terça-feira, 11 de maio de 2010

Para as calendas

Por Luiz Carlos Azedo
Com Norma Moura
luizazedo.df@dabr.com.br

O governo tenta um acordo com a oposição ainda hoje para votar os projetos do pré-sal no Senado. O líder do governo, senador Romero Jucá (PMDB-RR), tenta convencer os líderes do DEM, José Agripino (RN), e do PSDB, Arthur Virgílio (AM), a aceitarem a votação dos projetos de capitalização da Petrobras, de criação do Fundo Social e do regime de partilha e deixar para depois do pleito o de distribuição dos royalties. Não há acordo. Os dois oposicionistas vão chutar o pau da barraca — não querem votar o pré-sal a toque de caixa.

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A oposição só admite votar os projetos se for retirado o pedido de urgência. Mesmo assim, só depois da votação do aumento de 7,71% para os aposentados que ganham acima de um salário mínimo — que o governo não tem a menor chance de derrubar no Senado — e do fim do fator previdenciário, outra decisão polêmica que provavelmente será ratificada pelo Senado. A oposição também quer antecipar a votação do projeto da Ficha Limpa para que a nova legislação vigore ainda nesta eleição.

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Voltando ao começo da conversa: por que está cada vez mais difícil aprovar os projetos de exploração do petróleo da camada pré-sal antes das eleições, como quer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva? Porque o lobby contra o novo regime de partilha é mais robusto do que se imaginava. E atua com desenvoltura no Senado. O governo tenta desobstruir o terreno ao retirar da pauta a distribuição dos royalties, cuja discussão é um pandemônio entre os aliados do próprio governo. A tática de empurrar o assunto para as calendas, porém, também serve para quem é contra o novo regime de partilha e pretende ganhar tempo para salvar o atual sistema de concessão, como é o caso, por exemplo, do senador Francisco Dornelles (PP-RJ).

Escolha

Evento sem incidentes da pré-campanha de Dilma Rousseff (PT): o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), candidato à reeleição, reuniu 86 dos 92 prefeitos fluminenses, ontem, numa churrascaria de São João de Meriti. A campanha vai melhor onde a petista apoia a reeleição do aliado.

Barrado

O ex-prefeito de Nova Iguaçu (RJ) Lindberg Farias (PT) está mesmo no inferno astral. Ontem, teve que encarar a Avenida Brasil para chegar a São João de Meriti, enquanto seu companheiro de chapa, Jorge Picciani (PMDB), presidente da Assembleia Legislativa, voava no helicóptero de Cabral em companhia de Dilma Rousseff. Os dois não se bicam.

A volta

O ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTB) se lançou candidato ao governo de Alagoas, ontem, e convidou para vice o deputado federal Joaquim Beltrão (PMDB). Deixou o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL), candidato à reeleição, na maior saia justa. O cacique peemedebista, a pedido do presidente Lula, apoia a candidatura de Ronaldo Lessa (PSB). Lula chamou Collor, Renan e Lessa para uma conversa hoje à noite.

Disparou

Candidato ao governo do Espírito Santo, o senador Renato Casagrande, do PSB, disparou nas pesquisas de opinião depois da retirada da candidatura do vice-governador Ricardo Ferraço (PMDB), que agora lidera a disputa ao Senado. Têm, respectivamente, 55% e 56% das intenções de voto, segundo pesquisa do Instituto Futura. O tucano Luiz Paulo Vellozo Lucas está em segundo lugar na disputa pelo Palácio Anchieta, com 18,4%. Na luta pela segunda vaga ao Senado, o senador Magno Malta (PR) tem 50,2%.

Descolado

O Espírito Santo é mais um estado onde a disputa local descolou da nacional. José Serra (PSDB) lidera a disputa pela Presidência com 44,8%, contra 24,9% de Dilma Rousseff (PT) e 10% de Marina Silva (PV). O governador Paulo Hartung (PMDB), que catapultou Casagrande ao remover Ferraço, tem 76,3% de aprovação pessoal (bom e ótimo), mais do que o presidente Lula: 73,4% (bom e ótimo). A propósito, Serra cancelou a visita que faria ontem ao estado.

Barnabés

Os líderes da Câmara discutem hoje o projeto do Supremo Tribunal Federal (STF) que reestrutura as carreiras do Poder Judiciário e aumenta a remuneração inicial dos servidores. Os presidentes do STF, ministro Cezar Peluso, e do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Ricardo Lewandowski, estão atuando no sentido de conquistar o aumento, ao qual se opõem os ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Planejamento, Paulo Bernardo. Enquanto a alta magistratura negocia uma saída no Congresso, os barnabés preparam uma greve para amanhã.

A folha

O impacto do novo regime de cargos e salários na folha de pagamento da Justiça Federal, por ano, é estimado em R$ 7,7 bilhões


Pauta/ A pauta da Câmara está trancada por sete medidas provisórias. A primeira a ser votada prorroga até 2014 os incentivos fiscais concedidos à fabricação de microcomputadores que custem até R$ 11 mil. A renúncia fiscal prevista é de R$ 1,5 bilhão em 2010.

Aurélio/ Por iniciativa do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), a Câmara comemora hoje o centenário de nascimento do escritor e filólogo Aurélio Buarque de Holanda Ferreira, às 10h. A viúva Marina Baird Ferreira e o filho Aurélio Baird Buarque Ferreira estarão presentes à sessão solene.

Investimentos/ O governo vai cancelar R$ 14,6 bilhões em investimentos das estatais. O dinheiro foi engolido por despesas de custeio e com pessoal.

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