quinta-feira, 20 de maio de 2010

Síndrome de Yalta

Por Luiz Carlos Azedo
Com Norma Moura
luizazedo.df@dabr.com.br

Consta que na Conferência de Yalta, na Crimeia (Ucrânia) — na qual o presidente dos Estados Unidos Franklin D. Roosevelt, o primeiro-ministro do Reino Unido Winston Churchill e o líder da União Soviética Josef Stálin traçaram as fronteiras do pós-2ª Guerra Mundial —, a presença do papa fora vetada pelo líder comunista russo: “Quantas divisões ele tem?”, teria indagado.

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É mais ou menos o que está acontecendo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva na reunião do Conselho de Segurança da ONU, na qual os Estados Unidos conseguiram apoio da França, da Inglaterra, da China e da Rússia para definir um esboço de resolução com sanções contra o Irã, ignorando o acordo assinado pelo regime dos aiatolás com o Brasil e a Turquia.

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O Brasil e a Turquia esperneiam, tentam fazer com que o acordo seja considerado pelas cinco potências nucleares. Para o senso comum, Lula se meteu numa enrascada, foi literalmente longe demais com sua liderança global. Pode não ser bem assim. O acordo entre os três países é um sinal de mudança nas relações entre as nações emergentes e as potências nucleares.

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Nada será como antes. Vale lembrar que o Conselho de Segurança da ONU foi desmoralizado quando o ex-presidente Bush decidiu invadir o Iraque, contra a opinião de 14 dos seus 15 integrantes. O pretexto foi a suposta existência de armas químicas no Iraque, nunca comprovada. Detalhe: a Inglaterra votou contra, mas depois apoiou o ataque ianque. As consequências são conhecidas.

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Quem estará mentindo sobre o caráter do programa nuclear do Irã?

Estrela
Cristina Kirchner brilhou na cúpula Ibero-Latino-Americana de Madri. Com o presidente Lula na defensiva, aguardando os desdobramentos das negociações do chanceler Celso Amorim com o Conselho de Segurança da ONU, a presidenta argentina pediu ao Reino Unido que inicie negociações sobre as Malvinas. O boliviano Evo Morales reclamou do maltrato aos imigrantes latinos. Peru e Colômbia assinaram tratados de livre comércio com a União Europeia.

Empacou
O tucano Aécio Neves chega de férias na próxima segunda-feira com um grande problema pela frente: a campanha do governador Antonio Anastasia (PSDB), candidato à reeleição, precisa de um empurrão para sair do patamar em que se encontra, bem atrás de Hélio Costa (PMDB).

Pandora
Um monstrengo chamado MP nº 472/09 assusta os deputados. Com oito temas diferentes, o projeto, de autoria do Executivo, recebeu ainda 53 emendas no Senado. Sem saber o que fazer, os deputados ensaiam rejeitar as emendas, mantendo a orientação que tem sido adotada na Câmara de rejeitar enxertos estranhos ao tema da medida provisória.

Encrenca
O senador Heráclito Fortes, do DEM-PI, pretende convocar os ministros Jorge Armando Félix, chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República; e Guido Mantega, da Fazenda, à Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado para prestar esclarecimentos sobre uma possível violação do sigilo fiscal de oficiais generais e superiores do Exército Brasileiro, em abril deste ano.

Gastronomia
Come-se cada vez melhor no Distrito Federal. Com a participação de 79 restaurantes de Brasília — no Plano Piloto, em Taguatinga, em Águas Claras, no Sudoeste, na Octogonal, no Guará, no Jardim Botânico e nos Lagos Sul e Norte —, o evento gastronômico Brasil Sabor Brasília bateu o recorde nacional de vendas: faturou R$ 1,084 milhão

Saídas
Do deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP): “Impossível votar qualquer emenda passando por cima da PEC 300, que trata do piso salarial dos policiais, e que tem lotado os corredores da Câmara”. Chinaglia defende que a decisão seja tomada pelo colegiado, deixando de fora a questão dos fundos e estabelecendo o valor do reajuste por lei complementar, a ser editada em 90 dias após a aprovação da PEC.

Virada
Uma reunião hoje com representantes da Marinha e a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, vai traçar os rumos do Programa Brasileiro de Contingência de Derramamento de Óleo. O objetivo é preparar o país para um desastre como o recente vazamento ocorrido nos Estados Unidos.

Reforma/ O presidente da OAB, Ophir Cavalcante, pretende promover um seminário sobre a reforma política após as eleições presidenciais. Acredita que a entidade pode mobilizar cientistas políticos, juristas e representantes da sociedade civil para novas iniciativas, como o projeto Ficha Limpa.

Embaixadas/ A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado aprecia hoje as indicações de José Antonio Marcondes de Carvalho e Luiz Antônio Fachini Gomes para os cargos de Embaixador do Brasil na Venezuela e na Tunísia, respectivamente.

Azebudsman/ O leitor Flatônio José da Silva corrige: o senador Francisco Dornelles (PP-RJ) é primo em segundo grau do ex-governador Aécio Neves, e não seu tio, como publicamos dia desses. “Sobrinho de Tancredo Neves, primo em primeiro grau da mãe de Aécio, de quem vem a ser, portanto, primo em segundo grau”, explica.

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