domingo, 23 de agosto de 2009

Quem paga a conta?

Nem todos no PT estão dispostos a pagar qualquer preço pela coligação com o PMDB em torno da candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, a presidente da República. A linha imposta à cúpula do partido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva está sendo questionada por caciques da legenda que têm voo eleitoral próprio. Preocupados com a humilhação imposta à sigla pelo PMDB, estariam nesse campo o ministro da Justiça, Tarso Genro, o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel, o prefeito de Nova Iguaçu (RJ), Lindberg Farias, e os governadores da Bahia, Jaques Wagner, e de Sergipe, Marcelo Déda.

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Já abalados pela saída da senadora Marina Silva (AC) do PT para ser candidata a presidente da República pelo PV, o enquadramento do líder da bancada no Senado, Aloizio Mercadante (SP), pelo presidente Lula em pessoa, traumatizou setores do partido que se digladiam com os peemedebistas nos estados. A avaliação é de que o preço do apoio do PMDB não pode ser a desmoralização dos quadros petistas com potencial eleitoral, caso de Mercadante.

Gilda

O vai não vai do líder Aloizio Mercadante, que ameaçou renunciar ao cargo mas foi demovido da ideia pelo presidente Lula, virou motivo de chacota entre os caciques do PMDB. O petista foi chamado de “Gilda” pelos desafetos, menção à personagem neurótica de Rita Hayworth no famoso clássico de Hollywood. A mesma comparação infernizou o temperamental Heleno de Freitas (Botafogo, Boca Juniors, Vasco e Santos) sempre que o craque entrava em campo. Segundo um desafeto, o petista dormiu como Gilda, na quinta-feira, e acordou Aloizio, na sexta.


Encarou


O deputado Fernando Gabeira comunicou aos aliados do PSDB e PPS que vai mesmo se candidatar a governador do Rio de Janeiro pelo PV. Avalia que o quadro eleitoral no estado está indefinido. O governador Sérgio Cabral (PMDB) é candidato à reeleição, mas o apresentador Wagner Montes (PDT), o ex-governador Anthony Garotinho (PR) e o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT), embolaram a disputa.


Regresso

Além do PSC, tucanos do Paraná estão à espreita para filiar o senador Flávio Arns, que se disse “envergonhado” de ser petista e tenta uma saída amistosa do partido. Concentrado na disputa pelo governo do estado, o PSDB busca em Arns — que foi tucano durante 11 anos — um candidato competitivo para concorrer ao Senado.


Reparação


O Superior Tribunal de Justiça (STJ) livrou o delegado federal Zulmar Pimentel de um processo no qual era acusado de vazamento de informações de uma operação da PF. O episódio lhe custou o cargo de diretor-executivo, o segundo na hierarquia da corporação. O pleno do STJ considerou, por unanimidade, que Zulmar nada teve a ver com os vazamentos. O delegado comandou as principais ações da PF durante o primeiro governo do presidente Lula.


Arrastão

O líder do PT na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP), prepara um ato de apoio à candidatura do ex-senador sergipano José Eduardo Dutra a presidente do PT. Deve receber a adesão de pelo menos 50 deputados. Os deputados Geraldo Magela (DF), Iriny Lopes (ES) e José Eduardo Cardozo (SP), que também são candidatos ao cargo, serão convidados. Ex-presidente da BR Distribuidora, Dutra é afinado com Lula, defendeu a cúpula petista na crise do mensalão e está com Dilma e não abre.


Veneno


Medicamentos (calmantes, antigripais, antidepressivos e antiinflamatórios) lideram a lista de agentes de intoxicações do Ministério da Saúde, com 30,5% das ocorrências, seguidos por animais peçonhentos, sobretudo escorpiões (19,9%), e produtos sanitários de uso doméstico (11%). Foram registrados 107.958 casos de intoxicação, com um total de 488 óbitos.


Tô fora


Prefeito de Salvador, João Henrique, do PMDB, manteve distância regulamentar da briga do ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB), com o governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), com quem mantém ampla parceria administrativa. O cacique peemedebista tenta acomodar os secretários que deixaram o governo petista na administração de Salvador.



Contra/ O PDT comunicou ao Palácio do Planalto que votará fechado pelo fim do fator previdenciário e pela equiparação da recomposição das aposentadorias vinculada ao reajuste do salário mínimo. O líder pedetista Dagoberto Nogueira (MS) também avisa que o partido só apoiará a regulamentação da exploração do pré-sal se o texto do Executivo garantir o monopólio da Petrobras.

Tsunami/ A diretoria da Infraero vive clima de apreensão. Inalterada desde a saída do brigadeiro Cleonilson Nicácio da presidência da empresa, a cúpula da estatal aguarda o encontro entre o presidente Murilo Marques e o ministro da Defesa, Nelson Jobim, seu padrinho. A reunião que definirá a dança das cadeiras entre diretores e superintendentes está prevista para esta semana.

Proteção/
Quarto-secretário da Câmara dos Deputados, Nelson Marquezelli (PTB-SP) pediu ao GDF que instale unidades da Polícia Militar, os chamados postos comunitários de segurança (PCSs), nas quadras do Plano Piloto onde há apartamentos funcionais de parlamentares. A Secretaria de Segurança Pública ainda não deu resposta.

Publicado na coluna Brasília/DF, com a participação de Guilherme Queiroz


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