terça-feira, 29 de junho de 2010

Ciranda desastrosa

Por Luiz Carlos Azedo
Com Leonardo Santos
luizazedo.df@dabr.com.br

Há muito tempo não se via uma trapalhada política em eleições para presidente da República como essa do vice do tucano José Serra. O DEM ainda refuga a escolha do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), que não votou nele em 2002. Mesmo que aceite o fato consumado, uma ala do partido fará corpo mole na eleição.

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O estado maior de Serra deveria ter avaliado melhor o barraco que se armou com a opção “nós com nós” da campanha. É uma fórmula que só dá certo quando o candidato é muito forte — e seu partido também — em relação aos aliados. Não é bem o caso. Aliás, a ciranda em torno da escolha do vice passou de desgastante a desastrosa depois da ultrapassagem da petista Dilma Rousseff, que agora lidera a disputa pela Presidência da República.

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Primeiro o PSDB insistiu no nome do ex-governador tucano Aécio Neves, que recusou o convite. Depois, no do senador fluminense Francisco Dornelles (PP), do clã dos Neves, que, à mineira, alimentou as especulações mesmo sabendo que não poderia aceitar por causa da participação do PP no governo Lula. Para complicar ainda mais a situação em Minas, vetaram o nome do ex-presidente Itamar Franco (PPS), que é candidato ao Senado em Minas e agora não quer saber de Serra.

Sim, senhor


A troika que manda na campanha de Serra é experiente em corridas presidenciais, mas não enfrenta o tucano quando há divergência. Chico Graziano cuidou da agenda de Fernando Henrique Cardoso durante a campanha de 1994 e, no governo, até trombar com o embaixador Júlio César Gomes dos Santos e cair fora da gestão FHC. Jutahy Magalhães Junior, porta-voz de Serra na Câmara, participou da campanha do tucano em 2002, ocasião em que defendeu a opção pela deputada Rita Camata (PMDB) para vice. O presidente do PSDB, Sérgio Guerra, comandou a campanha presidencial de Geraldo Alckmin em 2006.


Errático

Tucanos criticam o presidente do DEM, Rodrigo Maia, por suas idas e vindas na indicação do vice de Serra. Primeiro, ofereceu os nomes dos senadores José Agripino (RN), Heráclito Fortes (PI) e Kátia Abreu (TO), mas todos refugaram. Também foram sugeridos os nomes da ex-vice-governadora do Pará Valéria Pires Franco e da presidenta do Flamengo, Patrícia Amorim. Finalmente, se fixou no nome do deputado baiano José Carlos Aleluia, que ainda topa a parada, mas não revela entusiasmo.

Bancadas


Os parlamentares do DEM estão irritados com razão por terem sido preteridos na escolha do vice de Serra. Abririam mão para ganhar as eleições em Minas, não no Paraná. O PSDB agiu como partido hegemônico, mas as duas legendas têm força equivalente no Congresso. No Senado, ambas têm 14 senadores. Na Câmara, o PSDB tem 59 deputados e o DEM, 56. Tudo bem que os demais partidos desequilibram a situação ao apoiar a indicação de Álvaro Dias, mas PTB e PPS juntos somam apenas 37 deputados, 22 do primeiro e 15 do segundo.


Perdeu

O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, perdeu mais uma na Justiça para o comentarista Juca Kfouri, que o chamou de subchefe da máfia do futebol nacional. Os dois são inimigos figadais. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello não havia aceitado um recurso extraordinário de Teixeira contra o jornalista, a quem acusa de abusar da liberdade de imprensa. O cartola recorreu, mas a 2ª turma do STF manteve a decisão de Mello e rejeitou seu agravo regimental.

Pesca

Além das novas linhas de financiamento, o governo vai oferecer aos pescadores cerca de R$ 1 bilhão em créditos, a juros de 2%, para a reforma de 10 mil embarcações

Ministérios

A Câmara tem na pauta sete medidas provisórias com prazo de votação esgotado. A MP nº 483 dará status de ministério a quatro secretarias especiais: de Direitos Humanos, de Promoção da Igualdade Racial, de Políticas para Mulheres, e de Portos. A iniciativa do governo é dar mais autonomia administrativa e orçamentária a esses órgãos.

Micou

Só o tucano José Serra confirmou a participação no debate marcado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A candidata petista Dilma Rousseff mandou avisar que não vai comparecer por problemas de agenda. Não está nem aí para as críticas de que foge dos debates. É uma estratégia de campanha. Como Dilma não vai, a verde Marina Silva também cancelou sua ida ao debate.

No forno

Estão no forno mais duas pesquisas de opinião sobre as eleições presidenciais. Uma, encomendada pela TV Bandeirantes ao Vox Populi, foi a campo em 24 e 26 de junho e ouviu 3 mil eleitores. Deve ser divulgada nos próximos dias. A outra é do Datafolha, que pesquisará 2.650 eleitores amanhã e na quinta-feira, para ser divulgada no fim de semana.

Vazio/ Por causa dos jogos da Copa do Mundo e do prazo para as convenções partidárias, que termina amanhã, o Congresso está parado. O pré-sal e a PEC dos policiais, que são assuntos muito polêmicos, ficarão para a próxima semana.


Fundo/ O Diário Oficial da União publicou ontem o decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que autoriza as pessoas atingidas pelas enchentes em Alagoas e Pernambuco que tenham contas de FGTS a sacarem todo o valor. O recurso poderá ser usado na reconstrução das casas e para tentar minimizar os efeitos das devastações nos estados.

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