domingo, 31 de janeiro de 2010

Prova de fogo

Por Luiz Carlos Azedo
luizazedo.df@dabr.com.br
Com Norma Moura


O governo não quer confusão no Congresso, que volta às atividades em 2 de fevereiro. A prioridade é a conclusão das votações do novo marco regulatório do petróleo da camada pré-sal. Dos quatro projetos, apenas o da criação da Petro-Sal foi aprovado na Câmara. Os outros três — regime de partilha, capitalização da Petrobras e criação do Fundo Social — patinam na Casa, muito mais por causa das divergências na base governista do que devido à obstrução da oposição. O maior obstáculo é um destaque ao projeto de regime de partilha, que opõe os estados do Sudeste — principalmente Rio de Janeiro — aos demais.

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O novo líder do governo na Câmara, deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), ao ser confirmado no cargo, recebeu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a incumbência de articular a aprovação dos projetos do marco regulatório até março. Será a sua prova de fogo perante os demais líderes da base, que voltarão a Brasília a partir da próxima semana de goela aberta por causa das eleições. Vacarezza recebeu recomendações expressas de zelar pelo acordo do governo com o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB).

Barulho

Mas será difícil evitar algum barulho no Congresso sob pressão dos eleitores. Estão na ordem do dia projetos relacionados aos aposentados e à redução da jornada de trabalho para 40 horas, que dividem a base e mobilizam as centrais sindicais. O governo empurra os dois assuntos com a barriga porque não tem maioria para derrotar as propostas. No caso dos aposentados, o lobby é comandado pelo senador petista Paulo Paim, do Rio Grande do Sul; a redução da jornada de trabalho é uma bandeira do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT), da Força Sindical.

Gelados

O governo deve encaminhar alguns projetos ao Congresso sem esperança de vê-los aprovados neste semestre. São temas que não emocionam os eleitores, mas também dividirão a base, como o novo marco regulatório da mineração, a reforma das agências reguladoras, a nova legislação sobre a internet e a nova política para os fertilizantes. O lobby das empresas interessadas nesses assuntos é poderoso e vai atrapalhar o governo.

Tocaia

A Casa Civil prepara a toque de caixa o projeto que servirá de plataforma eleitoral da ministra Dilma Rousseff (PT) para a população de baixa renda: a Consolidação das Leis Sociais. O governo quer perenizar o Bolsa Família e outros programas e atrair a oposição para um debate no qual só tem a ganhar.

Líder

O deputado pernambucano Fernando Ferro será o novo líder do PT na Câmara, em substituição a Cândido Vaccarezza (SP). A reunião da bancada para sacramentá-lo no cargo será amanhã. Se surgir um concorrente, será surpresa. Ferro tem o apoio de caciques de todas as tendências.

Empregos

Micro e pequenas empresas foram responsáveis pelo saldo positivo de geração de empregos formais do país em 2009. Enquanto as médias e grandes empresas chegaram ao fim do ano com 28.279 postos a menos, segundo o Sebrae, micro e pequenas criaram 1,023 milhão de novas vagas.

Empenho

O deputado José Aníbal, que está deixando a liderança do PSDB, pega leve com a ministra Dilma Rousseff (PT) quando o assunto é o veto do presidente Lula ao bloqueio das obras suspeitas de irregularidades segundo o Tribunal de Contas da União (TCU). Para ele, o veto não teria partido de Dilma. “Se desse errado, o presidente colocaria a culpa na ministra. Em todo caso, estranho é o empenho em liberar essas obras.”

Monstrengo

Ophir Cavalcante toma posse amanhã na presidência da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) pregando a abertura de mais três Tribunais Regionais Federais (TRF) : dois para a região amazônica e um para a Bahia. Ophir considera o TRF da 1ª Região, com sede em Brasília e jurisdição sobre 14 estados, um “monstrengo” judiciário.


Aguardo/ Apesar de bem cotado por sua experiência administrativa e cacifado por nomes importantes do PT, o prefeito de Osasco, Emídio de Souza, terá que esperar a decisão do presidente Lula sobre a campanha do PT em São Paulo para saber se será o pré-candidato petista ao Palácio Bandeirantes. Ou seja, esperar o carnaval passar.

Goiabeiras/ Será ampliado na marra o apertado Aeroporto de Goiabeiras, em Vitória, cujas obras foram embargadas pelo Tribunal de Contas da União e o contrato com a empresa encarregada das reformas rescindido pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim. O Exército se encarregará da construção da nova pista de acesso pelo mar, que será de cimento, e a Infraero providenciará provisoriamente uma nova estação de embarque, pré-fabricada.

Afiado/ A semana promete começar agitada no Distrito Federal, com os depoimentos de Edmilson Édson dos Santos, conhecido como “Sombra”, à Polícia Federal. Na última quinta-feira, sob a alegação de estar despreparado, Sombra pediu ao delegado responsável pela Operação Caixa de Pandora que adiasse seu depoimento. É parceiro do ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa.

Publicado na coluna Brasília/DF do Correio Braziliense

sábado, 30 de janeiro de 2010

Dilema dos distritais

Por Luiz Carlos Azedo
luizazedo.df@dabr.com.br


Um dos teoremas mais badalados da Teoria dos Jogos é o chamado “dilema do prisioneiro”. De biólogos a militares, muitos analistas recorrem ao teorema para estudar situações de competição ou conflito. Como o nome sugere, a mesma estratégia é muito utilizada por advogados criminalistas. Políticos enrolados, à sua maneira, também recorrem ao “dilema do prisioneiro”. É o que acontece na Câmara Legislativa do Distrito Federal, às voltas com uma CPI para apurar o chamado “mensalão do DEM”.

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Qual é o teorema? Numa situação hipotética, dois prisioneiros incomunicáveis podem confessar o crime ou negar sua autoria; acusar o outro prisioneiro ou não traí-lo. Na teoria dos jogos, negar a autoria e acusar o outro prisioneiro só pode ser vantajoso a curtíssimo prazo; a médio prazo, porém, é melhor negar a autoria e não acusar ninguém. Na pior das hipóteses, isso resultará numa pena branda. Essa é a estratégia dos deputados distritais flagrados em vídeo recebendo propina. Como os envolvidos são oito titulares e dois suplentes(*), é fácil entender por que a CPI empacou.

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(*) Aylton Gomes (PR), Benedito Domingos (PP), Benício Tavares (PMDB), Eurides Brito (PMDB), Júnior Brunelli (PSC), Leonardo Prudente (sem partido), Rogério Ulysses (sem partido), Rôney Nemer (PMDB), além dos suplentes Berinaldo Pontes (PP) e Pedro do Ovo (PRP).

Cacife

Muito esperto o PDT ao sair na frente no apoio à candidatura de Dilma Rousseff (PT) a presidente da República, decisão que nem sequer foi formalizada pelo PT. O encontro da petista com o ministro do Trabalho, Carlos Luppi, e o presidente em exercício da legenda, Vieira da Cunha (RS), abriu caminho, em São Paulo, para a ressurreição da candidatura a governador do prefeito de Campinas, Hélio dos Santos.

Base

O deputado federal Tadeu Filippelli está só esperando a poeira baixar para colocar o bloco na rua. Cacique do PMDB-DF, foi o grande responsável pela exclusão do ex-governador Joaquim Roriz (PSC) da legenda. Trabalha para ser vice do candidato a governador do PT, seja ele o ex-ministro do Esporte Agnelo Queiroz ou o deputado Geraldo Magela, não importa. Mas não pretende atirar pedras no governador José Roberto Arruda (sem partido).

Furgão

O senador Cristovam Buarque(PDT-DF) é quase uma unanimidade. Estimula todos os candidatos a governador que o procuram a pôr o nome na rua, do deputado distrital José Antônio Reguffe (PDT), seu correligionário, ao senador Gim Argelo (PTB), colega de Congresso. Ao mesmo tempo, reitera que não pretende voltar ao Buriti de jeito nenhum. Busca o segundo voto dos eleitores (são duas vagas) para continuar mais oito anos no Senado.

Oitenta

Velho maragato, o senador Pedro Simon, do PMDB-RS, comemora hoje 80 anos. Em grande estilo, comanda encontro estadual do PMDB na praia de Capão da Canoa, no litoral gaúcho, no qual lançará as pré-candidaturas do governador Roberto Requião (PR) a presidente da República, e de José Fogaça, prefeito de Porto Alegre, a governador do Rio Grande do Sul. O governador de Santa Catarina, Luiz Henrique (PMDB, confirmou presença.

Refluxo

O Fórum Social Mundial (FSM) de Porto Alegre terminou ontem, depois de uma semana de debates que avaliaram os 10 anos do evento. O fórum já chegou a reunir 100 mil pessoas de todos os continentes para pensar “um outro mundo possível”, mas neste ano a participação foi de apenas 35 mil militantes


Aterrissar// O presidente da Infraero, Murilo Barboza, prepara o velho prédio da Transbrasil no Aeroporto de Brasília para receber a sede do órgão, que hoje funciona no Setor Bancário Sul de Brasília. “Quanto mais perto dos aeroportos e dos aviões, melhor”, explica. A mudança também representará economia com aluguéis de dois imóveis.

Candidato// O secretário do Trabalho do DF, Bispo Rodovalho (DEM), entrou na disputa para ser candidato da legenda a governador. Concorre com a deputada distrital Eliana Pedrosa, ex-secretária de Desenvolvimento Social do GDF. Rodovalho tem esperança de receber o apoio do governador José Roberto Arruda.

Sem-terra// O deputado Rogério Marinho (RN) critica o governo federal por financiar a Associação Regional de Cooperativa Agrícola da Reforma Agrária (Acar), por meio de dois convênios de R$ 222 mil com o Incra. Seu principal dirigente, Miguel da Luz Serpa, comandou os integrantes do MST que invadiram a fazenda da Cutrale, a maior produtora de suco de laranja do país.

Pito

A liminar do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Cezar Peluso suspendendo os efeitos da decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) sobre os cartórios enfraquece o órgão. Vem aí uma enxurrada de ações contra os concursos para preenchimento das vagas de cartorário e tabelião.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Efeito catalisador

Por Luiz Carlos Azedo
Com Norma Moura
luizazedo.df@dabr.com.br


É possível listar várias causas para a crise de hipertensão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva: excesso de calorias, sono atrasado, cigarrilhas demais, falta de exercícios físicos, agenda carregada etc. Mas a hora e o local do piripaque de Recife, quarta-feira à noite, depois do jantar com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), só tem uma explicação: a conversa foi indigesta demais. O presidente do PSB não fez nada fora do protocolo, apenas disse a Lula que Ciro (PSB-CE) não aceita ser candidato a governador de São Paulo de jeito nenhum.

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Ciro mandou o seguinte recado: é candidato a presidente da República, se o partido quiser que o seja. Em caso contrário, não será candidato sequer a deputado federal. Prefere trabalhar pela reeleição do governador Cid Gomes (PSB), seu irmão, no Ceará. Lula avaliava que Ciro toparia ser candidato a governador de São Paulo.

Teimoso//

O presidente Lula queria embarcar para Davos, na Suíça, mesmo com a pressão arterial de 18 por 12. Depois de muito insistir, foi enquadrado pelo médico da Presidência, Cléber Ferreira: “Presidente, isso é uma ordem”. Lula acatou.

Sobrou

No PSB, é grande o mal-estar com as pressões do PT para que Ciro apoie Dilma no primeiro turno. O fato de os demais partidos do bloquinho — PDT e PCdoB — terem antecipado o apoio à petista é atribuído às articulações do presidente Lula. Os líderes da legenda avaliam que o PT fechou com o PMDB de Norte a Sul e não sobrou espaço para a legenda em nenhum lugar, exceto naqueles onde o PSB já é governo, como Pernambuco, Ceará e Rio Grande do Norte.

Cigarrilha

Longe do público, o presidente Lula anda fumando demais, a ponto de a primeira-dama Marisa Letícia esconder as caixas de cigarrilha Café Creme que o presidente da República passou a consumir diariamente, tragando.

Frente

O senador Gim Argello (PTB-DF) teve uma conversa reservada de uma hora e meia com o senador Cristovam Buarque, do PDT-DF, na quarta-feira. Discutiram a formação de uma frente trabalhista. Gim, candidato ao Governo do Distrito Federal, se dispõe a apoiar a reeleição de Cristovam ao Senado.

Sozinho

No que depender do PP, a pré-candidatura de Ciro Gomes à Presidência está enterrada. A legenda fecha com a ministra Dilma Rousseff. Uma consulta aos diretórios do partido mostra que 90% deles apoiam a candidata do Planalto.

Benchmarking

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, viajou ao Reino Unido e à Espanha acompanhado do ministro do Esporte, Orlando Silva, para estudar a preparação e a realização de Jogos Olímpicos e Paraolímpicos. Londres sediará as Olimpíadas de 2012; Barcelona abrigou a de 1992. A missão oficial termina na quarta-feira.

Expectativas

Termina no próximo domingo a pesquisa que o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) realiza para conhecer a opinião das principais lideranças do país sobre temas como meio ambiente, relações de trabalho, relações sociais, mudanças na estrutura familiar e novas tecnologias. O CNJ pretende ouvir 40 mil pessoas

Ícone/ A liminar que paralisou as obras do VLT (veículo leve sobre trilhos), em Brasília, determinou também a suspensão das negociações com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). Alegando estar com a cota de empréstimos para o Brasil excedida, o BID se retirou das negociações para o financiamento do projeto. O VLT seria o ícone do governo Arruda.

Emperrado/ Até o fim da tarde de ontem, o Tribunal de Contas da União (TCU) ainda não havia recebido nenhum comunicado sobre o grupo de trabalho proposto pela Petrobras para fiscalizar as obras com indícios de graves irregularidades apontadas pelo tribunal. Essas obras acabaram liberadas, após o presidente Lula vetar o bloqueio dos recursos no Orçamento de 2010.

Posse/ Na próxima segunda-feira, às 19h, no auditório do Edifício Brasil 21, o advogado paraense Ophir Cavalcante será empossado presidente nacional da OAB. Substituirá Cezar Britto, que dirigiu a entidade nos últimos três anos.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Falta pôr o guizo

Por Luiz Carlos Azedo
Com Norma Moura
luizazedo.df@dabr.com.br


A todos os interlocutores, inclusive ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos, com quem se encontrou ontem, antes de viajar para Davos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reitera que sua prioridade é convencer o ex-ministro da Integração Nacional Ciro Gomes a apoiar Dilma Rousseff (PT) e concorrer ao governo de São Paulo. Quer resolver a disputa com o tucano José Serra no primeiro turno. E para isso precisa de uma candidatura única do campo governista e uma campanha robusta em São Paulo. Lula, porém, não sabe como tratar do assunto com Ciro. Quem vai pôr o guizo no pescoço do gato? Seria Campos, mas o presidente nacional do PSB reluta.

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Eduardo Campos é aliado incondicional de Lula, mas não pode simplesmente tomar a legenda de Ciro. Seria muita deselegância, quase uma traição. Precisa de tempo para que o isolamento político e o enfraquecimento eleitoral obriguem o político cearense a jogar a toalha. Lula, porém, tem pressa. Qual a razão? São Paulo. Os petistas de São Paulo e seus aliados estão sem rumo, à espera de uma decisão de Lula, mas não desejam Ciro.

Em tempo: Pouco antes de embarcar para Davos (Suiça), Lula passou mal em Recife, onde foi internado com uma crise de hipertensão. Recebeu alta pela manhã e viajou para São Paulo.

Complexo

Ciro sempre tratou com desprezo a proposta de Lula. Considera o PT de São Paulo ensimesmado por sucessivas derrotas eleitorais. Apesar de ter transferido o título para São Paulo, sabe que é pouco conhecido no estado, cuja eleição tem muito de política de interior, na qual as relações interpessoais são decisivas. Além disso, Ciro é inimigo de Serra, mas sempre se entendeu com o ex-governador Geraldo Alckmin, do PSDB, que ostenta a condição de favorito nas pesquisas para o governo de São Paulo e faz o gênero do político caipira.

Bicadas

Os petistas de São Paulo estão mais animados com a eleição por causa do desgaste do prefeito Gilberto Kassab (DEM), que corre risco de naufrágio por causa das enchentes, e da briga entre os tucanos paulistas. Quando Serra deixar o governo, o Palácio dos Bandeirantes será comandado pelo vice Alberto Goldman, que não gosta de Geraldo Alckmin e está sendo insuflado a concorrer à reeleição.

Militantes

No PT de São Paulo, a rejeição a Ciro Gomes só não é aberta por causa do presidente Lula. Os militantes querem um candidato próprio. Se fosse de livre escolha, seria o senador Aloizio Mercadante, que não aceita a tarefa. Os dirigentes apoiam o prefeito de Osasco, Emídio de Souza, que deseja ser candidato. O senador Eduardo Matarazzo Suplicy (PT), porém, colhe assinaturas para disputar a vaga nas prévias da legenda. Além disso, a ex-prefeita Marta Suplicy já admite concorrer ao governo paulista.

Porta

Ninguém entendeu quando o novo líder tucano, deputado João Almeida (BA), invadiu a a reunião da Executiva do PMDB, ontem, na Câmara. Distraído, errou a porta da liderança do PSDB.

Falou

Aguardado na sede da Polícia Federal às 10h de ontem, em Brasília, o empresário Avaldir da Silva Oliveira, dono da CTIS — empresa de informática citada por Durval Barbosa nas investigações da Operação Caixa de Pandora — deu um drible na imprensa e chegou às 8h30. Tranquilo, tranquilo, tomou cafezinho e foi embora, sem abrir o bico. Alexandre Tavares, representante da empresa Infoeducacional, fez o mesmo. Já Nerci Soares, da Unirepro, conversou longamente com o delegado responsável pelas investigações.

Tesouro

Ações judiciais de antigas companhias aéreas assombram a Advocacia-Geral da União. Varig, Vasp, TAM, Rio Sul e Nordeste Linhas Aéreas pedem indenização por prejuízos causados pelo congelamento das tarifas de passagens aéreas durante o governo Sarney (1985-1990). No Supremo Tribunal Federal, somadas, as ações chegam a R$ 10 bilhões

Calouros/ Os 2,6 milhões de estudantes que participaram do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) saberão hoje se estão dentro de alguma das 51 instituições de ensino superior que aderiram ao Sistema de Seleção Unificada (Sisu), que adota a nota do Enem como substituta ao vestibular. Será adotado por 24 universidades federais, uma estadual e 26 institutos federais de educação, as antigas escolas técnicas.

Embargo/ Irritado com a ordem judicial de suspender as obras do VLT (veículo leve sobre trilhos), o secretário de Transportes do GDF, Alberto Fraga, atacou o Ministério Público do DF, responsável pela ação civil pública que resultou na suspensão das obras. “Isso é má vontade. Tem procurador defendendo até o monorail, que ainda está em teste, no lugar do VLT”, esbravejou. O monorail é o sistema
sobre pilotis.

Verba/ Em reunião com representantes do GDF, o novo embaixador da França no Brasil, Yves Saint-Geours, garantiu que o empréstimo de 144 milhões de euros (equivalente a R$ 350 milhões) da Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) para as obras do VLT não estava ameaçado. A cláusula anticorrupção do contrato se refere apenas à obra.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

O PT tem pressa

Por Luiz Carlos Azedo
Com Norma Moura
luizazedo.df@dabr.com.br


O ex-deputado José Dirceu advertiu à cúpula do PT de que a legenda precisa encontrar rapidamente um candidato em São Paulo. Segundo ele, é melhor do que esperar que o PSB decida o destino de Ciro Gomes, o candidato a presidente da República que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende abater ainda na pista. Sábado, Dirceu advertiu o novo presidente do PT, José Eduardo Dutra, de que o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, será o candidato do PSB a governador de São Paulo. E sugeriu que agisse logo para evitar que Ciro mantenha sua candidatura à Presidência da República na convenção do PSB.

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Artífice das alianças que levaram o presidente Lula à vitória em 2002, Dirceu é um crítico da indicação do deputado Michel Temer(PMDB-SP) para vice de Dilma Rousseff na chapa PT-PMDB. Avalia que o presidente da Câmara nada acrescentaria à candidatura da petista. Faz coro com o presidente Lula, que inventou a tal da lista tríplice do PMDB para Dilma escolher o vice com o único propósito de se livrar do compromisso com Temer.

Cascudo//

O presidente do PPS, Roberto Freire, acusado de aderir ao neoliberalismo, diz que não se importa com a irritação dos petistas por causa de suas críticas ao presidente Lula. “Durante a ditadura, organizei a resistência democrática; agora, faço oposição ao populismo petista”.


Opção

Pressionada por Lula, a cúpula do PSB tenta empurrar com a barriga a decisão sobre a candidatura de Ciro Gomes. “O que é combinado não custa caro”, adverte o líder do PSB na Câmara, Rodrigo Rollemberg, do DF, ao defender que a decisão seja tomada em março, prazo negociado com o presidente Lula para Ciro avaliar se mantém a candidatura ou não. O presidente do PSB, o governador Eduardo Campos (PE), por ora, não pretende mover uma palha sobre o assunto. Já o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), está uma onça por causa das pressões petistas.

Teimoso

Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Acre, Pernambuco e Rio Grande do Sul são estados onde as seções do PMDB não querem coligar com Dilma. Vivem às turras com o PT. Para complicar, apoiam a candidatura do governador do Paraná, Roberto Requião, que também insiste em disputar a Presidência da República em 2010.

Perigo

O Twitter, a rede social que vem sendo usada fortemente por políticos, pode não ser uma boa plataforma de trabalho pré-eleitoral. No Acre, o Tribunal Regional Eleitoral multou em R$ 5 mil um pré-candidato a deputado que estaria fazendo campanha antecipada. E proibiu todos os posts de sua página pessoal relativos à eleição.

Na carne

Corregedor-geral do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, o desembargador Roberto Wider vai responder a processo disciplinar no Conselho Nacional de Justiça por suspeita de irregularidades envolvendo cartórios extrajudiciais no estado. O CNJ aprovou ainda o afastamento preventivo do desembargador, conforme recomendou em seu voto o corregedor Gilson Dipp.

Solidário


O secretário nacional de Economia Solidária, Paul Singer, anunciou ontem que o número de pessoas envolvidas e beneficiadas pelo sistema de economia baseado na produção, na distribuição e no consumo solidário — que movimentou R$ 8 bilhões em 2007 — saltou de 1,7 milhão para 2,5 milhões

Posses/ O físico Carlos Alberto Aragão de Carvalho Filho assume, hoje, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq/MCT). Jarbas Valente toma posse em diretoria da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

Eleição/ O delegado Reinaldo de Almeida Cesar é candidato único a presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal para o biênio 2010-2012. A chapa concorrente foi impugnada. A eleição será em março.
Silêncio/ Com o habeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal em mãos, o empresário Avaldir de Oliveira, dono da CTIS — empresa de informática investigada pela Operação Caixa de Pandora, da PF — deve entrar mudo e sair calado do depoimento hoje na Polícia Federal, às 10h.

Carrão/ Um dos investigados na Operação Caixa de Pandora da Polícia Federal, aquela do panetone, resolveu deixar o Porsche Carrera em São Paulo para não chamar muita atenção.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Palanque único

Por Luiz Carlos Azedo
Com Norma Moura
luizazedo.df@dabr.com.br


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva está convencido de que a vitória da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), na corrida pela sucessão presidencial, dependerá da retirada da candidatura de Ciro Gomes (PSB). Sem isso, será mais difícil transferir votos para a ministra e manter o foco da campanha no candidato tucano José Serra (PSDB). A operação para removê-lo já foi deflagrada. Ciro virou um estorvo eleitoral.

A solução menos traumática é convencer Ciro a aceitar a candidatura ao governo de São Paulo; a pior, fechar as portas do seu próprio partido, o PSB, à candidatura presidencial. Ambas, porém, valeriam a pena. O pior dos mundos é Ciro disputar com Dilma a condição de candidato anti-Serra. E jogar por terra a estratégia de Lula para a eleição.


Pânico//

O líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (PT), está com síndrome do pânico. Toda vez que o presidente Lula liga, fica com medo de que lhe peça para ser candidato a governador de São Paulo. Mercadante nunca disse um não a Lula.

Indigesto

De férias com a mulher, Patrícia Pillar, o deputado Ciro estava na Europa e desembarca hoje em Fortaleza. Resta saber se terá apetite para um jantar com o presidente do seu partido, Eduardo Campos (PPS-PE), previsto para amanhã. No cardápio, a definição do cenário político para as próximas eleições.

Troia

O presidente da Câmara, Michel Temer, virou uma espécie de Cavalo de Troia dos caciques governistas do PMDB em guerra com o PT. Eles rechaçam a proposta de lista tríplice para indicação do vice de Dilma e ameaçam empurrar o parlamentar paulista goela abaixo de Lula. Mas podem abrir mão de Temer se o PT aceitar suas exigências em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, na Bahia, no Ceará e no Pará.

Confiscos

A Advocacia Geral da União (AGU) entrou no lobby para que o Supremo Tribunal Federal (STF) dê ganho de causa à Confederação Nacional do Sistema Financeiro (Consif), apoiada pelo Banco Central (BC), na ação que pede a validação dos confiscos dos planos econômicos Bresser, Verão, Collor I e Collor II. Cerca de 500 mil titulares de cadernetas de poupança entraram com ações judiciais contra os bancos pleiteando a restituição do dinheiro perdido.

Exemplo

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, pressiona o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel (foto) a desistir da disputa pelo governo de Minas. Não o faz em favor do ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias (PT), mas do ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB). Dilma quer Pimentel no comando de sua campanha. A desistência de Patrus, que é candidatíssimo, seria um problema para o presidente Lula resolver.

A conta

O governo vai mesmo jogar pesado no ano eleitoral. O Orçamento da União para 2010, que Lula sancionará nesta semana, prevê 5% de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e R$ 151,9 bilhões para investimentos públicos. As obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) custarão R$ 29,9 bilhões

Cavaco

O ex-ministro do Esporte Agnelo Queiroz, candidato do PT à disputa pelo governo do DF, começa a enfrentar resistência dentro do partido. O problema maior de Agnelo é o programa Segundo Tempo, marca de sua gestão no Ministério do Esporte, que está sendo investigado pelo Ministério Público Federal no DF.

Grampo/ Em sua primeira reunião do ano, o Conselho Nacional do Ministério Público pode aprovar, hoje, mudanças nas regras de interceptação telefônica. Entre outras coisas, os procuradores terão que informar o número de linhas grampeadas e a quantidade de interceptações iniciadas ou concluídas no período, além de agir contra policiais que não informarem ao Ministério Público a quebra de sigilo dos investigados.

Intifada/ A volta ao comando do PT de José Dirceu, José Genoíno e João Paulo Cunha — que tiveram seus nomes envolvidos no escândalo do mensalão — vai servir de vidraça para as pedras da oposição. “Esse será um assunto a ser tratado na campanha, pois tira um pouco da blindagem petista e mostra quem estará ao lado de Dilma”, antecipa o novo líder tucano na Câmara, João Almeida (PSDB-BA).

Doações/ Demorou, mas finalmente os Correios se engajaram na campanha de assistência humanitária às vítimas da tragédia no Haiti, que recebeu atenção especial do presidente Lula. Desde sexta-feira, a empresa transporta para um quartel no Rio os donativos recolhidos em todo o Brasil.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Lula não perdoa

Por Luiz Carlos Azedo
luizazedo.df@dabr.com.br
com Norma Moura


Não foi à toa que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou o presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), de “babaca” na reunião ministerial de quinta-feira. O tucano faz parte de uma lista de desafetos do presidente da República, alguns chamados de “traidores” por petistas que integram o núcleo do governo. Guerra ficou marcado como vira-casaca em Pernambuco, quando deixou o PSB. Era um dos políticos mais ligados a Miguel Arraes, que refundou a legenda, mas depois se aliou ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

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Outro “traidor” é o presidente do PPS, Roberto Freire, que liderou a metamorfose do antigo PCB e tenta conquistar uma cadeira de deputado federal por São Paulo. Também fazem parte da relação a ex-senadora Heloísa Helena (AL), que rompeu com o PT e fundou o PSol, e a senadora Marina Silva (AC), que recentemente deixou o PT para ser candidata à Presidência da República pelo PV. A lista se completa com o deputado Fernando Gabeira (PV), candidato ao governo do Rio de Janeiro, e o senador Cristovam Buarque (DF). Demitido do cargo de ministro da Educação por telefone, o ex-governador do Distrito Federal trocou o PT pelo PDT , que hoje se reaproxima de Lula.

Desafetos

Por falar em desafetos, o presidente Lula não esconde de ninguém a intenção de derrotar alguns líderes da oposição que o incomodaram muito durante os dois mandatos e estão em risco eleitoral para voltar ao Senado. O principal é o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio Neto (foto), no Amazonas. Outro é o primeiro-secretário do Senado, Heráclito Fortes (DEM-PI). Ambos concorrerão à reeleição.

Salvos

Está fora da linha de tiro do presidente Lula o senador Pedro Simon (PMDB-RS), que foi reeleito em 2006 e não precisa concorrer. O senador Jarbas Vasconcelos (foto), do PMDB, estaria na mesma situação, mas vai à luta como candidato ao governo de Pernambuco.

Apronto

Chumbo trocado não dói. Luiz Gonzalez, marqueteiro de Serra, gostou do tiroteio entre tucanos e petistas da semana passada. Serviu para testar as reações da candidata do presidente Lula, Dilma Rousseff (PT), em momentos de confronto. A avaliação é de que a petista errou ao escolher a visita a Minas para endurecer o discurso contra o PSDB. Apesar de mineira, deu uma de gaúcha. Mineiro, quando vê três elefantes voando, continua pitando. Trata-os como se fossem passarinhos em busca do ninho, lembra um tucano.

Restituição

O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) começa a pagar, a partir de amanhã, 27 milhões de aposentados, pensionistas e demais segurados. O INSS restituirá a 1.297.951 beneficiários o valor descontado a mais na folha de pagamento de dezembro de 2009, a título de Imposto de Renda. O valor médio das restituições é de
R$ 6,43

Moeda

Existem no país quase 4 bilhões de moedas de 1 centavo. Mesmo com a produção suspensa desde 2005, o Banco Central garante que essa quantidade é suficiente para atender a demanda. Apesar disso, é cada vez mais raro encontrar estabelecimentos comerciais que possuam troco quando se trata de 1 ou 2 centavos. O povo guarda a moeda de 1 centavo como se fosse o Tio Patinhas.

Garoa/ Se não chover demais, São Paulo comemora 456 anos com uma virada de samba no Vale do Anhangabaú. Começa na tarde de hoje e só termina amanhã à noite. Demônios da Garoa, Arlindo Cruz, Leci Brandão, Paula Lima, Negra Li e Tony Garrido são alguns dos artistas convidados.

Fritura/ Dois secretários-executivos correm o risco de não virarem ministros quando chegar o momento da desincompatibilização. No Ministério da Integração Nacional, João Santana Filho, apesar de contar com o apoio do ministro Geddel Vieira Lima (PMDB), encontra resistência no Planalto. Já no Ministério das Comunicações, o ministro Hélio Costa trabalha para emplacar seu chefe de gabinete, José Artur Filardi, no lugar do atual secretário-executivo, Fernando Lopes.

Cartórios/ O Conselho Nacional de Justiça fechou a conta: 7.828 cartórios terão que realizar seleção pública para substituir os tabeliães e notários que exercem o cargo sem concurso, como interinos ou substitutos.
Deputados querem mudar a legislação no Congresso para evitar a medida contra o apadrinhamento
e o nepotismo.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Ameaça vira ponto fraco

Por Luiz Carlos Azedo
com Norma moura
luizazedo.df@dabr.com.br


No jargão tucano, ameaças são variáveis fora de controle e não pontos fracos. O problema é quando uma coisa vira outra. É o caso das chuvas em São Paulo. Para o governador José Serra, candidato a presidente da República do PSDB, as fortes chuvas que castigam os paulistas desde o fim do ano passado foram uma fatalidade climática, que poderia ser administrada com a identificação dos culpados de sempre — os prefeitos que não cuidam direito de suas cidades — e providências enérgicas, de corpo presente, para socorrer a população atingida por enchentes e desmoronamentos.

O problema é que essa estratégia é um tiro no peito do prefeito Gilberto Kassab (DEM), aliado incondicional de Serra, afogado num desastre pluvial de proporções que há muito não se via. Não é só por causa do Tietê, que voltou a transbordar com frequência, provavelmente devido às obras de ampliação das vias marginais. São bairros inteiros que estão debaixo d’água. No centro da capital, o Anhangabau voltou a encher; os túneis Ayrton Senna e Tribunal de Justiça, no Ibirapuera, também.

Piscinões

Os cortes em despesas de custeio, como limpeza de galerias, varrição de ruas e construção de piscinões (grandes depósitos de águas subterrâneas) agravaram os problemas com as chuvas em São Paulo. Gilberto Kassab confiou mais em São Pedro do que nas previsões dos meteorologistas. Ontem, demorou a providenciar a mobilização de equipes da Defesa Civil e da Engenharia de Trânsito para administrar o caos causado pelas chuvas. Gosta mais do gabinete do que de rua e virou uma dor de cabeça a mais para Serra.

Errático

Apesar das enchentes, o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB) nada de braçada nas eleições para o Palácio dos Bandeirantes. Foi adversário de Kassab, que o derrotou nas eleições da capital, e seu único adversário, até agora, é o presidente de Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, candidato do PSB e estreante na política. Oito meses antes das eleições, o poderoso PT paulista simplesmente não sabe o que fazer. Espera o presidente Lula convencer o deputado Ciro Gomes, candidato à Presidência da República, a desistir da sucessão e a assumir o lugar do empresário paulista.

Promessa

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou um crescimento do PIB de 5,2% em 2010, abaixo dos 5,8% projetados pelo Banco Central. O governo se esforça para gerar expectativas positivas, com um olho na expansão do mercado interno (7,3%) e outro no saldo negativo das contas externas, o pior desde 1947: deficit de US$ 5,94 bilhões

Quente

Ao som de Ivete Sangalo, o governador petista Jaques Wagner (foto) e a primeira-dama Fátima, quinta à noite, no Festival de Verão de Salvador, no Parque de Exposições, tricotavam com o ex-governador Paulo Souto e os deputados ACM Neto e José Carlos Aleluia. Arderam as orelhas do ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB), desafeto do petista.

Caixa-preta

Na embaixada da França, em Brasília, causou espanto o preço atribuído aos caças Rafale. “São valores inventados. Falam em 10 bilhões de reais, depois de dólares. Agora, o preço já caiu pela metade, algo em torno de R$ 5 bi”, diz uma fonte da embaixada. O valor básico de cada aeronave será o mesmo pago pelo governo francês, segundo o presidente Nicolas Sarkozy prometeu ao presidente Lula. Porém, é um segredo de Estado.

Enredo

O bloco carnavalesco Nós que nos amamos tanto, da Asa Sul de Brasília, escolhe hoje o seu samba de 2010, em democrática votação, a partir das 15h, na esquina (?) da 302. O enredo não poderia ser outro: Dos traços do arquiteto ao panetone: apogeu e glória em meio século de alegria candanga.

Atrapalhado/ A dissolução do diretório do DEM no Distrito Federal, ameaça feita pelo líder do partido na Câmara, deputado federal Ronaldo Caiado (GO), segundo o vice-governador Paulo Octávio, não passa de bravata. Caiado estaria irritado porque Paulo Octávio anunciou que estava fora da disputa e depois voltou atrás.

Clientelismo/ A Receita Federal proibiu a distribuição de mercadorias apreendidas a órgãos da administração pública. A proibição abrange o período de 3 de julho a 31 de outubro e tem alvo certo: impedir que os governadores e prefeitos façam uso eleitoreiro do material apreendido, distribuindo-o gratuitamente à população.

Campanha/ A caravana comemorativa dos 30 anos do PT neste fim de semana, no Piauí, estado comandado pelo petista Wellington Dias, será seguida de perto não só por militantes. A Comissão de Propaganda Eleitoral do Tribunal Regional Eleitoral do estado deu ordem aos promotores eleitorais para colher provas de propaganda antecipada. O mesmo vale para o evento do PSB marcado para hoje.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Palanques estratégicos

Por Luiz Carlos Azedo
Com Norma Moura
luizazedo.df@dabr.com.br


O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), está convencido de que somente tem a ganhar empurrando com a barriga o debate pré-eleitoral. Ninguém vai tirá-lo do sério, nem mesmo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que volta e meia solta farpas em sua direção. O tucano evita o confronto aberto. Não quer o carimbo de anti-Lula no meio da testa, como gostaria a candidata petista Dilma Rousseff. Ademais, Serra tem problemas em São Paulo, onde enfrenta desgastes causados pelas sucessivas enchentes, principalmente na capital, onde a aprovação do prefeito Gilberto Kassab (DEM) desabou.

A grande crítica dos aliados a Serra é a falta de iniciativa na articulação de palanques regionais, face a ofensiva do presidente Lula para consolidar alianças em torno da candidatura de Dilma. Esse é o ponto fraco da estratégia de Serra, mas não é culpa exclusiva do candidato tucano. O PSDB não é um partido robusto. O DEM está muito enfraquecido, ainda mais depois do escândalo do Distrito Federal, e o PPS sempre foi um pequeno partido. Num cenário como esse, o decisivo é garantir uma maioria esmagadora de votos em São Paulo desde a largada da campanha. E não perder a eleição em Minas Gerais. Fora daí, é possível neutralizar eventuais derrotas locais, mesmo no Nordeste.

Alianças

Fora do eixo São Paulo, Minas e Goiás, a alternativa de Serra é construir palanques estratégicos com um sistema de alianças muito heterodoxo. Dissidentes do PMDB, como o prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, no Rio Grande do Sul, e o ex-governador Jarbas Vasconcelos, em Pernambuco, são aliados fundamentais. A amizade colorida com Fernando Gabeira (foto), no Rio de Janeiro, que apoia Marina Silva (PV), do seu partido, no primeiro turno, passou a ser vital. E o que sobrar das disputas entre PT e PMDB em Minas, Bahia, Ceará e Pará será lucro.


Fraqueza

O PSDB é forte em São Paulo (29,5 milhões de eleitores) e Minas (14,1 milhões), está bem posicionado em Goiás (3,9 milhões), mas entrou em parafuso no Rio Grande do Sul (7,9 milhões), está dividido no Paraná (7,3 milhões) e na Paraíba (2,6 milhões), é residual no Rio de Janeiro (11,3 milhões), na Bahia (9,2 milhões), no Ceará (5,7 milhões), em Pernambuco (4,6 milhões) e no Pará (4,6 milhões). O total de eleitores no Brasil é de 132 milhões

Recado

Chateado com o PT por causa da sucessão do governador tucano Aécio Neves (PSDB) em Minas, o ministro das Comunicações, Hélio Costa (foto), não foi à reunião ministerial de ontem. Manteve suas férias no exterior. O peemedebista é candidato a governador e não abre.

Peroba//

A estratégia de defesa dos deputados suspeitos de receberem propina para apoiar o governo do Distrito Federal será a tese de que “apenas” não declararam o dinheiro recebido em campanha. Como crime eleitoral, o mesmo estaria prescrito 15 dias após a data de aprovação e publicação das contas das eleições de 2006 no Diário Oficial.

Cadê?

A UNE e a Ubes, que hoje são entidades financiadas pelo governo Lula, estão perdendo o bonde da História. Na faixa etária dos 16 aos 20 anos, a taxa de desemprego passou de 7%, em 1987, para mais de 20%, em 2007. Na faixa dos 21 aos 29 anos, o desemprego mais que dobrou, passando de 5% para 11% no mesmo período. Os dados foram divulgados pelo Instituto de Pesquisas e Estudos Aplicados (Ipea). Não é à toa que o alcoolismo, o tráfico de drogas e a violência explodiram entre os jovens nessa década perdida.

Reincidente

O Ministério Público Eleitoral em Sergipe entrou com representação contra o governador Marcelo Déda por propaganda eleitoral antecipada. O governador espalhou outdoors desejando aos sergipanos um feliz 2010. Déda responde a processo por crime eleitoral nas eleições de 2006. Mais espertos foram os políticos fluminenses que expressaram seus votos em faixas tremulando na cauda de aviões nas praias cariocas, lotadas de banhistas, nos primeiros dias do ano.

Orçamento/ O Tribunal de Contas da União (TCU) desmentiu a Petrobras e negou ontem, em comunicado, que esteja participando de grupo de trabalho para discutir fiscalizações em projetos da estatal. A criação do grupo de trabalho foi divulgada no site da Petrobras, que corre o risco de ter verbas cortadas no Orçamento de 2010 para quatro obras que podem entrar na lista negra do Congresso.

Reservas/ Irritado com a decisão dos aliados do governador José Roberto Arruda de enterrar a CPI da Codeplan, evitando assim o depoimento de Durval Barbosa, marcado para a próxima terça-feira, o presidente em exercício da Câmara Legislativa do DF, o petista Cabo Patrício, promete indicar novos membros para a CPI. “Eles estão brincando com coisa séria”, ameaçou.

Agenda/ O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), deputado Armando Monteiro (PTB-PE), mobiliza os líderes da indústria nacional para debater a agenda legislativa da entidade. São quase 120 projetos em tramitação no Congresso, dos quais 10 serão escolhidos como prioritários. A reunião será nos dias 3 e 4 de fevereiro.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

O fim da miséria

Por Luiz Carlos Azedo
luizazedo.df@dabr.com.br


O ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias (PT), garante que até o fim do mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva o governo acabará com a miséria absoluta no Brasil. Será o resultado do direcionamento dos gastos sociais para as parcelas mais pobres da população. A “focalização” surgiu como ideia social-liberal, na equipe do ex-ministro da Fazenda Pedro Malan, para compensar o impacto do ajuste fiscal do governo Fernando Henrique Cardoso junto à população de baixa renda, mas não passou de uma espécie de “amostra grátis”.

No atual governo, a “focalização” da assistência social mudou de natureza com a decisão do presidente Lula de estender o programa Bolsa Família a todas as famílias que estavam abaixo da linha de pobreza. Uma espécie de salto de qualidade decorrente da escala. Hoje, há 11,6 milhões de famílias beneficiadas pelo programa, aproximadamente 46,2 milhões de pessoas, ou seja, mais de 25% da população, beneficiadas com R$ 13,1 bilhões. Somam-se a essas pessoas 1,6 milhão de idosos e 1,8 milhão de portadores de deficiência que recebem do governo um salário-mínimo por mês de benefícios, num total de mais R$ 16 bilhões. Sem falar nos 7,6 milhões de aposentados rurais, beneficiados pela Constituição de 1998, que hoje recebem em média R$ 533,20.


Ideia-força

Criticar o Bolsa-Família pode dar votos para um candidato em busca de apoio da alta classe média, mas virou suicídio eleitoral para quem disputa eleições majoritárias. Acusado de assistencialista e populista pela oposição, o programa conquistou corações e mentes de uma grande parcela da população até então excluída da esfera de atendimento do Estado, ampliou a renda nas periferias e grotões e praticamente erradicou a fome endêmica no país. Em relação ao presidente Lula, tem o mesmo papel que a carteira assinada e o salário-mínimo representaram para Getúlio Vargas.

Aceleração

Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), entre 1995 e 2008, a queda média anual na taxa nacional de pobreza absoluta (até meio salário mínimo per capita) foi de -0,9%, enquanto na taxa de pobreza extrema (até um quarto de salário mínimo per capita) foi de -0,8% ao ano. Entre 2003 e 2008, a queda na taxa de pobreza absoluta foi de -3,1%, enquanto na taxa de pobreza extrema foi de -2,1% ao ano. Para acelerar esse processo, o governo pretende ampliar o Bolsa Família para 12,9 milhões de famílias

Banqueiros

Pesquisa MCM na banca paulista endossa a política monetária do governo Lula (91% de bom e ótimo), o controle da inflação (88% de bom e ótimo) e a política cambial (65% de bom e ótimo), mas detona a política fiscal (69% de bom e ótimo). Quanto à sucessão de Lula, 59% acreditam na vitória de Serra e 21%, na de Dilma.

Brasília, 50 anos//

Com a crise do GDF, o pacote de 50 obras prometidas para os 50 anos de Brasília não ficará pronto na data prevista, 21 de abril. Mas o governador José Roberto Arruda (sem partido) quer inaugurar, pelo menos, a nova rodoviária interestadual e a torre da tevê digital no aniversário da capital.

Caridade

O PTB deve desembolsar, em breve, R$ 30 mil para o PT e para o deputado Geraldo Magela, do PT-DF. O dinheiro resulta de uma ação em fase de execução pelo Tribunal de Justiça do DF em que o partido comandado pelo ex-deputado Roberto Jefferson foi condenado por acusar o petista de corrupção e grilagem de terras durante programa eleitoral, em 2004. Magela decidiu doar sua parte na indenização a uma entidade de apoio a crianças com câncer.


Vazante

Candidato do PT ao governo do Distrito Federal, o ex-ministro dos Esportes Agnelo Queiroz (foto) enfrenta dificuldades para consolidar suas alianças. O PSB discute o lançamento da candidatura do deputado Rodrigo Rollemberg (DF) na próxima segunda-feira. No PDT, também se consolida o nome do deputado distrital José Antônio Reguffe.

Contrato/ Um contrato de mais de R$ 190 milhões para o fornecimento de 15 mil kits destinados aos telecentros do programa Inclusão Digital, do Ministério das Comunicações, está na mira do Tribunal de Contas da União (TCU). Após representação de uma empresa perdedora, o órgão vai ouvir o subsecretário de Planejamento e Orçamento do ministério, José Maurício Salgado, sobre possíveis irregularidades na fase dos testes de conformidade dos produtos fornecidos.

Dendê/ A convite do líder do PP na Câmara, Mário Negromonte, a presidente da Associação das Baianas de Acarajé, Rita Ventura, deve desembarcar em breve com seu tabuleiro em Brasília. A ideia é servir a iguaria ao presidente Lula, fã do apimentado quitute baiano, para comemorar a criação do Dia Nacional da Baiana de Acarajé, 25 de novembro, lei publicada ontem no Diário Oficial.

Desplugado/ O deputado Celso Russomanno (PP-SP) quer mudar a lei que impôs o novo padrão de tomadas no país. Apesar de serem mais seguras, Russomanno acredita que façam mal ao bolso do consumidor. Pelos seus cálculos, uma tomada no novo padrão sai em média R$ 4, e cada residência possui em torno de 20 tomadas, o que custaria ao consumidor R$ 80. Ele estima em 40 milhões o número de domicílios com energia elétrica.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

A lição chilena

Por Luiz Carlos Azedo
luizazedo.df@dabr.com.br
Com Norma Moura

O resultado das eleições do Chile caiu como uma bomba no comando da campanha de Dilma Rousseff (PT). Os aliados da ministra-chefe da Casa Civil acenderam uma luz vermelha em relação a dois aspectos da sucessão presidencial: primeiro, a divisão da base governista por causa da candidatura de Ciro Gomes (PSB); segundo, o limite da transferência de votos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a petista, que não tem o mesmo carisma e o traquejo eleitoral de Lula.

Na avaliação do Palácio do Planalto, porém, a divisão das forças da Concertacíon no primeiro turno das eleições chilenas teve mais peso no resultado do que a falta de carisma de Eduardo Frei Filho. O ex-presidente chileno tentava voltar ao poder com o apoio de Michele Bachelet, que encerra o mandato com 80% de aprovação. Por esse motivo, recrudesce a pressão para que Ciro Gomes desista da candidatura a presidente da República e concorra ao governo de São Paulo.


Guizo

Lula reluta em dizer com todas as letras ao candidato do PSB, Ciro Gomes, que ele deve desistir da disputa presidencial. Espera que a cúpula do PSB se encarregue da missão, isto é, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (foto), que preside a legenda. Para Lula, é preciso convencer o ex-ministro da Integração Nacional da necessidade de convergência de todas as forças governistas contra o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), que se mantém como favorito na disputa.

Sacrifício

Ciro Gomes viajou para o exterior. Para a cúpula petista, o candidato do PSB praticamente jogou a toalha por causa do isolamento que lhe foi imposto por Lula. Resta saber se Ciro ainda aceita o sacrifício de concorrer ao governo

Criaturas

Sim, no Brasil se transfere voto, argumenta a cúpula petista. Em 2008, João Paulo (PT) elegeu João Costa (PT) no Recife; Serra reelegeu Gilberto Kassab (DEM) na capital paulista. Aécio Neves (PSDB) e Fernando Pimentel (PT) emplacaram Márcio Lacerda (PSB) em Belo Horizonte. Em São Paulo, Paulo Maluf (PP) elegeu o prefeito Celso Pitta (PP), em 2000; e Orestes Quércia(PMDB) elegeu Luiz Antônio Fleury Filho (PMDB) governador, em 1990; no Rio, César Maia (DEM) pôs Luiz Paulo Conde na prefeitura, em 1996.de São Paulo. A interlocutores, diz que não. Os petistas de São Paulo também procuram outro caminho. O nome mais forte da legenda para concorrer ao governo, o senador Aloizio Mercadante, apesar das pressões, não aceita a tarefa de jeito nenhum.

Poderio//

O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) emplacou o assessor parlamentar Jorge Bastos na diretoria da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Ele entra no lugar de Francisco Oliveira Filho, também ligado ao ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB).


Impasse

A queda de braço entre o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel e o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, os caciques petistas que disputam a vaga de candidato a governador de Minas, pode tirar os dois do páreo. A prioridade do presidente Lula é um acordo que garanta o apoio do ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB), à candidatura de Dilma Rousseff (PT).

Casa própria

Pela primeira vez, a Caixa Econômica Federal superou a barreira dos R$ 100 bilhões em empréstimos imobiliários. Liberou a pessoas físicas, jurídicas e ao setor de habitação, em 2009, créditos no valor de R$ 125 bilhões

Aliança/ O vice-governador de Santa Catarina, Leonel Pavan (PSDB), alvejado por denúncias, está fora da sucessão do governador Luiz Henrique (PMDB), que disputará uma vaga ao Senado. Ambos devem apoiar a candidatura de Raimundo Colombo (DEM).

Gripe/ Nem Funai, nem Polícia Federal. O principal motivo da desmobilização dos índios da etnia potiguar — que ocupavam há mais de dez dias a sede da Funai, em Brasília — foi uma gripe. Abatidos, com febre e dor de garganta, os cerca de 600 índios bateram em retirada, rumo ao litoral norte da Paraíba. Porém, o cacique Caboclinho promete voltar com 5 mil indígenas a Brasília, caso as reivindicações não sejam atendidas pelo presidente da Funai, Márcio Meira.

Multa/ De olho na propaganda eleitoral antes da hora, o Ministério Público da Bahia pediu a condenação do ministro da Integração Nacional e do presidente do diretório municipal do PMDB de Vitória da Conquista por propaganda eleitoral irregular. A multa pode chegar a R$ 25 mil. “Tô com vocês. Boas festas [Geddel]”, diziam os outdoors espalhados pela Bahia.

Exército

A propósito da nota “Quem pode, pode”, na coluna Brasília-DF, o Centro de Comunicação Social do Exército esclarece: o mandato da ONU que estabelece a missão do General de Brigada Floriano Peixoto Vieira Neto, no cargo de Comandante das Forças Militares da Missão das Nações Unidas para a Estabilização no Haiti (Minustah), se encerra em 09 de abril de 2010, quando será substituído.

Inicialmente, o General-de-Divisão Carlos Alberto dos Santos Cruz, em razão de exercer o cargo de Comandante da 2ª Divisão de Exército (2ª DE), Grande Comando Operacional a que estão subordinadas as Organizações Militares que constituem o atual contingente brasileiro da Minustah, foi designado pelo Comandante Militar do Sudeste (CMSE) para deslocar-se ao Haiti com o objetivo de prestar solidariedade e de levar mensagem de estímulo do Comandante Militar de Área aos integrantes das tropas do CMSE.

Posteriormente, com a evolução dos fatos, e tendo em vista a retomada do rodízio dos contingentes e a previsão de traslado dos corpos dos nossos militares falecidos para o Brasil, no próximo dia 20 (4ª feira), tornou-se imperiosa a necessidade da presença do Comandante da 2ª DE na coordenação direta das medidas a serem adotadas em São Paulo (SP).


» Centro de Comunicação Social do Exército

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Quem pode, pode

Por Luiz Carlos Azedo
Com Norma moura
luizazedo.df@dabr.com.br


O Ministério da Defesa resolveu avaliar melhor a situação das tropas brasileiras no Haiti e despachou para lá, no domingo, o general de divisão Carlos Alberto dos Santos Cruz, comandante da 2º Divisão de Exército, com sede em São Paulo. Ele chefiou as forças de paz da ONU (Minustah) de 2007 a 2009. O Brasil tem o comando dos 7 mil homens que integram a força internacional, sendo 1.266 militares brasileiros do Exército e do Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha. Os Estados Unidos, porém, despacharam 10 mil homens para o Haiti, porta-aviões, navios etc. E o presidente Barack Obama convocou reservistas para enviar mais gente. O país foi praticamente ocupado pelas tropas norte-americanas.

O atual force commander da Minustah, general de brigada Floriano Peixoto, não gostou, mas terá que se conformar com a chegada de Santos Cruz. Não estava no posto no dia do terremoto, havia viajado para Miami (EUA). Se estivesse em Porto Príncipe, poderia ter morrido em ação, como outros militares brasileiros. Voltou às pressas, mas isso não vem ao caso. Na presença de um repórter do IG, após uma entrevista, Floriano chegou a reclamar por telefone do envio do ex-comandante da Minustah, a quem substituiu em junho passado.

Retrocesso

O grande problema de Floriano Peixoto é que o principal trabalho realizado pelas tropas brasileiras — desarmar as gangues, prender seus líderes e manter a ordem pública no país — quase voltou à estaca zero com a fuga de 3 mil presos. Os bandidos levaram todas as armas dos guardas e reassumiram o controle das favelas. Enquanto a Minustah faz o que pode para socorrer os sobreviventes do terremoto, prioridade imposta pela tragédia, a violência já recrudesce no Haiti.

Reforço

Santos Cruz ganhou a confiança da ONU e dos norte-americanos porque foi excelente force commander. Controlou as favelas de Porto Príncipe, principalmente Cité Soleil, e conquistou o apoio da população haitiana. Precisa negociar com os militares americanos como as coisas funcionarão doravante. A hegemonia militar brasileira no Haiti foi suplantada pela maciça presença norte-americana. Para manter o comando, o Brasil precisará enviar mais homens para o Haiti e, talvez, um general mais graduado.

Voluntários

O Ministério da Saúde está cadastrando voluntários para enviar ao Haiti. Somente da rede do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), dos Hospitais Federais do Rio de Janeiro e do Grupo Hospitalar Conceição, do Rio Grande do Sul, já se apresentaram 500 profissionais de saúde.

Non troppo

O vice-governador Paulo Octávio (DEM-DF) desistiu de disputar o Governo do Distrito Federal, mas não deve deixar o cargo que ocupa, em março, para concorrer à Câmara dos Deputados. Nesse caso, o primeiro na linha de sucessão do governador José Roberto Arruda será o próximo presidente da Câmara Legislativa.

Devagar

A cúpula do PMDB se reunirá amanhã na residência oficial do presidente da Câmara, Michel Temer, de São Paulo. No jantar, Temer dirá que não tem pressa na definição em relação à vice na chapa da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT). Avalia que é cedo. Temer está sendo fritado pelo presidente Lula.

Mandacaru

O governador José Serra (SP) faz o que pode para superar a falta de palanques no Nordeste. No Ceará, que foi o primeiro reduto tucano, restou-lhe a candidatura do deputado estadual Luiz Pontes (PSDB), que deve receber o apoio de Tasso Jereissati, com quem mantém laços de família. O PT e o PMDB fecham com o atual governador do estado, Cid Gomes (PSB), candidato à reeleição. O deputado Eunício Oliveira (PMDB) é a opção para senador, mas anda se estranhando com o ministro da Previdência, José Pimentel (PT), que também é candidato ao Senado.

Palanque/ Pela primeira vez, o governador de Minas, Aécio Neves, não prestigia uma visita do presidente Lula, que vai ao Vale do Jequitinhonha e Juiz de Fora hoje. “Fui comunicado da agenda quase no fim de semana e tenho outros compromissos em Minas. Expliquei isso ao presidente, que compreendeu perfeitamente”, justifica. Aécio mantém distância de Dilma.

Armistício/ Reinou o consenso, ontem, na reunião para discutir o 3º Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH-3) na Câmara. Mas nem de longe é o que se espera com o fim do recesso parlamentar. Para o vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, Pedro Wilson (PT-GO), o plano ainda vai gerar muita polêmica por causa da questão agrária.

Pilatos/ O presidente do Senado, José Sarney(PMDB-AP), distribuiu nota na qual se exime de qualquer responsabilidade sobre a fundação que leva o seu nome no Maranhão. A Fundação Sarney está sob investigação por causa do suposto desvio de patrocínios da Petrobras. O ex-presidente da República doou 50 mil livros, manuscritos de autores nacionais e estrangeiros, 400 mil documentos históricos, um arquivo audiovisual de 1.500 horas e cerca de 4 mil objetos de arte e presentes que recebeu quando exerceu o cargo à entidade. “Caso seja procedente qualquer acusação, que os responsáveis sejam punidos na forma da lei”, disse.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Pacto de conveniência

Por Luiz Carlos Azedo
luizazedo.df@dabr.com.br


A cúpula do PMDB fará um encontro na próxima semana, em Brasília, para acertar os ponteiros em relação à eleição do novo diretório nacional da legenda. Escaldados, o presidente do Senado, José Sarney (AP), e o líder da bancada de senadores, Renan Calheiros (AL), não querem marola com a bancada da Câmara, controlada pelo presidente da Casa, Michel Temer (SP), e o líder Henrique Eduardo Alves (RN), com apoio dos deputados Eduardo Cunha (RJ) e Eunício de Oliveira (CE). Uma divisão entre eles pode abrir espaço para que a ala oposicionista encabeçada pelo ex-governador Orestes Quércia (SP) e os senadores Jarbas Vasconcelos (PE) e Pedro Simon (RS) ganhe força na legenda e acabe inviabilizando a coligação com o PT em torno da candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.

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É um pacto de conveniência. Porém, robusto o suficiente para impor condições ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A primeira delas é a indicação do vice, posição que a bancada na Câmara insiste em pleitear para o presidente licenciado da legenda, Michel Temer, apesar de Lula já ter mandado recado de que prefere outro nome, no caso o ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB). Na cúpula da legenda, a indicação do ministro peemedebista não passaria de uma manobra para desobstruir o caminho do ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel ou do ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, ambos petistas, ao governo de Minas.

Trauma// As tropas brasileiras no Haiti, cujo rodízio deveria ter sido iniciado na quarta-feira, voltarão ao país a partir da próxima semana. Todos os soldados da força de paz serão substituídos por um novo contingente que já está mobilizado no Brasil. Se houver aumento das tropas, não será mantendo por lá os que sobreviveram ao terremoto.

Restituição

A Receita Federal do Brasil libera amanhã mais um lote residual do Imposto de Renda Pessoa Física 2006, ano-calendário 2005. Dos 19.558 contribuintes, terão direito à restituição 2.511, que receberão um montante total de R$ 5.612.892,50


Hamlet

Muito bem avaliado nas pesquisas, o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), está em dúvida se permanece no cargo até o fim do mandato ou concorre a uma cadeira no Senado. Seu problema é a disputa entre o vice-governador Ricardo Ferraço (PMDB), seu candidato, e o ex-prefeito Luiz Paulo Vellozo Lucas (PSDB), o amigo dissidente. O senador Renato Casagrande (PSB) somente será candidato com o apoio do PT, mas o prefeito de Vitória, João Coser (PT), já apoia Ferraço.


Dois estados

Minas e Bahia são os estados onde as relações do PMDB com o PT estão mais tensas. A bancada mineira é a segunda em delegados na convenção nacional e não está disposta a abrir mão da candidatura própria para apoiar um candidato petista ao governo de Minas. Na Bahia, o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima (PMDB), e o governador petista Jaques Wagner continuam em rota de colisão. Hélio e Geddel têm a solidariedade dos caciques do PMDB que apoiam Dilma.


Escanteio

Candidato à reeleição, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), jogou para escanteio: o senador Marcelo Crivella (foto), do PRB, está fora de sua chapa ao Senado. A preferência é para o presidente da Assembleia Legislativa, Jorge Picciani (PMDB), e o prefeito de Nova Iguaçu, Lindberg Farias (PT). O petista, porém, precisa disputar a vaga com a ex-governadora Benedita da Silva.

Afogado

A candidatura do ex-ministro da Integração Nacional Ciro Gomes (foto) a presidente da República está mesmo por um fio. A cúpula do PSB começa a dar sinais de que não vai sustentá-la até março, prazo que lhe foi dado para consolidá-la. A bancada federal na Câmara, principal sustentáculo de sua candidatura, começa a se dar conta de que Ciro foi isolado pelo Palácio do Planalto. O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, presidente do PSB, também começa a ser pressionado pelo PT, que ameaça lançar o ex-prefeito do Recife João Paulo ao governo pernambucano. Campos é avalista da candidatura de Ciro.

Caçada/ O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), nomeou uma comissão de sindicância, formada por cinco agentes da Polícia Legislativa, para investigar o vazamento de informações sobre recursos humanos para os jornalistas que cobrem o Congresso.

Vanguarda/ O ministro da Defesa, Nelson Jobim, vai ao Congresso relatar a catástrofe do Haiti e pedir apoio às ações da força de paz que o Brasil mantém naquele país. A primeira reunião será na Comissão de Relações Exteriores do Senado. Dirá que a presença dos militares brasileiros e a mobilização do governo para prestar solidariedade às vítimas do terremoto não têm precedentes desde a Segunda Guerra Mundial graças ao protagonismo do presidente Lula.

Discórdia/ O deputado Eduardo Gomes (PSDB-GO) articula a formação de uma comissão geral da Câmara para discutir o polêmico terceiro Programa Nacional de Direitos Humanos lançado pelo presidente Lula. Os tucanos estão gostando do debate com o PT sobre os temas abordados no programa.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Efeito dominó

Por Luiz Carlos Azedo
luizazedo.df@dabr.com.br


O vice-governador Paulo Octávio comunicou à cúpula do DEM que não pretende se candidatar ao governo do Distrito Federal em 2010. “Foi uma decisão familiar, tomada com a minha esposa e os meus filhos”, disse ontem, à coluna, por telefone, direto de Nova York. A prioridade de Paulo Octávio, segundo um assessor, é a preservação do grupo empresarial que lidera há 30 anos. Pesou na balança a posição irredutível da esposa de Paulo Octávio, Ana Cristina, neta de Juscelino Kubitschek, e a opinião dos quatro filhos. A decisão foi tomada nos Estados Unidos, onde Paulo Octávio passou o fim de ano com a família. E foi comunicada ao presidente nacional do DEM, deputado Rodrigo Maia (RJ).

Com isso, o sistema de poder que administra o Distrito Federal, cujo vértice era composto pelo governador José Roberto Arruda e o vice Paulo Octávio, está praticamente fora da disputa de 2010. É praticamente impossível uma recomposição das forças políticas que sustentam o atual governo com o ex-governador Joaquim Roriz (PSC), que é candidato ao Palácio do Buriti. Tanto Arruda, que luta para chegar ao final do mandato, como Paulo Octávio, em vias de abandonar a política, atribuem a Roriz a responsabilidade pelas denúncias feitas pelo ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa.

Búzios

Nos bastidores das investigações realizadas sob sigilo de Justiça, muita água ainda vai rolar. O próximo a desistir de disputar as eleições de 2010 pode ser o ex-governador Joaquim Roriz , em cuja administração teria se iniciado o suposto esquema de cobrança de propina de fornecedores que teria irrigado o “mensalão” da Câmara Legislativa. Roriz não teria o corpo fechado para enfrentar os desdobramentos das investigações.


Sucessão

Com Paulo Octávio fora da disputa, o caminho ficou mais aberto para a coalizão que está sendo articulada pelo candidato do PT, Agnelo Queiroz (foto), já que o senador Cristovam Buarque, do PDT, pretende apenas renovar seu mandato no Senado. O petista explora a radicalização do confronto entre Arruda e Roriz.

Zunindo

A mosca na sopa de Agnelo, porém, parece ser o jovem deputado distrital José Antônio Reguffe (foto), que o PDT pretende lançar candidato ao Governo do Distrito Federal. Se Roriz desistir da disputa, a eleição seria um embate entre Agnelo e Reguffe.

Alambrado

Quem anda costeando o alambrado é o deputado Alírio Neto (PPS), presidente da CPI que investiga o escândalo de Brasília. Ex-secretário de Justiça do governo Arruda, deixou a administração por decisão da cúpula da legenda, mas se mantém na base governista na Câmara Legislativa. Sua atuação na CPI ainda é uma incógnita. Alírio sonha com os votos de Arruda, mas o PPS migrou para a oposição.

Portal

Os trabalhadores que quiserem se formalizar como pequenos empresários vão contar, a partir de 8 de fevereiro, com um novo sistema na internet, no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. O sistema poderá superar a meta de 1 milhão de trabalhadores formalizados como empreendedores até o fim deste ano.
O programa Empreendedor Individual estima os trabalhadores informais em 11 milhões

Irmãos/ O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), ainda não desistiu do apoio do senador Osmar Dias (PDT), que pretende concorrer ao governo do Paraná. O candidato do PSDB a governador é o prefeito de Curitiba, Beto Richa. O pedetista é irmão do senador Álvaro Dias, que pleiteava a vaga de
candidato tucano.

Fórum/ O Fórum Social Mundial (FSM) de 2010, que completa 10 anos, será descentralizado. Serão 27 locais espalhados pelo mundo. A abertura será em Porto Alegre, de 25 a 29 deste mês, mas haverá eventos em Gravataí, Canoas, São Leopoldo, Novo Hamburgo e Sapiranga. O presidente Lula e seus colegas Evo Morales (Bolívia), Mojica (Uruguai) e Fernando Lugo (Paraguai) já confirmaram presença. Candidatos à sucessão de 2010, Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PV) e Ciro Gomes (PSB) também.

Azebundsman/ Em relação à nota Bolsa, publicada ontem, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) esclarece que não está previsto reajuste do Bolsa Família neste ano. O governo repassará aos beneficiários mais de R$ 13,1 bilhões, mas lembra que o terceiro e mais recente reajuste do Bolsa Família foi de 10% e ocorreu em setembro de 2009. Deve-se a esse reajuste a ampliação dos recursos destinados ao Bolsa Família no Orçamento de 2010.

Imprevisível

No Chile, a eleição de amanhã é imprevisível. Eduardo Frei, candidato da Concertação, chega ao segundo turno empatado com Sebastián Piñera, candidato conservador, que venceu o primeiro turno.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Suplicy, o candidato


Por Luiz Carlos Azedo
luizazedo.df@dabr.com.br


O PT é um partido complicado. A cúpula da legenda trabalha nos bastidores para obrigar o senador Aloizio Mercadante (SP) a aceitar o sacrifício de concorrer ao Palácio dos Bandeirantes. Encabeça a missão o líder do PT na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP). Apesar do constrangimento, Mercadante recusa a tarefa. Pretende se reeleger ao Senado. Não quer tirar do baú o caso dos aloprados. Ao mesmo tempo, a cúpula petista trabalha para isolar e esvaziar a candidatura do senador Eduardo Suplicy (PT), reeleito em 2006 com 8,98 milhões de votos (47,82% dos votos válidos), que reivindica a vaga.

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Suplicy é rejeitado pelo Palácio do Planalto. O presidente Luiz Inácio lula da Silva não tem paciência para lidar com as idiossincrasias do senador paulista. Carismático, Suplicy é uma espécie de Dom Quixote na política paulista. Obstinado, ontem ligou para Vaccarezza para saber o porquê de o seu nome ser desconsiderado. Também falou com Mercadante, que confirmou o desinteresse na candidatura ao governo. Suplicy está em campanha aberta para obter as 2.970 assinaturas de que precisa para se inscrever nas prévias da legenda. Acredita contar com a simpatia de 61 dos 63 prefeitos petistas de São Paulo com quem falou. Os outros dois estão viajando.


Baralho

A propósito da disputa em São Paulo, a maior interessada na candidatura de Mercadante ao Palácio dos Bandeirantes é a ex-prefeita petista Marta Suplicy, que assim poderia concorrer ao Senado. O nome preferido de Marta, porém, é o do ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci. Para o grupo da ex-prefeita de São Paulo, o senador Eduardo Suplicy, seu ex-marido, é carta fora do baralho.

Bolsa

Lula pretende assinar na próxima semana o reajuste do Bolsa Família, que terá um orçamento de R$ 13,7 bilhões neste ano. Desde quando foi lançado, em 2003, o programa cresceu 307%. Atualmente, 12,4 milhões de famílias são atendidas pelo programa. Ou seja, 49,5 milhões de brasileiros, aproximadamente, 26% da população do país. Em termos brutos, o governo pretende injetar no Bolsa Família mais R$ 10,3 bilhões

Enem

O ministro da Educação, Fernando Haddad, quer de volta os R$ 37,2 milhões repassados ao Consórcio Nacional de Avaliação e Seleção (Connasel), vencedor da licitação para executar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) cancelado por causa do vazamento da prova. Os servidores do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) que pisaram na bola estão sob sindicância.


Digital

Servidores do Senado serão obrigados a marcar a frequência ao trabalho a partir de 1º de fevereiro, quando começará a funcionar o ponto eletrônico. O sistema utilizará sensores para identificar os funcionários pelas impressões digitais, evitando que um colega marque a presença do outro.

Marambaia

Um pescador descendente de quilombolas ganhou na Justiça a posse definitiva das terras que ocupa há 120 anos na Ilha da Marambaia, no litoral carioca, em área considerada de segurança nacional. Noventa famílias quilombolas serão beneficiadas pela decisão do Superior Tribunal de Justiça. Ocupam o lugar desde a abolição da escravatura, mas a Marinha ainda reivindica a propriedade das terras por meio da União, que entrou com uma ação de reintegração de posse contra os descendentes de quilombolas. Pedia, ainda, um salário mínimo de indenização por dia de permanência na área após a decisão.

Urgência

Líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR) anunciou que o Palácio do Planalto pedirá urgência na tramitação dos projetos do pré-sal, já aprovados na Câmara. A grande polêmica, mais uma vez, será sobre os critérios de partilha dos royalties do pré-sal.

Tintura/ A Câmara dos Deputados reservou R$ 24,7 mil para a compra de oito poltronas de barbeiro, revela o site Contas Abertas. Como o Senado, a Casa possui um salão para manter em ordem cabelo, barba e bigode dos deputados. O coiffeur funciona no subsolo do Anexo 4.

Caças/ Os tucanos resolveram barrar a compra dos 36 novos caças da Força Aérea Brasileira. Ontem, o deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) apresentou requerimento solicitando informações sobre o Programa FX2, o concurso para aquisição dos caças.

Na área/ A CPI que investiga os esquemas de corrupção no Governo do Distrito Federal aprovou requerimento convocando o ex-secretário do DF Durval Barbosa. Ontem, o homem-bomba foi visto circulando por Brasília.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Meirelles e o pós-Lula

Por Luiz Carlos Azedo
luizazedo.df@dabr.com.br


Nos 45 anos de existência do Banco Central, seu atual presidente, Henrique Meirelles (PMDB), é aquele que permaneceu mais tempo no cargo: já se vão sete anos. Nem mesmo Ernane Galvêas, Francisco Gros e Gustavo Loyola, que ocuparam a posição duas vezes, somam tantos anos naquela cadeira. Pois bem, Meirelles desistiu de concorrer ao governo de Goiás e foi instado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva a permanecer à frente do BC até o fim do mandato. Virou uma espécie de salvo-conduto para a candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff(PT), no meio empresarial, cotado, inclusive, para ser o vice na chapa da petista.

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O presidente do PSDB, Sérgio Guerra (PE), involuntariamente, fortaleceu o papel de Meirelles na sucessão de Lula. Anunciou que o governador de São Paulo, José Serra(PSDB), pretende mexer na política econômica, especialmente no câmbio flutuante. O tucano vem batendo na tecla de que o governo caiu numa armadilha macroeconômica, ao permitir a excessiva valorização do real, mas nunca falou em choque cambial. Como a memória dos agentes econômicos em relação ao câmbio fixo do primeiro mandato de Fernando Henrique Cardoso é de elefante, Meirelles virou avalista de que a atual política econômica será mantida por Dilma Rousseff (PT).

Esfriou// O III Programa Nacional de Direitos Humanos é um assunto que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer tirar do micro-ondas e colocar no freezer.

Farrapo

Na suposta crise militar no governo Lula, que não passou de uma trapalhada do secretário de Direitos Humanos, ministro Paulo Vannuchi, e do próprio presidente Lula, que assinou sem ler o decreto do III Plano Nacional de Direitos Humanos, quem saiu mais desgastado foi o ministro da Defesa, Nelson Jobim. Lula sempre soube das opiniões de Vannuchi, mas nunca imaginou que Jobim fosse liderar um pedido de demisssão coletiva dos comandantes militares. A crise está superada, mas no Palácio do Planalto o ministro da Defesa é comparado a Manoel Bento Ribeiro, antigo líder farroupilha.

Vice

A cúpula do PMDB deve se reunir na próxima semana para discutir a sucessão de Lula. O encontro foi acertado entre o presidente do Senado, José Sarney (AP), e o líder do PMDB na Casa, senador Renan Calheiros (AL), com o presidente da Câmara, Michel Temer (foto), de SP. Os dois tiveram um encontro com o presidente Lula no qual o vice de Dilma Rousseff (PT) entrou na roda, no eixo de uma operação para remover a candidatura do ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB), da disputa pelo governo de Minas. O cargo é reivindicado pela bancada do PMDB na Câmara para Temer.

Luz

Vem aí um aumento nas contas de luz. A diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) deve alterar os cálculos das tarifas de energia até o fim do mês. São Paulo e Paraná serão os primeiros estados a reajustarem as tarifas, a partir de fevereiro. O tema é polêmico, pois a CPI das Tarifas de Energia Elétrica da Câmara sustenta que as concessionárias cobraram muito mais do que deveriam. As cobranças indevidas chegariam a R$ 7 bilhões

Palanque

Conforme a coluna antecipou no sábado, o deputado Fernando Gabeira (foto), do PV, topou ser candidato a governador do Rio graças ao apoio do PSDB, do DEM e do PPS. A coligação o apoiou no segundo turno da disputa pela prefeitura do Rio. A chapa ao Senado seria composta por Cesar Maia (DEM) e Denise Frossar (PPS). O acordo foi articulado pelo ex-governador Marcelo Alencar (PSDB), a pedido do governador José Serra. Gabeira apoiará Marina no primeiro turno e Serra no segundo.

Colateral

Por determinação do Superior Tribunal de Justiça, a Polícia Federal está investigando as relações do ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa, que denunciou o chamado mensalão do DEM, com o ex-governador Joaquim Roriz (PSL). Dois dias antes de divulgar os vídeos com imagens comprometedoras do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, e de seus aliados, Durval foi flagrado pela PF, no Astra JHR 5650, entrando na casa de Roriz.

Memória/ Zilda Arns, que faleceu em missão de caridade no Haiti, está sendo referenciada no Congresso Nacional, mas o tratamento que lhe foi dado pela Câmara em 2001 foi lamentável. Indicada para integrar o Conselho da República pelo então deputado Rubem Bueno (PPS-PR), ficou na segunda suplência. Perdeu a vaga para o deputado Edmar Moreira (PR-MG), aquele do Castelo, que obteve 229 votos. O outro eleito foi o jurista Evandro Lins e Silva, com 113 votos. A primeira suplência ficou com o ex-deputado José Abreu (PTN-SP), com 97 votos.

Festa/ Empresários da construção civil e banqueiros estão rindo à toa. O crédito habitacional oferecido pela Caixa Econômica federal quase dobrou, chegando a R$ 45 bilhões em 2009. No ano anterior, foi de R$ 23 bilhões. Com esses números, o governo fomentou a geração de novos empregos e pôs os dois pés nas periferias das regiões metropolitanas com o programa Minha Casa, Minha Vida.

Continua/ Vice-líder da bancada do PPS, o deputado Arnaldo Jardim (SP) informa que trabalha para que o deputado Fernando Coruja (SC) continue no cargo pelo terceiro ano consecutivo. Coruja anda desiludido com a política e pensa em não se candidatar à reeleição.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

A nova classe nos aviões

Por Luiz Carlos Azedo
luizazedo.df@dabr.com.br


As companhias de aviação estão prevendo um crescimento de 18% no número de passageiros em 2010, ou seja, mais de três vezes o PIB projetado para este ano. Há uma mudança estrutural no mercado, com a ampliação da baixa classe média e do seu poder aquisitivo. Simultaneamente, houve o barateamento do transporte aéreo. Executivos da Gol e da Webjet, que hoje disputam passageiros nesse segmento, comemoram a mudança e apostam na expansão da aviação comercial.

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A Gol, que surgiu no mercado vendendo passagens pela internet, abriu uma agência de verdade no Largo 13 de Maio, em Santo Amaro, sudoeste de São Paulo, por onde circula 1 milhão de pessoas por dia, muitos das quais de origem nordestina. Concorrente direta, a Webjet não faz por menos: depois de instalar uma loja na Feira de São Cristóvão e outra em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, pretende abrir a terceira na Zona Sul do Rio. Nada de Ipanema ou Leblon — será na Rocinha. A chave para o sucesso é a venda programada de passagens para quem nunca viajou de avião, parcelada no cartão ou no crediário, em até 36 vezes, o que hoje já representa 10% do movimento de passageiros dessas empresas.

Aeroportos

Se não houver mudança no câmbio ou uma nova crise do petróleo, o céu é de brigadeiro para a expansão da aviação comercial. O problema fica em terra: os aeroportos já não suportam a expansão do número de passageiros e de aviões em operação. Não são apenas os passageiros que sofrem com as acomodações precárias nos aeroportos. Não há espaço nos balcões de embarque para as novas companhias, como a Webjet e a Azul, por exemplo. Falta lugar até para o pernoite dos aviões nos pátios dos aeroportos.

Passageiros

Segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), os voos atrasam menos: média de 11% no ano passado. Em 2007, os atrasos foram de 28,6%. Em 2008, de 17,5%. Segundo a Anac, foram 126 milhões de embarques e desembarques em 2009, o que representa quase 13 milhões a mais do que em 2008. Comparado com 2007, o acréscimo em dois anos foi de 15,4 milhões

Festança

O prefeito de Nova Iguaçu (RJ), Lindberg Farias, do PT, resolveu enterrar todas as diferenças com o governador Sérgio Cabral (PMDB) e prepara uma grande festa na Baixada Fluminense para anunciar seu apoio à reeleição do peemedebista. Avalia que isso vai ajudar a consolidar sua candidatura ao Senado, ameaçada pelas pretensões da ex-governadora Benedita da Silva (PT), que integra o secretariado de Cabral. Vai aproveitar uma das inaugurações de obras do PAC para incluir o evento na agenda do presidente Lula.

Anistias

A Comissão de Anistia do Ministério da Justiça julga, hoje, 16 processos de filhos de políticos perseguidos durante o regime militar. Entre eles estão os de Neusa, José Vicente e João Otávio, todos filhos do ex-governador Leonel Brizola. Quando crianças, os três tiveram que deixar o país e acompanhar o pai durante os exílios no Uruguai, Estados Unidos e Portugal. Também será julgado o processo de Luiz Carlos Ribeiro Prestes, filho do ex-secretário do PCB Luiz Carlos Prestes, além de Magnólia de Figueiredo e Cláudia Cavalcanti, filha e neta do líder comunista pernambucano Paulo Cavalcanti, acusado de subversão. Entre os casos a serem analisados estão também os de Adilson, Angela e Denise, que viram o pai ser morto a tiros e depois foram banidos do país, com a mãe, Damaris Oliveira Lucena, militante da VPR.

Guardião

O juiz federal Fausto De Sanctis, de São Paulo, autorizou a Polícia Federal a abrir mais 19 inquéritos para investigar obras públicas, pessoas e empresas. Além disso, foram encaminhados pedidos de abertura de investigação a várias pessoas que apareceram durante a fase de análise dos materiais colhidos durante a Operação Castelo de Areia. Pelo menos cinco procedimentos policiais estão relacionados a obras de grande porte em diversas partes do país.

Enchentes/ A bancada gaúcha no Congresso Nacional desembarcou ontem em Brasília acompanhada de 40 prefeitos para pedir a liberação de pelo menos R$ 300 milhões aos municípios atingidos pelas enchentes desta virada de ano. Liderados pelo deputado Beto Albuquerque (PSB-RS), foram recebidos pela secretária nacional da Defesa Civil, Ivone Valente, e o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Reinhold Stephanes.

Posse/ O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, desembarca hoje em Moçambique, representando o presidente Lula, para prestigiar a posse do presidente da ex-colônia portuguesa na África, Armando Guebuza (Frelimo), que foi reeleito. A Fiocruz vai instalar uma fábrica de remédios usados no tratamento da Aids em Moçambique, sua primeira unidade fora do Brasil.

Drogas/ A Argentina desistiu de lançar um candidato a secretário-executivo do escritório da Organização das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC). Ao mesmo tempo, enviou uma carta ao secretário-geral da ONU, Ban-Ki-Moon, apoiando para o cargo o secretário de Assuntos Legislativos do Ministério da Justiça, Pedro Abramovay.

Copa

A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff (PT), governadores e prefeitos de 11 estados e capitais e o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido), assinam hoje o caderno de encargos dos investimentos para a Copa de 2014.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Reformismo tardio

Por Luiz Carlos Azedo
luizazedo.df@dabr.com.br


O PT resolveu retomar a reforma do Estado no último dos oito anos de mandato do presidente Luiz Inácio lula da Silva, uma espécie de síndrome da tarefa irrealizada. O personagem símbolo dessa empreitada é o ministro Paulo Vanuchi, secretário de Direitos Humanos, que virou pivô de um confronto ideológico envolvendo as Forças Armadas, a Igreja, a imprensa, ruralistas e outros setores, inclusive da Esplanada dos Ministérios, contrariados pelo III Programa de Defesa dos Direitos Humanos. É uma colcha de retalhos que se propõe a regulamentar, via democracia direta — as conferenciais setoriais realizadas pelo país afora —, aquilo que o Congresso não teve massa crítica para fazer porque a democracia representativa pressupõe a construção de amplas maiorias.

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O problema é que essa coisa — a frustração reformista do PT — não para por aí. Por exemplo, os índios xavantes e de outras etnias incorporadas à sociedade brasileira pelo esforço do Marechal Rondon, dos irmãos Villas-Boas Correia, do clã dos Meirelles e outros indigenistas, sem falar de Darcy Ribeiro, estão acampados na sede da Funai, em Brasília, pintados para guerra. O órgão foi reestruturado por uma canetada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que extinguiu a maioria das delegacias regionais e centralizou o órgão em Brasília, atribuindo papel fundamental a Ongs que atuam no setor, controladas por militantes indígenas aculturados, com a suposta intenção de acabar com o paternalismo e emancipar os índios. Faltou combinar com os xavantes, potiguara, pankararu, karajá, tapirapé, apinajés, guarani etc.

Economia

Outra reforma que promete panos pra manga é a do Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência (Cade). O líder do PT, senador Aloízio Mercadante, de SP, apresentou cinco emendas ao projeto de reestruturação do Cade que havia sido aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça. Uma das emendas resgata o valor de R$ 400 milhões em faturamento anual bruto das empresas para que o Conselho investigue eventuais operações de fusão, incorporação ou associação de empresas; outra, define uma variação de 1% a 30% do faturamento das empresas como limite para aplicação de multa em casos de ações que resultarem em risco para a Defesa da Concorrência. As demais garantem poder de veto à Fazenda e à Justiça nas operações envolvendo empresas multinacionais e atrelam o órgão aos ministros.

Resistência

Na linha de resistência às exigências do ministro de Defesa, Nelson Jobim, e do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, para modificação do texto que cria a Comissão da Verdade, a Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República divulgou um arrazoado defendendo a “transversalidade” do PNDH-3 e todo o conteúdo do plano. A dúvida é se a nota tem o aval do presidente Lula ou foi mais um drible exagerado do ministro Paulo Vanuchi.

Mais

O senador Paulo Paim, do PT gaúcho, quer uma Comissão Especial, formada por senadores e deputados, para discutir e deliberar sobre a Consolidação das Leis Sociais (CLS), cujo objetivo é institucionalizar as atuais políticas sociais. O projeto está sendo preparado pelo governo federal para ser encaminhado ao Congresso. “Programas como o Bolsa Família, Prouni e Minha Casa, Minha Vida já fazem parte da legislação brasileira, mas outros foram criados por portarias e decretos e devem ser transformados em lei”, justifica.

Pauleira

O PT afia espadas para atacar o ex-governador Geraldo Alckmin(PSDB) na campanha eleitoral ao Palácio dos Bandeirantes. A cúpula da legenda comemorava o fato de o Ministério Público Estadual pedir à Justiça a condenação por improbidade administrativa da Alstom, de duas outras multinacionais – Bombardier e Consórcio Ferroviário Espanhol-Brasileiro (CAF) – e do ex-presidente da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), Mário Manuel Seabra Rodrigues Bandeira. O contrato da CPTM sob suspeita é de 1995, previa o fornecimento de 45 trens e recebeu seis aditamentos. O último, em 2005, teria sido superfaturado.

Parcelado

Câmara e Senado estão com grana em caixa para quitar a dívida com seus funcionários por conta ainda da antiga URV, a fórmula mágica que permitiu a implantação do real e o fim da inflação, no governo Itamar Franco. O TCU já pagou. No Congresso, o limite das parcelas para quem tiver valores altos a receber será de 15 mil

Precatórios/ A OAB e mais seis entidades entraram com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI 4357) pedindo a suspensão da eficácia da Emenda Constitucional nº 62/2009, que alterou o regime dos pagamentos precatórios. O ministro Ayres Britto, relator da ação, decidiu levar a ADI diretamente para o Plenário do STF e pediu informações a todos os tribunais de todo o País sobre os valores pagos em precatórios e requisições de pequeno valor.

Barbárie/ Do presidente da OAB do Rio de Janeiro, Wadih Damous, para o ministro da Defesa, Nelson Jobim: "Tortura e estupro não podem ser considerados crimes políticos. O dia em que a civilização aceitar estupro, tortura, espancamento como instrumentos da política será o fim da civilização como assim a conhecemos".

Azebundsman/ Sobre a nota “Guitarra”, publicada domingo, a assessoria de comunicação do Ministério da Fazenda nega declarações do secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Machado, em palestra no Itamaraty sobre falta de recursos. Afirma que o secretário esteve pela última vez no Itamaraty no dia 14 de maio de 2009.

NR: Quem deu a palestra em novembro foi Luiz Melin, atual chefe de gabinete do ministro da Fazenda, Guido Mantega. Ambos defenderam as mesmas teses.


Esquece

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cancelou a viagem a Guaribas (PI), onde teve início o programa Fome Zero, logo no começo do primeiro mandato. Não tem como ir à cidade por enquanto. Os indicadores sociais por lá continuam péssimos.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Leilão de caças

Por Luiz Carlos Azedo
luizazedo.df@dabr.com.br


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva quer fazer dessa história da compra dos novos aviões de caça da Força Aérea Brasileira (FAB) uma limonada. Já tomou a decisão de comprar os caças franceses, levando adiante uma parceria estratégica com a França. Acredita que isso pode resultar numa cadeira permanente para o Brasil no Conselho de Segurança da ONU, proposta reiterada pelo presidente francês, Nicolas Sarkozy. Lula está aproveitando a onda contra a decisão para forçar os franceses a baixar o preço dos aviões Rafale, da Dassault.

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Esse foi o recado dado pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, ao ministro da Defesa francês, Hervé Morin, quando Lula viajou para Copenhague. Jobim foi à França a pedido de Lula, acompanhado por ninguém menos do que o comandante da FAB, brigadeiro Juniti Saito. O vazamento do relatório técnico do projeto FX-2 foi uma reação dos engenheiros da Aeronáutica à preferência de Lula. Preferem o protótipo sueco Gripen NG, fabricado pela empresa Saab, porque participariam do desenvolvimento do projeto com a Embraer. A preferência dos pilotos, porém, é pelo F-18 da Boeing norte-americana. Na verdade, os “caçadores” queriam o caça russo Sukhoy 35, que foi desclassificado pelo comando da FAB. Era afronta demais ao lobby norte-americano.


Troca // O senador Álvaro Dias perdeu a queda de braço com o prefeito de Curitiba, Beto Richa, pela vaga de candidato ao governo do Paraná. Líder nas pesquisas, Beto conta com o apoio da cúpula da legenda. Dias, porém, luta pelo cargo de líder do PSDB no Senado, função exercida pelo senador Arthur Virgílio Netto (AM) desde 2003.

Micou

Até o lançamento do ambicioso Programa Nacional de Direitos Humanos, o presidente Lula andava prestigiado na caserna. No almoço de fim de ano, foi muito aplaudido por oficiais-generais do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. O Plano já virou um trem fantasma na Esplanada. Só falta Lula mandar rever tudo.


Colisão

O ex-lider do PT na Câmara Maurício Rands (foto) e o ex-prefeito do Recife João Paulo entraram em rota de colisão por causa da vaga do PT ao Senado, na chapa do governador Eduardo Campos (PSB). Rands conta com o apoio do ex-ministro da Saúde Humberto Costa (PT). A outra vaga de candidato ao Senado é do presidente de Confederação Nacional da Indústria (CNI), deputado federal Armando Monteiro (PTB).

Blindados

A Estratégia Nacional de Defesa tem amplo apoio no Exército, que comemora a reorganização e o reaparelhamento dos regimentos blindados do Sul do país, graças aos 250 tanques Leopard 1A5 BR , reformados e modernizados, comprados da Alemanha. Cada um custou 350 mil euros, ou seja, R$ 900 mil Cana-dura

A delegada Mara Toledo Piza deixa a diretoria de Inteligência Policial para assumir a Superintendência da Polícia Federal em Brasília. Na próxima semana, assume o lugar de Disney Rosseti, também da área de inteligência, que vai dirigir a Academia Nacional de Polícia (ANP). Atual diretor, Anisio Soares Vieira será o novo adido policial na Venezuela. Mara será a segunda mulher a comandar a PF no Distrito Federal; a primeira foi a delegada Valquíria Teixeira de Andrade.

Vice

A cúpula do DEM se articula para disputar a vice do governador de São Paulo, José Serra, na chapa da coalizão PSDB-DEM-PPS. O novo nome na cartola é o do primeiro-secretário do Senado, Heráclito Fortes, cardeal da legenda no Piauí, que mantém excelentes relações com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Quem não está gostando da conversa é o líder da bancada no Senado, José Agripino Maia (RN).

Guitarra/ O Tesouro inicia 2010 com recursos extras para enfrentar eventuais turbulências no mercado financeiro por causa da campanha eleitoral. Tem caixa para pagar os títulos públicos que vencerão nos próximos seis meses. Recentemente, durante palestra no Itamaraty, o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Machado, disse que não há hipótese de faltar dinheiro em caixa: se for preciso, a Casa da Moeda põe a guitarra pra tocar.

Paredão/ Quem quiser que se iluda: o presidente da Câmara Legislativa, Leonardo Prudente (sem partido), aquele que foi flagrado colocando dinheiro nas meias, não deixará o cargo por moto próprio. Ergue uma espécie de bunker de proteção para o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda. Prudente pretende engavetar qualquer tentativa de impeachment.

Campanha/ A boa performance de Dilma nas pesquisas realizadas em algumas cidades baianas foi o assunto do jantar do presidente Lula com o governador Jaques Wagner (PT), na residência da Marinha, na base naval de Aratu, onde o chefe do governo passou o fim do ano. O governador baiano não quer saber de dois palanques.

Cartórios/ Três anos após sua realização, o concurso para cartórios extrajudiciais de Santa Catarina caiu na malha fina. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, deve enviar denúncia de tráfico de influência e suspeita de nepotismo envolvendo membros do Judiciário local ao Supremo Tribunal Federal. A posse dos novos cartorários está prevista para o próximo dia 20.