitoral nos estados com base na Lei da Ficha Limpa cujos recursos ainda não foram julgados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE): Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), Expedito Júnior (PSDB-RR), Jackson Lago (PDT-MA), Marcelo Miranda (PMDB-TO) e Paulo Rocha (PT-PA). Mas correm risco de cassação após o pleito

Já ganhou

Em 17 estados já há partidos comemorando antecipadamente a vitória no primeiro turno. O PMDB espera vencer no Maranhão (Roseana Sarney), em Mato Grosso (Sinval Barbosa), em Mato Grosso do Sul (André Puccinelli), na Paraíba (José Maranhão) e no Rio de Janeiro (Sérgio Cabral); o PSDB está forte no Pará (Simão Jatene), em Roraima (José Anchieta) e em São Paulo (Geraldo Alckmin); já o PT, no Acre (Tião Viana), naBahia (Jaques Wagner), no Distrito Federal (Agnelo Queiroz) e em Sergipe (Marcelo Déda); o PSB mira no Ceará (Cid Gomes), no Espírito Santo (Renato Casagrande) e em Pernambuco (Eduardo Campos); enquanto o PMN aposta no Amazonas (Omar Azis); e o DEM no Rio Grande do Norte, com Rosalba Ciarlini (foto). A conferir.

Micou

Contra a maré continuísta nas eleições, dois governadores tucanos candidatos à reeleição estão pagando o mico de perderem no primeiro turno. Em Alagoas, Teotônio Vilela Filho (foto) está sendo batido por Fernando Collor (PTB) e Ronaldo Lessa (PDT). No Rio Grande do Sul, Yeda Crusius perde para Tarso Genro (PT) e José Fogaça (PMDB), mas o petista pode levar já no primeiro turno.

Mamãe / A oposição anda estranhando a blindagem em torno da presidenciável Dilma Rousseff (PT) com relação aos bons e aos maus feitos do governo. "Dilma só aceita ser mãe dos filhos bonitos de governo, já dos filhos feios ela não quer nem ser madrasta", dispara o senador Álvaro Dias (PSDB-PR).

Recurso / Deve chegar hoje ao Supremo Tribunal Federal (STF) um recurso extraordinário contra a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que cassou o registro de candidatura do postulante ao Governo do Distrito Federal Joaquim Roriz. O recurso deve ser julgado pelo ministro Carlos Ayres Britto, que já negou uma liminar contra o candidato.

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