terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Palanque único

Por Luiz Carlos Azedo
Com Norma Moura
luizazedo.df@dabr.com.br


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está convencido de que a vitória da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), na corrida pela sucessão presidencial, dependerá da retirada da candidatura de Ciro Gomes (PSB). Sem isso, será mais difícil transferir votos para a ministra e manter o foco da campanha no candidato tucano José Serra (PSDB). A operação para removê-lo já foi deflagrada. Ciro virou um estorvo eleitoral.

A solução menos traumática é convencer Ciro a aceitar a candidatura ao governo de São Paulo; a pior, fechar as portas do seu próprio partido, o PSB, à candidatura presidencial. Ambas, porém, valeriam a pena. O pior dos mundos é Ciro disputar com Dilma a condição de candidato anti-Serra. E jogar por terra a estratégia de Lula para a eleição.


Pânico//

O líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (PT), está com síndrome do pânico. Toda vez que o presidente Lula liga, fica com medo de que lhe peça para ser candidato a governador de São Paulo. Mercadante nunca disse um não a Lula.

Indigesto

De férias com a mulher, Patrícia Pillar, o deputado Ciro estava na Europa e desembarca hoje em Fortaleza. Resta saber se terá apetite para um jantar com o presidente do seu partido, Eduardo Campos (PPS-PE), previsto para amanhã. No cardápio, a definição do cenário político para as próximas eleições.

Troia

O presidente da Câmara, Michel Temer, virou uma espécie de Cavalo de Troia dos caciques governistas do PMDB em guerra com o PT. Eles rechaçam a proposta de lista tríplice para indicação do vice de Dilma e ameaçam empurrar o parlamentar paulista goela abaixo de Lula. Mas podem abrir mão de Temer se o PT aceitar suas exigências em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, na Bahia, no Ceará e no Pará.

Confiscos

A Advocacia Geral da União (AGU) entrou no lobby para que o Supremo Tribunal Federal (STF) dê ganho de causa à Confederação Nacional do Sistema Financeiro (Consif), apoiada pelo Banco Central (BC), na ação que pede a validação dos confiscos dos planos econômicos Bresser, Verão, Collor I e Collor II. Cerca de 500 mil titulares de cadernetas de poupança entraram com ações judiciais contra os bancos pleiteando a restituição do dinheiro perdido.

Exemplo

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, pressiona o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel (foto) a desistir da disputa pelo governo de Minas. Não o faz em favor do ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias (PT), mas do ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB). Dilma quer Pimentel no comando de sua campanha. A desistência de Patrus, que é candidatíssimo, seria um problema para o presidente Lula resolver.

A conta

O governo vai mesmo jogar pesado no ano eleitoral. O Orçamento da União para 2010, que Lula sancionará nesta semana, prevê 5% de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e R$ 151,9 bilhões para investimentos públicos. As obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) custarão R$ 29,9 bilhões

Cavaco

O ex-ministro do Esporte Agnelo Queiroz, candidato do PT à disputa pelo governo do DF, começa a enfrentar resistência dentro do partido. O problema maior de Agnelo é o programa Segundo Tempo, marca de sua gestão no Ministério do Esporte, que está sendo investigado pelo Ministério Público Federal no DF.

Grampo/ Em sua primeira reunião do ano, o Conselho Nacional do Ministério Público pode aprovar, hoje, mudanças nas regras de interceptação telefônica. Entre outras coisas, os procuradores terão que informar o número de linhas grampeadas e a quantidade de interceptações iniciadas ou concluídas no período, além de agir contra policiais que não informarem ao Ministério Público a quebra de sigilo dos investigados.

Intifada/ A volta ao comando do PT de José Dirceu, José Genoíno e João Paulo Cunha — que tiveram seus nomes envolvidos no escândalo do mensalão — vai servir de vidraça para as pedras da oposição. “Esse será um assunto a ser tratado na campanha, pois tira um pouco da blindagem petista e mostra quem estará ao lado de Dilma”, antecipa o novo líder tucano na Câmara, João Almeida (PSDB-BA).

Doações/ Demorou, mas finalmente os Correios se engajaram na campanha de assistência humanitária às vítimas da tragédia no Haiti, que recebeu atenção especial do presidente Lula. Desde sexta-feira, a empresa transporta para um quartel no Rio os donativos recolhidos em todo o Brasil.

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