quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Falta pôr o guizo

Por Luiz Carlos Azedo
Com Norma Moura
luizazedo.df@dabr.com.br


A todos os interlocutores, inclusive ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos, com quem se encontrou ontem, antes de viajar para Davos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reitera que sua prioridade é convencer o ex-ministro da Integração Nacional Ciro Gomes a apoiar Dilma Rousseff (PT) e concorrer ao governo de São Paulo. Quer resolver a disputa com o tucano José Serra no primeiro turno. E para isso precisa de uma candidatura única do campo governista e uma campanha robusta em São Paulo. Lula, porém, não sabe como tratar do assunto com Ciro. Quem vai pôr o guizo no pescoço do gato? Seria Campos, mas o presidente nacional do PSB reluta.

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Eduardo Campos é aliado incondicional de Lula, mas não pode simplesmente tomar a legenda de Ciro. Seria muita deselegância, quase uma traição. Precisa de tempo para que o isolamento político e o enfraquecimento eleitoral obriguem o político cearense a jogar a toalha. Lula, porém, tem pressa. Qual a razão? São Paulo. Os petistas de São Paulo e seus aliados estão sem rumo, à espera de uma decisão de Lula, mas não desejam Ciro.

Em tempo: Pouco antes de embarcar para Davos (Suiça), Lula passou mal em Recife, onde foi internado com uma crise de hipertensão. Recebeu alta pela manhã e viajou para São Paulo.

Complexo

Ciro sempre tratou com desprezo a proposta de Lula. Considera o PT de São Paulo ensimesmado por sucessivas derrotas eleitorais. Apesar de ter transferido o título para São Paulo, sabe que é pouco conhecido no estado, cuja eleição tem muito de política de interior, na qual as relações interpessoais são decisivas. Além disso, Ciro é inimigo de Serra, mas sempre se entendeu com o ex-governador Geraldo Alckmin, do PSDB, que ostenta a condição de favorito nas pesquisas para o governo de São Paulo e faz o gênero do político caipira.

Bicadas

Os petistas de São Paulo estão mais animados com a eleição por causa do desgaste do prefeito Gilberto Kassab (DEM), que corre risco de naufrágio por causa das enchentes, e da briga entre os tucanos paulistas. Quando Serra deixar o governo, o Palácio dos Bandeirantes será comandado pelo vice Alberto Goldman, que não gosta de Geraldo Alckmin e está sendo insuflado a concorrer à reeleição.

Militantes

No PT de São Paulo, a rejeição a Ciro Gomes só não é aberta por causa do presidente Lula. Os militantes querem um candidato próprio. Se fosse de livre escolha, seria o senador Aloizio Mercadante, que não aceita a tarefa. Os dirigentes apoiam o prefeito de Osasco, Emídio de Souza, que deseja ser candidato. O senador Eduardo Matarazzo Suplicy (PT), porém, colhe assinaturas para disputar a vaga nas prévias da legenda. Além disso, a ex-prefeita Marta Suplicy já admite concorrer ao governo paulista.

Porta

Ninguém entendeu quando o novo líder tucano, deputado João Almeida (BA), invadiu a a reunião da Executiva do PMDB, ontem, na Câmara. Distraído, errou a porta da liderança do PSDB.

Falou

Aguardado na sede da Polícia Federal às 10h de ontem, em Brasília, o empresário Avaldir da Silva Oliveira, dono da CTIS — empresa de informática citada por Durval Barbosa nas investigações da Operação Caixa de Pandora — deu um drible na imprensa e chegou às 8h30. Tranquilo, tranquilo, tomou cafezinho e foi embora, sem abrir o bico. Alexandre Tavares, representante da empresa Infoeducacional, fez o mesmo. Já Nerci Soares, da Unirepro, conversou longamente com o delegado responsável pelas investigações.

Tesouro

Ações judiciais de antigas companhias aéreas assombram a Advocacia-Geral da União. Varig, Vasp, TAM, Rio Sul e Nordeste Linhas Aéreas pedem indenização por prejuízos causados pelo congelamento das tarifas de passagens aéreas durante o governo Sarney (1985-1990). No Supremo Tribunal Federal, somadas, as ações chegam a R$ 10 bilhões

Calouros/ Os 2,6 milhões de estudantes que participaram do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) saberão hoje se estão dentro de alguma das 51 instituições de ensino superior que aderiram ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que adota a nota do Enem como substituta ao vestibular. Será adotado por 24 universidades federais, uma estadual e 26 institutos federais de educação, as antigas escolas técnicas.

Embargo/ Irritado com a ordem judicial de suspender as obras do VLT (veículo leve sobre trilhos), o secretário de Transportes do GDF, Alberto Fraga, atacou o Ministério Público do DF, responsável pela ação civil pública que resultou na suspensão das obras. “Isso é má vontade. Tem procurador defendendo até o monorail, que ainda está em teste, no lugar do VLT”, esbravejou. O monorail é o sistema
sobre pilotis.

Verba/ Em reunião com representantes do GDF, o novo embaixador da França no Brasil, Yves Saint-Geours, garantiu que o empréstimo de 144 milhões de euros (equivalente a R$ 350 milhões) da Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) para as obras do VLT não estava ameaçado. A cláusula anticorrupção do contrato se refere apenas à obra.

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