domingo, 7 de fevereiro de 2010

Jardim Pantanal

Por Luiz Carlos Azedo
luizazedo.df@dabr.com.br
Com Norma Moura


O nome do bairro já diz tudo. O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), e o prefeito da capital, Gilberto Kassab (DEM), debaixo de chuvas torrenciais, travam um combate inglório com o PT e seus aliados no Jardim Pantanal. O bairro da periferia da capital é um péssimo campo de batalha, virou símbolo das enchentes e a trincheira da oposição aos tucanos e democratas em São Paulo. Enquanto não viabiliza o assentamento dos seus moradores em outro local, Serra oferece R$ 500 para que aluguem moradias provisórias; Kassab oferece mais R$ 300. A oposição vai lá e diz que ninguém deve sair, que a solução é o governo realizar obras de drenagem e saneamento para evitar que o bairro fique debaixo d’água.

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A maioria dos moradores prefere garantir o pedaço de chão, mesmo no sufoco dos alagamentos, sonhando com soluções à holandesa. É assim há mais de duas décadas. Lutam por direito à moradia no local e melhores condições desde 1986, quando invadiram a área. Em 1998, o governo decretou que a região era área de proteção ambiental, mas eles fincaram o pé. A maioria está desempregada ou trabalha precariamente como catadores, camelôs e empregadas domésticas.

Remoções

As enchentes na várzea do Rio Tietê na Zona Leste de São Paulo vão completar dois meses amanhã. O prefeito Gilberto Kassab quer erradicar os bairros que surgiram irregularmente na região. Além do Jardim Pantanal, submergiram o Jardim Romano e a Chácara Três Meninas, que também ficam em São Miguel Paulista, a 30km do centro de São Paulo.

Miséria

Tudo começou quando o então governador de São Paulo, Orestes Quércia, hoje candidato ao Senado pelo PMDB, reintegrou uma área ocupada no Itaim Paulista. Levou duzentas famílias que ocupam o local para as proximidades do Pantanal, na várzea esquerda do Rio Tietê. Os movimentos de moradia (sem-teto) levaram 3 mil pessoas para a região. Hoje, em oito quilômetros quadrados, há 25 mil famílias, ou seja, cerca de 100 mil pessoas

Zona Leste

A Zona Leste de São Paulo é legendária pela volatilidade de seus eleitores. Em 1985, derrotou Fernando Henrique Cardoso , à epoca no PMDB, quando a eleição parecia ganha. Votou em Jânio Quadros (PTB). Elegeu Luiza Erundina(PT) em 1989, mas preferiu Paulo Maluf (PSD) em vez de Eduardo Suplicy (PT) em 1992. Em 1996, votou em Celso Pitta (PP); depois, em 2000, elegeu Marta Suplicy (PT), cuja reeleição rejeitou. Optou por José Serra (PSDB) em 2004; em 2008, consagrou o prefeito Gilberto Kassab, que agora caiu em desgraça.

Mobilização

Desde 2002, os moradores do Jardim Pantanal estão organizados no Movimento por Urbanização e Legalização do Pantanal (Mulp). Quem comanda a entidade é o Movimento Terra Livre, do Coletivo Liberdade Socialista, ligado ao PSol. Formado por representantes de comissões de ruas, as bandeiras do Mulp são: respeito à vida, ao bem estar, a relação democrática, a liberdade, a solidariedade, a união e a responsabilidade ética em relação à comunidade.

Candidatíssima

Nem Ciro Gomes (PSB) nem Aloizio Mercadante (PT), quem quer concorrer ao Palácio dos Bandeirantes é a ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy (foto). Por causa das enchentes, está animada com o desgaste de Serra e Kassab na capital, seus algozes nas duas últimas eleições municipais. Se o partido quiser, será candidata.

Rendição

Novo líder do DEM na Câmara, o deputado Paulo Bornhausen (SC) liberou a bancada para a votação do regime de partilha do pré-sal. Seu antecessor, Ronaldo Caiado (GO), fez feroz obstrução ao projeto, com um discurso ideológico contra a Petrobras.

Mérito/Luiz Paulo Barreto, o 222º ministro da Justiça, é o primeiro funcionário de carreira a assumir a pasta, desde o ministro Caetano Pinto, nomeado por D. Pedro I em 3 de junho de 1923. Com 46 anos, ingressou na carreira em 1986 como agente administrativo. Chegou a secretário-executivo na gestão do ex-ministro Márcio Thomaz Bastos, que o escolheu por mérito.

Bomba-relógio/Após a revelação da tentativa de suborno do jornalista Edmilson Edson dos Santos, o Sombra, uma nova diligência da Polícia Federal é aguardada para o meio da semana, o que pode aprofundar a crise no governo do DF

Campanha/A ministra Dilma Rousseff será a estrela do encerramento do Encontro Nacional da Juventude do PT, hoje, em Brasília. Ela será recebida pela jovem militância como candidata, sob o jingle que repete “ela é a mãe do PAC. É a Dilma, é a Dilma”.

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