quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Triângulo das Bermudas

Por Luiz Carlos Azedo
Com Norma Moura
luizazedo.df@dabr.com.br


Depois da candidatura presidencial do deputado Ciro Gomes (PSB), o maior problema do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para alavancar a candidatura da ministra Dilma Rousseff(PT) é fechar o sistema de alianças que pretende montar no chamado Triângulo das Bermudas — região do Caribe famosa pelo sumiço de embarcações e aeronaves —, os estados de São Paulo, de Minas Gerais e do Rio de Janeiro.
O lançamento da candidatura de Dilma por cima dos partidos da base facilita a vida do presidente Lula junto aos eleitores, mas não resolve o problema das alianças políticas. É incrível a capacidade de o PT se embaralhar nas próprias pernas, o que explica, em parte, a decisão do presidente Lula de apartar seu projeto de sucessão dos projetos petistas nos estados. Ao lado, confira o que acontece nos três maiores colégios eleitorais do país.

São Paulo

O senador Aloizio Mercadante (PT-SP) é nome mais competitivo do PT ao governo de São Paulo, mas não aceita a missão, prefere a reeleição. A alternativa é a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy (PT), que aceita a tarefa. A máquina petista, principalmente os sindicalistas, prefere o prefeito de Osasco, Emídio de Souza. E não quer saber do senador Eduardo Suplicy (PT), que tenta viabilizar sua candidatura, mas os dirigentes fingem que ele não existe. O presidente Lula se empenha para acomodar o deputado Ciro Gomes na disputa pelo governo de São Paulo, o que o PT não quer, apesar de fingir o contrário. Resultado: o ex-governador tucano Geraldo Alckmin (foto), candidato ao Palácio dos Bandeirantes, apesar das enchentes, nada de braçada.

Rio

Pressionado por Lula, o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Faria (PT), desistiu da candidatura a governador, mas não abre mão da vaga ao Senado, pleiteada também pela ex-governadora Benedita da Silva. O partido está alinhado com o governador Sérgio Cabral (PMDB), cujo candidato ao Senado é o presidente da Assembleia Legislativa, Jorge Picciani (PMDB), que o PT rejeita. Espirrou da aliança o senador Marcelo Crivella (PRB), que articula a candidatura a governador do apresentador Wagner Montes (PDT) para viabilizar a própria reeleição. Enquanto isso, a oposição trabalha para levar o deputado Fernando Gabeira (PV) ao segundo turno.

Minas

O PT está dividido entre dois candidatos ao governo, o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, e o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel. O PMDB lidera a disputa eleitoral com o ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB), mas o PT se recusa a apoiá-lo, embora queira a aliança com o PMDB. Prefere vê-lo na vice da ministra Dilma Rousseff (PT), no lugar do presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), escolhido pela legenda. Enquanto isso, o governador Aécio Neves (PSDB), que será candidato ao Senado, fortalece a candidatura do vice Antônio Anastasia (foto), que assumirá o governo e concorrerá à reeleição.

Palanque//

Correndo por fora, a ex-ministra Marina Silva (PV-AC) garantiu mais um palanque para disputar a Presidência da República. Vai discursar em Minas Gerais — segundo maior colégio eleitoral do país — ao lado do candidato verde ao governo do estado, José Fernandes. Ele é filho do ex-governador de Brasília José Aparecido.

Guarani

Mais de 600 índios da etnia Guarani, de sete estados brasileiros e da Bolívia, do Paraguai e da Argentina, começam hoje um encontro na aldeia indígena Tekoha Añetete, em Diamante D’Oeste, Paraná. O Aty Guasu Ñande Reko Resakã Yvy Rupa, Encontro dos Povos Guarani da América do Sul (http://blogs.cultura.gov.br/encontroguarani), é patrocinado pelo Ministério da Cultura. No Brasil, vivem no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo. Hoje, são apenas 65 mil

Colateral

A queda de braço entre o PT e o PSB contaminou o Ceará. A troca de farpas administrativas entre a prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT-CE), e o governador do estado, Cid Gomes (PSB-CE) — que batem boca publicamente por causa da construção do estaleiro de Titanzinho — tem motivação política. Cid é o maior incentivador da manutenção da candidatura do irmão, o deputado Ciro Gomes (PSB-CE), à Presidência da República.

Pesquisa/ O resultado da pesquisa CNT/Sensus, divulgada na segunda-feira, reforçou a tese, dentro do PSB, da importância da presença de Ciro Gomes na disputa presidencial. Mas a decisão só sai mesmo em março, depois do resultado de uma pesquisa qualitativa encomendada pela legenda.

Surdo/ O presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), não quis nem ouvir falar em 40 horas semanais ou reajuste de aposentados e pensionistas. Cancelou a reunião marcada com os deputados Vicentinho (PT-SP) e Paulinho da Força (PDT-SP).

Pajelança/ Lideranças indígenas de 10 estados brasileiros, de cocar e pintados para a guerra, desfilaram pelos corredores da Câmara ontem. Ao novo líder do PT na Casa, Fernando Ferro (PT-PE), o líder dos pankararu em Pernambuco, Carlos Pankararu, pediu apoio para apear Márcio Meira da presidência da Funai.

Central/ A União Geral dos Trabalhadores (UGT), que surgiu de uma dissidência da Força Sindical, abre hoje seu escritório em Brasília, com a presença do ministro do Trabalho, Carlos Lupi. “Além de ser um ponto de apoio para as ações e mobilizações em Brasília”, explica Ricardo Patah, presidente da UGT. Bom credor.

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